Prémios Amadora BD 2017: O Desprestígio da Amadora

Existem prémios que prestigiam, outros só trazem desprestigio a quem os vence devido às anomalias recorrentes.

Continuamos a atribuição do prémios Amadores da BD com mais meia dúzia de vencedores.

Os prémios ABD 2017 eram para ser textos meio sarcásticos a ironizar com a situação, mas vou abster-me de publicar alguns que tinham piada, limitando-me aos mais relevantes. Existem que já estão a ficar alarmadas e um pouco saturadas. Por isso vou começar isto mais a sério, cingindo-me ao essencial, embora vá continuar temperar os textos com algum sarcasmo.

Contudo aconselho as almas mais sensíveis a tomarem um calmante ou irem beberem um copo, porque vou continuar  a pegar fogo ao circo! Este ano foi um disparate completo, um verdadeiro festival.

Prémio Desprestígio

Prémios Nacionais de Banda Desenhada (PNBD).

Os prémios é suposto valorizarem o trabalho dos autores, os PNBD começam a ser prémios que desprestigiam os autores derivado às situações anómalas que se verificam todos os anos. Sendo que este ano desde as nomeações até à entrega dos prémios foi tudo uma enorme anomalia.

Para os prémios prestigiarem é necessário existir critérios uniformes. Nomear um autor para uma categoria quando este não cumpre os critérios, não o prestigia antes pelo contrário. Uma situação que é mais desprestigiante ainda quando é um autor que tem qualidade indiscutível e é transformado num autor que só é nomeado devido a favores do júri.

A constante falta de critério é algo que afecta o prestígio que o prémio devia ter, afecta a credibilidade do autores que são nomeados e daqueles que são os vencedores seja no presente, no passado ou no futuro.

Prémios só têm prestigio se premiarem os autores com base em critérios de qualidade, em vez de serem prémios aleatórios que só reflectem o gosto pessoal do júri, sem terem em conta outro critério de qualidade, sejam as questões de virtuosismo e competência técnica ou mesmo os critérios de formato e ano de edição.

As constantes polémicas e falta de critério que acontecem todos os anos não prestigia ninguém. É natural existirem polémicas em prémios, aquilo que sucede nos PNBD não é normal, em particular devido ao peso excessivo que os prémios têm no festival.

Prémio Coleccionador

Júri dos PNBD por todas as novidades que adicionam às sua colecções à conta das editoras nacionais. Eu não sei se este ano o Marcos enviou álbuns ou não, creio que saber isso agora já é completamente irrelevante, já é do conhecimento público que o envio de livro só é necessário para alguns, porque as normas assim o permitem, por isso parece-me claro que enviar livros só  serve para compor a colecção do júri e contribuir para exposição de livros que o festival organiza.

Premio Já Dei Para Esse Peditório

Filipe Melo por ter desistido do festival. Se não sabem eu conto, não é segredo, são afirmações á foram feitas em locais públicos, conversas de Facebook, o Filipe Melo não pretende voltar a estar presente no AmadoraBD ou voltar a enviar livros para os PNBD.

Mesmo sem saber os detalhes, é fácil de compreender porquê, basta saber o modo como o festival trata os autores nacionais: é mau, incompetente e demonstra uma total falta de respeito pelos mesmo.

No caso dos PNBD vou só relembrar que ele teve de pedir para ser retirado de um lista de nomeados onde o tinham colocado, apesar de não cumprir os requisitos. O trabalho não tinha sido editado no ano que os prémios se destinavam a premiar, tinha sido no ano anterior aquele que seria premiado. O júri não se lembrou de verificar a data de edição. O júri dos PNBD, onde a única constante é Nelson Dona, tem o hábito de não demonstrar competência para consultar a ficha técnica de um livro – para verificar se foi editado no ano correcto – ou para saber a diferença entre uma antologia, um fanzine, uma história curta e um álbum.

Prémio Sempre a Bombar

Pedro Moura por ser um verdadeiro homem da renascença. Eu sei que o Francisco também anda sempre a bombar mas tu mereces o prémio! Quem reduz o Pedro Moura a um mero crítico de BD, mesmo nas situações em que o apresentam como sendo o supra-sumo da crítica nacional, está desprestigiar uma das mais prolíferas e multifacetadas personalidades do panorama bedófilo.

Para além de críticas o Pedro é também argumentista, comissário de exposições, membro de júris, editor de fanzines, dirigente associativo, tradutor… até de Marvel. Alguém sabe quantos em quantos projectos é que ele esteve envolvido que foram nomeados/premiados nos PNBD, dos quais foi júri? É que que eu contei uma meia dúzia nos nomeados, mas não sei se existe mais.

Não haja dúvida, isto é sempre a bombar, sempre a facturar. Afinal, só os autores é que não precisam de ser remunerados, devem manter a pureza “autoral” e não podem ser mercenários.

Prémio Tens Razão

Marcos Farrajota pela frase: “Os prémios da Amadora são uma grande confusão”. Agora não existe maneira de o negar, afinal não existe memória de algo como as nomeações deste anos ou da cerimónia de entrega dos prémios deste ano. Eu só tenho uma dúvida, agora que a Amadora anda a contribuir para a facturação e promoção da Chili, ele ainda mantém a mesma opinião?

Prémio Cego, Surdo e Mudo

Para todos aqueles que ficaram calados este ano, porque as nomeações não os afectavam. O júri, escolhido por Nelson Dona, têm responsabilidades nas polémicas pelo modo opaco e falta de critério que é visível nos PNBD, contudo os autores e editores também partilham uma cota parte no desprestígio do prémio. Os autores e editores só se preocupam com os PNBD quando não são nomeado ou não vencem os prémios, porque em outras circunstâncias estão calados. Este ano existiu mesmo exemplos de falta de critério.

Eu sei que, infelizmente, os dois nomeados que não cumpriam os critérios para serem nomeados são dois autores que a generalidade das pessoas aprecia, são autores com talento e qualidade, para além de serem tipos porreiros… agora, os prémios devem reger-se por critérios claros. O debate sobre os prémios deveria ter com base os critérios e não questões menores tipo “eu sou bom, eu devia ter sido nomeado”.

Eu sei que não é agradável dizer que não merecem, porque eles são bons, eu também não achei muita piada a ter de dizer. Agora o prémio de melhor desenho para álbum deve ser para quem desenha um álbum para o mercado português. Quem trabalha no mercado estrangeiro colhe as recompensas de lá trabalhar, começando pela remuneração e terminando em eventuis prémios que são atribuídos nesses países.

Faz sentido existir uma categoria para premiar os desenhistas que trabalham no exterior, mas deve ser uma categoria à parte. Já existiu essa categoria, embor mal estruturada, este ano apesar de estar prevista nas normas o júri não efectuou nomeações, embora existisse um número elevado de autores que podiam ser nomeados.

Quem não falou sobre os conflictos de interesses do Pedro Moura – o qual, volto a frisar, tinha projectos em que esteve envolvido nomeados em pelo menos cinco categorias – não deve voltar a por em causa outras pessoas, em particular o autor em destaque no festival.

A única situação (regular) em que o festival paga aos autores nacionais é quando fazem o cartaz do festival, fazer parte do júri está incluído nas “funções” do autor em destaque.

Prémio Já Acabou?

Pedro Mota por ter pensado que o pior já tinha passado com a publicação do artigo sobre a incompetência e falta de critério dos PNBD. Lamento informar-te Pedro, mas a procissão ainda só vai no adro. Este ano vamos ter polémica a sério!

Pequenos apontamentos

Quem quiser que remova imagens ou textos, por não gostar da utilização efectuada ou do conteúdo ou visados, é melhor enviar uma notificação judicial com o fundamento legal remoção dos conteúdos visados. Eu não ando aqui para fazer favores. Também creio que já deveria ser desnecessário dizer que o que eu escrevo reflecte única e exclusivamente a minha opinião e não ando a mandar recados em nome de ninguém.

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