A Magia da Flor da Sabedoria em Astérix e o Lírio Branco

A aldeia gaulesa mais famosa e intrépida do mundo da BD está de volta numa nova e empolgante aventura Astérix e o Lírio Branco.

Astérix, o pequeno guerreiro gaulês com um bigode irrefreável e um elmo com asas, é um nome que ressoa no coração de muitos amantes de banda desenhada. No entanto, sua criação e imenso sucesso tiveram um começo humilde e incrivelmente criativo.

René Goscinny e Albert Urdezo

René Goscinny e Albert Uderzo, os pais desta icónica figura, enfrentaram o desafio de criar uma série de BD que celebrasse a cultura francesa e fosse totalmente original. O resultado? Nada menos que “As Aventuras de Astérix”, que estreou em 1959 no primeiro número da revista Pilote.

A criação do mundo de Astérix foi fruto de uma sessão de brainstorming que se tornaria lendária. No apartamento de Albert Uderzo, René Goscinny lançou a pergunta crucial: “Diz-me lá os períodos mais marcantes da História de França.” A resposta de Uderzo, mencionando a Gália e os Gauleses, foi a centelha que deu origem a uma das séries de banda desenhada mais amadas e duradouras de todos os tempos.

Em apenas duas horas, as bases do universo de Astérix foram estabelecidas. A história da Gália ocupada pelos romanos, a poção mágica, os jogos de palavras e as sibilinas citações latinas que acompanharam as aventuras dos heróis foram cuidadosamente planejados nessa reunião, resultando em um sucesso que ainda cativa gerações.

Hoje, após mais de seis décadas, Astérix continua a ser uma figura icônica da cultura francesa, não apenas nos quadrinhos, mas também em filmes de animação, videogames e até mesmo parques temáticos.

Os Novos Autores de Asterix

O 40º álbum da série, intitulado Astérix e o Lírio Branco, é uma demonstração do legado duradouro que a criação de Goscinny e Uderzo deixou. Este álbum é um exemplo de como a série continua a evoluir com o passar dos anos, mantendo-se fiel às suas raízes, mas incorporando elementos contemporâneos que atraem tanto os fãs antigos quanto uma nova geração de leitores.

Os autores do 40º álbum são Fabrice Caro, também conhecido como FabCaro, e Didier Conrad, dois talentos notáveis no mundo da banda desenhada. FabCaro é um romancista e autor de banda desenhada conhecido por sua obra prolífica, incluindo Zaï zaï zaï zaï e Le Discours. Sua habilidade em misturar humor absurdo com sátira social trouxe um toque único ao universo de Astérix.

Didier Conrad, por sua vez, é um desenhador cuja carreira na banda desenhada começou em 1978 com “Jason”. Sua colaboração com Yann resultou na criação de séries marcantes como “Les Innommables”. Desde 2013, ele se tornou o ilustrador oficial de Astérix, com Astérix e os Pictos, trazendo uma nova vida e dinamismo ao mundo dos gauleses.

Palavreadus: um amigo que só quer o bem do próximo!

Em Astérix e o Lírio Branco, os autores, Fabcaro e Didier Conrad, levam-nos mais uma vez a uma viagem ao mundo antigo, repleto de comédia, astúcia e lições valiosas, desta vez centradas em torno de uma flor muito especial: o lírio branco.

A escolha do título, como explicado por Fabcaro, é uma homenagem ao espírito dos criadores originais, Goscinny e Uderzo, que frequentemente enraizavam os temas de suas histórias em objetos físicos ou figuras emblemáticas. O lírio branco neste contexto se torna um símbolo de bondade e plenitude. Mas este não é um lírio comum; é o nome de uma nova escola de pensamento positivo que se espalha desde Roma até a distante Lutécia. Os exércitos romanos, que estão desmotivados, veem no método do Lírio Branco uma forma de revitalizar sua moral, especialmente nas batalhas contra a aldeia gaulesa indomável.

Entretanto, essa nova escola de pensamento também influencia os habitantes da aldeia gaulesa. Alguns caem sob seu feitiço, enquanto outros resistem e desconfiam. E, no centro dessa reviravolta, está o médico-chefe dos exércitos de César, Palavreadus.

 Palavreadus é um personagem complexo que, como seu nome sugere, é um mestre em falar muito e dizer pouco. Ele tem uma personalidade encantadora e um objetivo claro: ganhar renome perante César e difundir seu método em todo o mundo, mesmo que isso signifique subjugar a última aldeia gaulesa que ousa desafiar o domínio romano.

Inicialmente, Palavreadus, médico-chefe dos exércitos de César, chamava-se Bibliobus.
Mas os autores cedo concluíram que este nome não refletia a sua verdadeira personalidade.

Didier Conrad, o ilustrador, nos conta como ele criou o visual único de Palavreadus, inspirando-se em figuras como Bernard-Henri Lévy e Dominique de Villepin. Palavreadus é um personagem cativante, com uma aparência charmosa e uma aura intelectual, que adiciona uma dimensão fascinante à história.

Pesquisas iniciais
Algum progresso
Resultado final

A influência do Lírio Branco, e a consequente transformação dos romanos e dos habitantes da aldeia, é o cerne da história. Exercícios físicos regulares, uma alimentação mais saudável e a resolução pacífica de conflitos são alguns dos princípios dessa nova filosofia que Palavreadus prega. Mas as mudanças nem sempre são bem recebidas, e a aldeia se vê às voltas com dilemas e conflitos pessoais que vão além do confronto com os romanos.

O lírio branco: uma flor muito esp O lírio branco: uma flor muito especial

Para entender a importância do lírio branco nessa história, é fundamental explorar a história e o simbolismo dessa flor. O lírio é uma flor que remonta ao período Cretácico, com uma história que se estende por 80 milhões de anos.

Lírio branco

Ele desempenhou um papel significativo na mitologia egípcia, associado principalmente ao deus Hórus. Na antiguidade, havia diversas variedades de lírios, incluindo a branca, que era amplamente usada pelos gregos e romanos. No século VI, Clóvis, rei dos Francos, adotou o lírio como símbolo, o que eventualmente deu origem à famosa flor-de-lis.

O lírio branco, ao longo da história, foi associado a diversas virtudes, incluindo sabedoria, fidelidade e coragem. Nas poesias, era frequentemente usado como símbolo da mulher amada. Além disso, o lírio era conhecido por suas propriedades terapêuticas e era usado em remédios naturais.

Em Astérix e o Lírio Branco, a flor se torna um símbolo central, não apenas como parte do título, mas também como um elemento essencial da trama. O lírio branco representa não apenas uma flor, mas toda uma filosofia de vida que desafia os gauleses e os romanos de maneiras inesperadas.

A obra também nos apresenta a dinâmica entre os personagens, especialmente a relação entre Matasétix e Boapinta, que são afetados pelas mudanças trazidas pelo Lírio Branco. Os autores abordam de maneira única as crises conjugais, explorando a vulnerabilidade dos personagens de uma forma que é tanto universal quanto moderna.

Astérix e o Lírio Branco é mais uma adição brilhante à série de quadrinhos de Astérix. Os autores nos presenteiam com uma história envolvente que explora o impacto do pensamento positivo e do Lírio Branco, enquanto nos fazem rir e refletir sobre as complexidades da vida e dos relacionamentos.

É uma jornada que nos lembra que, mesmo em tempos desafiadores, o poder da amizade e da resiliência pode superar qualquer obstáculo. Portanto, prepare-se para se encantar e se divertir com as aventuras dos irreverentes gauleses em sua luta contra os romanos, com um toque especial do Lírio Branco.

Astérix: O Lírio Branco

Texto: Fabcaro

Desenho: Didier Conrad

48 páginas

Capa dura

21,8 x 29 cm

11,50€

À venda a partir de 26 de Outubro

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