O mercado norte-americano estava em manifesto destaque, como o evidenciava o tema escolhido para o evento: “Super-heróis para o Século XXI”. O tema central refletia-se não só em termos de exposição, mas também ao nível do catálogo do Festival, que passou a ser uma obra de referência fundamental.
A existência de um tema central era uma das grandes novidades do AmadoraBD, que mudava de director, estreando Nelson Dona na sucessão a Luís Vargas.
Pode dizer-se que 2000 marcou a estreia do actual modelo do AmadoraBD, com um tema central, um autor português em destaque responsável pela linha gráfica, e mostras ligadas aos prémios da edição anterior ou a novidades editoriais, sem perder de vista a vertente internacional.
Ainda assim, o AmadoraBD de 2000 representou uma celebração verdadeiramente singular, num duplo sentido. Desde logo, pela forma como procurou aproximar a banda desenhada de outras formas de linguagem, rompendo com a separação rígida da edição 1999. A exposição de animação americana na Fábrica, a mostra de BD de Piracicaba nos Recreios, os debates com Pennac, Yoichi e Megumu contribuiram para esta aproximação, com reflexos, por exemplo, ao nível do sucesso da edição 2000 do Festival CinemAnimação, que pareceu muito mais integrado. Por outro lado, estiveram presentes diferentes culturas com muita força e interesse. O eixo Portugal – Brasil – Estados Unidos – Japão – França / Bélgica afirmou-se como a fórmula do êxito.
A Fábrica da Cultura apresentava-se verdadeiramente compartimentada, numa solução que não permitia a visão de conjunto mas garantia uma maior força individual a cada mostra. Em relação ao ano anterior, sentia-se uma valorização no conjunto das exposições com uma presença mais abrangente no que respeita a cenografia (embora, mais uma vez, a mostra dedicada à obra do autor português responsável pela linha gráfica – no caso, João Fazenda – se evidenciasse).
A mostra de balanço dos Super-Heróis do Século XX, comissariada por João Paulo Paiva Boléo e Jerry Robinson, era à partida a mais arriscada porque não é, como se calcula, fácil arranjar os originais das grandes obras de um género tão representativo, resultava muito eficaz com o complemento de publicações e reproduções. Entre as grandes revelações expostas contavam-se ainda a colectiva de animação, a mostra de Civiello, ou o pato inédito de Lourenço Mutarelli. Depois, havia apostas que estavam ganhas à partida, como Dave Gibbons ou Angeli (ambos presentes na Amadora). O conjunto das exposições fazia a celebração da ilustração segmentada de sentido narrativo: da BD à animação, passando por zonas de fronteira com a ilustração, como o espaço de Mac McGill. McGill trabalha em ilustração, e vive em Manhattan, Nova Iorque.
O troféu para o Melhor Álbum Português distinguiu Eduarda, de Miguel Rocha (Edições Polvo / Bedeteca de Lisboa). O troféu para o Melhor Álbum Estrangeiro publicado em Portugal distinguiu A Mosca, de Lewis Trondheim (Witloof).
O Troféu Honra distinguiu Augusto Trigo.