Razões para ir ao AmadoraBD: Kong The King

Se houvesse uma regra que só me permitisse trazer um único livro do AmadoraBD 2015, trazia Kong the King.

Apesar de estar por lá a promover um livro meu, apesar da grandiosa entrega de Louro & Simões no regresso de Jim del Mónaco, apesar dos brilhantes novos livros com a assinatura de André Oliveira, apesar dos novos livros de autores que sigo (como David Soares ou Francisco Sousa Lobo), apesar da bela reedição de O Baile, e apesar de outras novidades de relevo (de autores portugueses ou estrangeiros).

Kong the King, para além de ser, enquanto objeto, um livro muito bonito e cuidado (com um preço muito razoável para o que é), tem um conteúdo que nos recorda exatamente o que é a linguagem da banda desenhada, e porque é que gostamos de ler BD (sim, porque apesar de ser uma história sem palavras, Kong the King é uma história para ser lida).

O livro tem lançamento no AmadoraBD, às 15 horas do dia 31 de Outubro, seguindo-se sessão de autógrafos com o autor Osvaldo Medina.

Osvaldo Medina nasceu em Angola em Novembro de 1973. Vive em Portugal desde pequeno, mas é cabo-verdiano de nacionalidade. Completou o Curso Técnico-Profissional na área de Desenho. Foi, durante algum tempo, um segredo bem guardado no mundo da animação.

Na BD, os três álbuns de Em Busca da Vida não passaram da edição-protótipo. Quando passou a ser um segredo da BD na posse de Pepedelrey, e juntos realizaram A Tua Carne é Má, também não se viu publicação, apesar da exposição de originais no 4.º Festival de Beja.

O segredo passou então para Nuno Duarte, e juntos realizaram A Fórmula da Felicidade (dois volumes, atualmente esgotados, com originais em venda no AmadoraBD, aguardando-se uma reedição). Seguem-se trabalhos em colaboração com três outros respeitados argumentistas de banda desenhada: David Soares (Mucha), Mário Freitas (Super Pig: Roleta Nipónica) e André Oliveira (Hawk), regressando à colaboração com Nuno Duarte numa das histórias que integram a antologia Crumbs. Kong the King assinala uma estreia como autor completo que deixa exposto o ponto a que tantas vezes não chegam as melhores das colaborações: o da perfeição narrativa em banda desenhada.

Como sintetizou Mário Freitas num depoimento recolhido num catálogo do AmadoraBD de há alguns anos, “O Osvaldo é um dos melhores narradores visuais que já vi, em Portugal ou em qualquer parte do mundo. As páginas dele têm uma composição limpa, cristalina, que não deixam qualquer réstia de dúvida na mente do leitor – a não ser que seja essa a intenção do argumentista. O background de animação, mais uma vez, deu-lhe uma solidez notável em termos de movimento e de naturalidade da expressão corporal e facial das personagens, que parecem pessoas, movem-se como pessoas e reagem como pessoas, mesmo quando transfiguradas em qualquer animal selvagem. Finalmente, é de uma versatilidade notável.”

Falta dizer que Kong the King é uma BD muda verdadeiramente universal, susceptível de ser apreciado da mesma forma por leitores europeus, americanos ou asiáticos.

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