Marcelo D’Salete, autor brasileiro de banda desenhada, esteve em Lisboa a 15 de Maio para participar numa sessão dedicada a esta área no encontro “Outras Literaturas”, integrado no programa “Próximo Futuro” deste ano, promovido pela Fundação Calouste Gulbenkian e com moderação de Pedro Moura.
A Polvo aproveitou a ocasião para anunciar a edição de “Cumbe”, um notável e elogiado trabalho de D’Salete sobre o período esclavagista no Brasil do séc. XVII.
Cumbe, a palavra banto que dá nome à obra, é rica em significados: é o Sol, o dia, a luz, o fogo e a maneira de compreender a vida e o mundo. É, também, sinónimo de quilombo, a palavra que no Brasil quer dizer “esconderijo no mato onde se refugiavam os escravos”. São precisamente os escravos negros os protagonistas destas histórias – algumas delas inicialmente inspiradas em documentos históricos – nas suas lutas de resistência contra a opressão esclavagista no Brasil do séc. XVII, contra o sistema de trabalho forçado, demonstrando as tensões intrínsecas de uma sociedade amplamente pautada pela violência.
Depois de três livros publicados, exposições colectivas no Brasil, Portugal e Angola, e participações em revistas como a Front, Graffiti, Ragu, Stripburguer (Eslovénia) e Suda Mery k! (Argentina), “Cumbe”, a quarta obra a solo do autor, foi considerada uma das melhores bandas desenhadas editadas em 2014 no Brasil.
O livro reúne 168 páginas a preto pelo preço de 14,90€ e tem distribuição comercial prevista para Junho/Julho.