Cadernos AmadoraBD

Ao fim de 25 anos, não parece que continue a ser exigível que a Amadora se substitua a autores e editores na criação de uma aparência de mercado.

O projeto da Amadora em torno da banda desenhada não deve, em regra, passar pela edição de novas obras. Esse papel compete às editoras.

E não deve passar, em regra também, pela criação de novas oportunidades de edição, incluindo a obtenção de apoios. Esse papel compete aos autores.

Naturalmente, estas regras devem admitir uma exceção fundamental, que respeita à promoção da banda desenhada local.

Não percebo o que é que falta para fazer uma publicação regular (eventualmente anual), uma espécie de “Cadernos AmadoraBD”, de promoção dos autores nascidos ou residentes na Amadora. Vivo na Amadora há quase vinte anos, e as únicas experiências que conheço de publicação de BD com a cidade da Amadora como base de trabalho são o álbum de 1996 “Síndroma de Babel”, e o “Levem-me nesse Sonho!” de José Ruy. Não conto aqui com a menção à cidade ou ao festival em obras de autores estrangeiros que visitaram o AmadoraBD (como sucedeu com Lourenço Mutarelli), nem com histórias ou colaborações internacionais que tiveram origem na Amadora (Dave Gibbons com Rick Veitch, ou Lewis Trondheim com Mathieu Sapin).

A falta de uma publicação regular ligada à cidade tem impedido que a identidade da Amadora passe também para uma certa forma de fazer BD, e que haja mais personagens de BD da Amadora, ou mesmo um estilo caraterístico da cidade. É que a Amadora também está nos seus autores: Carnott Júnior, Jorge Miguel, José Garcês, José Ruy, ou Relvas. E a história da Amadora também assenta na memória de gente já desaparecida com forte ligação à cidade, como António Cardoso Lopes ou Sam. E há ainda que contar com autores que, num determinado período das suas vidas (em que estiveram muito ligados à BD), residiram na Amadora, como Luís Louro.

Uma tal publicação poderia inclusivamente ser o veículo para a edição dos trabalhos premiados nos concursos promovidos pelo AmadoraBD.

Aliás, passando a uma sugestão concreta (na óptica de concretizar isto sem quaisquer custos acrescidos), tal publicação poderia coexistir no espaço do catálogo do AmadoraBD, ocupando-lhe cerca de 64 páginas (incluindo os vencedores dos concursos, que teriam de se realizar mais cedo para permitir a inclusão dos trabalhos premiados na publicação), e permitindo que o catálogo se concentrasse sobretudo na informação que, verdadeiramente, vai além do Programa do evento, sobretudo nos aprofundados estudos que em cada edição do AmadoraBD têm sido publicados a propósito do tema central, e nos textos de desenvolvimento sobre o autor português em destaque (que até podia passar a contribuir com um apontamento em BD sobre a Amadora) e a entidade ou individualidade distinguida com o Troféu Honra.

A seleção de conteúdos da parte da publicação de BD ligada à Amadora (preferencialmente histórias curtas de BD – inéditas ou previamente publicadas noutros suportes -, e textos de enquadramento, mas admitindo outro tipo de conteúdos) pode manter-se sob a responsabilidade de quem dirige e coordena o catálogo do AmadoraBD.

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