Em termos de calendarização, o Festival propunha um tema para cada dia (inauguração; Dia da Amadora; Encontro de Festivais; Dia dos Autores Portugueses; Dia da Bélgica; Dia da Meribérica; Dia dos EUA; Dia de Cabo Verde; Dia da França; Dia do Fanzine; Dia da Espanha; Dia do Cartoon; Dia da Asa; Dia da BD como Arte Gráfica; Dia do Lançamento Comercial do Livro “Levem-me Nesse Sonho – História da Amadora em Banda Desenhada”, e Dia do Fecho).
Com a presença tutelar do ‘Hórus’ de Bilal, o leque de exposições patentes na Fábrica da Cultura demonstra bem o enorme salto verificado entre as edições de 1991 e 1992.
Entre as exposições individuais, destaque obrigatório para o percurso louco da Eurogotlibland, que marca o início da colaboração com o Festival de Angoulême, para a selva de ‘Jim Del Monaco’, para o universo de “Lucky Luke” (com saloon e muitas personagens), o percurso histórico da cidade da Amadora (a partir do trabalho de José Ruy), o mundo de “Michel Vaillant”, e as “Crónicas Incongruentes” de Prado (com autocarro incluído). Com direito ainda a exposição individual, estiveram Luís Diferr, Fernando Tito e Rui Abrantes, Jerry Robinson (uma exposição bem identificada pela silhueta de Batman) e Maria Luísa Queiroz.
No cartoon, tiveram destaque em exposição António, Pedro Palma e Carlos Laranjeira. Entre as exposições colectivas, destacavam-se duas mostras dedicadas a produção de jovens (jovens europeus e jovens cordoveses), e a mais ambiciosa “Ça, c’est la France!”. Num tipo de exposição de que o Festival se veio progressivamente afastando (com honrosas excepções), mostrou-se a obra de Rafael Bordalo Pinheiro, e de Francisco Valença. Referência ainda para “Perturbações”, “Era Uma Vez” e “Little Nemo”. Astérix marcava presença num espaço dedicado aos mais jovens.
Apesar da presença na Amadora de (um regressado) Morris (distinguido com o Troféu Honra), de Miguelanxo Prado ou de Jerry Robinson, há que destacar um verdadeiro campeão junto do público: Jean Graton, o “pai” de Michel Vaillant. Outros convidados internacionais foram Jean Annestay, Marvano (Mark Van Oppen), René Sterne e a cabo-verdiana Maria Luísa Queirós. Marcel Gotlib, que confirmou a presença até muito perto do início do Festival, acabou por ser o grande ausente.
A presença maior entre os autores nacionais foi uma vez mais José Ruy, mercê, sobretudo, do merecido destaque conferido a “Levem-me nesse Sonho!” (um dos dois álbuns do autor publicados por ocasião do Festival). Verdadeiramente integrado no espírito do Festival, José Ruy escreveu, já decorrido o evento, nas páginas de ‘O Bedelho’: “Foi bonito ver esta família criada neste Salão, unida já para sempre, pelo menos na memória viva de todos quantos como eu tivemos a felicidade de assistir a este acto de amor ao trabalho, à BD, à cultura”.
Os prémios atribuídos pelo festival multiplicaram-se, com A Moura Cassima, de Augusto Trigo e Jorge Magalhães, a inaugurar o Troféu para o Melhor álbum Português, e Fulú, de Eduardo Risso e Carlos Trillo, a inaugurar o Troféu para o Melhor Álbum Estrangeiro Editado em Portugal.