O fim das revistas da Panini e a estranha vida da Marvel em Portugal

Chega ao fim mais um capítulo da saga da publicação dos heróis Marvel.

O mercado da BD em Portugal têm sido um super-vilão que os populares heróis não conseguem dominar.Embora ainda não esteja oficialmente confirmado, é mais do que certo o fim das revistas Marvel em Portugal, editadas pela Panini Espanha. É mais conclusão de mais um capítulo na saga da edição destes personagens em terras lusa.

Os super-heróis nunca tiveram vida fácil em Portugal, existiram várias tentativas de os publicar no século XX, mas nenhum projecto vingou, quer em nome próprio ou nas tentativas realizadas no Mundo de Aventuras. Durante a década de 80 e 90 do século passado, os leitores portugueses habituaram-se a ler BD de super-heróis graças às importações de edições brasileiras, primeiro através da Ebal e mais tarde das publicações da Abril Jovem. São estas edições que deixaram saudades a muitos leitores.

O saudosismo das revistas brasileiras da Abril, mais do que que saudosismo do formatinho é um saudosismo de poder comprar as revistas de BD de modo regular. Algo que há décadas é impossível, tornando a tarefa de ler aventuras de super-heróis da Marvel ou DC Comics em Portugal numa verdadeira odisseia.

Durante anos os leitores lamentavam o facto de não existirem edições portuguesas dos populares personagens.Actualmente já são capazes de lamentar terem tido esse desejo satisfeito. No final da década de 90, após uma tentativa falhada da Abril/Controljornal, a Devir adquiriu os direitos de publicação dos super-heróis da Marvel e DC para Portugal e nada voltou a ser como dantes!

O começo do pesadelo

Ao contrário de tentativas anteriores como as que a Abril/Controljornal realizou, quando a Devir iniciou a publicação de Marvel e DC em Portugal, impediu a importação de revistas brasileiras, não só daquelas cujas histórias publicava, mas também das que não publicava e não tinha qualquer intenção de publicar.

Existiu uma quebra no espaço que a BD tinha nas bancas, mas pior: Quem consumia essas revistas e quem seguia determinadas personagens viu-se forçado a ter de recorrer a revista importadas do Brasil ou dos Estados Unidos. Este facto pode não parecer muito relevante, contudo convém salientar um facto: os universos Marvel e DC são universos interligados onde determinados eventos numa revista têm consequências em outras revistas.Para além disso existem personagens que desaparecem pura e simplesmente das bancas sem deixar rasto. As duas grandes editoras americanas têm milhares de personagens e publicam umas centenas de revistas por mês. Existem personagens que são mais populares do que outros, e alguns dificilmente serão capazes de justificar um título em Portugal, mas não é por não haverem revistas com o Demolidor que um leitor vai passar a comprar o Homem-Aranha, já que os personagens apelam a públicos diferentes, e a ausência de um mais do que beneficiar o outro pode ajudar ao afastamento de leitores.

A política editorial e o plano editorial que a Devir, liderada na altura por José Hartvig de Freitas, para as edições de Marvel e DC em Portugal não resultou, tendo o próprio admitido que o maior erro foi terem continuado a publicar revistas mensais. Curiosamente os maiores sucessos editoriais da Devir no reinado de Hartvig de Freitas foram as edições para livrarias e não nas bancas, o mercado em que a editora começou a operar nesse mercado, o grande sucesso por assim dizer, foram as colecções de BD realizadas em parceria com jornais.

Entretanto, a Devir perdeu os direitos de publicação da Marvel e DC tendo a Panini adquirido os direitos de publicação para Portugal, no pacote dos direitos de publicação para o Brasil. Este facto veio trazer as revistas de Marvel e DC de novo para as bancas nacionais, mas de um modo que deixa um travo amargo nos leitores.

Importação Parcial

Nos “saudosos tempos” da Abril/Controljornal eram importados os títulos principais das Marvel e DC e só algumas edições especiais é que não chegavam às bancas nacionais. Para os leitores era fácil seguir a telenovela interligada que são as aventuras dos super-heróis da Marvel e DC. Quando existiam histórias que continuavam noutra revista que não a usual, era possível encontrar essa revista nas bancas, com maior ou menor esforço. Porém, a Panini Brasil optou por uma política diferente da Abril/Controljornal e só é possível encontrar meia dúzia de títulos nas bancas. Existem alturas em que histórias continuam em revistas que não estão disponíveis nas bancas, existem outras em que sagas afectam todas as personagens e não são importadas. Quem segue as importações da Panini Brasil recorre a downloads ou à Casa da BD – loja especializada em importação de BD editada no Brasil – se quiser ler a continuação das histórias.

O motivo para só existir uma importação parcial é difícil de discernir e em parte parece que não existe qualquer objectivo nas importações dessas revistas que não seja o de cumprir uma obrigação contratual. A importação parcial, para além de ser limitada a nível do número de exemplares, acaba por não incentivar o público a seguir as revistas, uma vez que já se sabe que existem histórias e eventos que não serão disponibilizados. As colecções da Levoir vieram minorar um pouco esse facto com a publicação de alguns dos eventos cruciais no Universo Marvel, como Vingadores Vs X-Men e outros eventos “essenciais” na vida das personagens.

Existem sagas nas revistas das grandes editoras norte-americanas que são fundamentais para quem lê essas revistas, não derivado à qualidade, mas porque são concebidas de modo a serem marcos na vida das personagens, alterando substancialmente o status quo até ao próximo evento.

As diversas colecções da Levoir minoram a ausência da importação dessas sagas e beneficiam da falácia de serem uma “colecção completa”.

Os sortidos da Levoir

A Levoir é uma empresa que gere conteúdos para jornais e bancas em quatro ou cinco países. Quando a editora surgiu no mercado editorial da BD, existiu quem pensasse que fosse uma nova editora de José Hartvig de Freitas, contudo o ex-editor e ex-sócio da Devir é na realidade só um colaborador externo da editora responsável pela coordenação das colecções publicadas em parceria com o jornal Público e com o Sol.

As colecções editadas pela Levoir são uma “join-venture” do Público e da editora feita de acordo com a Panini (detentora dos direitos) que tem permitido a publicação de várias obras de Marvel e DC, num registo sortido de heróis e histórias na maioria dos casos sem qualquer tipo de coerência cronológica ou de personagens. A lógica é clara: publicar um número variado de personagens e autores, sem se limitar a algumas personagens, de modo a atingir o público mais vasto. Se de um ponto de vista comercial é um conceito que não é reprovável, de um ponto de vista de leitura é capaz de causar algumas dores de cabeça aos leitores que são confrontados com histórias das personagens em alturas distintas e com pormenores de que por vezes são contraditórios.

Esta aposta traduz-se em colecções que são um bom aperitivo, ou apresentam histórias essenciais, mas deixam muitas histórias sem seguimento, sendo apresentado o primeiro arco narrativo de uma série que depois não é desenvolvida. A generalidade das séries norte-americanas é concebida para uma publicação mensal ao longo de anos, com fios narrativos que vão sendo desenvolvidas em vários volumes; as colecções da Levoir na maioria dos casos apresentam o primeiro volume de uma série sem depois existir a publicação dos volumes seguintes, podendo as histórias serem mais ou menos auto-conclusivas, dependendo do argumentista e dos fios narrativos apresentados.

Este método de publicação tem-se mostrado viável para a edição de BD (não só norte-americana mas também franco-belga), em particular porque o jornal, seja o Público, o Sol ou outro, não só assegura a distribuição como permite uma divulgação do material ao seu público (mesmo que não exista outdoors, como tem acontecido em alguns casos) por divulgar as colecções junto dos seus leitores.

O jornal Público em particular tem sido um dos maiores co-editores de banda desenhada nos últimos anos em virtude das colecções que tem publicado em parceria com a Asa e a Levoir, com uma pequena diferença: a Asa só apostou numa colecção genérica, no formato sortido, apresentando “amostras” de várias obras, tendo as restantes colecções sido temáticas, apresentando histórias de uma só personagem.

Com as colecções dos jornais e as importações do Brasil, a publicação de BD norte-americana (em particular da Marvel) parecia ter encontrado alguma estabilidade que permitiria aos leitores portugueses seguir “mais ou menos” as aventuras dos icónicos super-heróis norte-americanos. Este ano começou com um notícia inesperada: o regresso das revistas mensais da Marvel através de edições portuguesas publicadas pela Panini Espanha.

Política da Terra Queimada da Panini Espanha

O plano editorial da Panini Espanha para Portugal era bom e fazia sentido para o mercado nacional: Três títulos mensais que publicavam os “Três eixos” principais da Marvel (Homem-Aranha, X-Men e Vingadores) e a publicação de edições especiais de outras personagens, girando em torno desse eixo ou com base nas personagens mais populares ou com filmes que permitiam serem conhecidos de um público mais generalista.

Em termos editoriais, o plano era consistente, contudo falhou na execução e terminou de um modo abrupto, que acaba por desagradar a todos aqueles que apoiaram o projecto e, a curto/médio prazo, acaba (quase) por inviabilizar o regresso de edições portuguesas às bancas nacionais.

As revistas foram canceladas a meio de histórias, deixando os leitores a terem de aguardar por importações brasileiras para lerem a conclusão das sagas iniciadas nas revistas mensais (e em algumas edições especiais) ou, pior ainda, a ficarem sem qualquer garantia de algum dia verem publicadas em português do Brasil ou de Portugal o final de algumas sagas, como o Capitão América: Perdido na Dimensão Z, por estas serem editadas em revistas brasileiras que não são distribuídas em Portugal.

Os leitores já foram avisados que a Levoir não tem “obrigação de pegar onde a Panini parou”, do mesmo modo que o surgimento de outra editora a publicar Marvel também não irá garantir que exista uma conclusão para essas sagas. Isto é mesmo o lado mais negativo e que acaba por ser uma política de terra queimada que vem reforçar aquele que é o pior inimigo de qualquer projecto novo de BD em Portugal, até mais do que a distribuição ou divulgação: Os leitores estão tão desanimados com o projecto que deixam a publicação de histórias a meio e acabam por ter receio de investir em projectos novos.

Este é o lado mais negativo da aventura portuguesa da Panini Espanha, algo que será negativo até para a própria editora – embora o detentor dos direitos seja a Panini “Europa” e não a “espanhola”, acabam por ser empresas do mesmo grupo. É algo incompreensível que nem os responsáveis editoriais espanhóis ou portugueses tenham sido capazes de explicar aos “responsáveis” a necessidade de terminar a aventura num ponto que não “queimasse” o futuro da edição de Marvel em Portugal.

A aventura espanhola falhou nesse aspecto: Faltou um plano de saída (honroso) que permitisse terminar a edição das revistas e especiais concluindo pelo menos o arco narrativo que estava a ser editado.

Existem problemas que não são Urbanos

Existem duas pechas que são apontadas invariavelmente para o insucesso desta aventura espanhola: distribuição e divulgação, por vezes sem apontar factos elementares.

A distribuidora Urbanos pode ter muitas falhas, contudo não pode ser acusada de fazer um mau serviço de distribuição caso não existam exemplares suficientes para serem distribuídos. As revistas brasileiras são difíceis de encontrar, mas isso tem uma explicação simples: só existem uns 400/500 exemplares para serem distribuídos em Portugal, logo existem poucos pontos de venda que os podem ter para vender. As revista da Panini Espanha, tendo tiragens superiores (também não era difícil) acabam por ter uma distribuição superior mas, mesmo assim, limitada. Era mais difícil encontrar as revistas da Marvel em Portugal do que da Disney, algo que poderá ser facilmente explicado pela diferença de tiragens.

Apesar de as tiragens das edições da Marvel não serem conhecidas, consta que não se comparam às da Disney, e é usual serem apontados dedos à distribuidora, mas exactamente quais são os “crimes” que ela cometeu? Existiam pontos de venda com 20 exemplares das revistas e outros sem nenhum? Não eram distribuídos exemplares, apesar de serem enviados pela editora? Ou, no fim do dia, as tiragens era pequenas para existem exemplares em número suficiente em todos os pontos de venda? São aquelas questões que geralmente não são mencionadas, e não me lembro de ter visto algo mais que acusações genéricas ao trabalho da distribuidora.

As edições da Goody de material da Disney, tiveram reduções brutais na ordem de 40/50% desde o início da sua publicação. Este facto pode ser justificado pela editora como um reajustamento das tiragens. Pode parecer desculpa de mau pagador, mas é um dos custos de fazer negócios nas bancas caso se pretenda ter as revistas no maior número de pontos de venda possível. Parece ser do conhecimento da maioria das pessoas (incluindo o ex-editor-assistente da Panini Espanha) que nas bancas as edições têm sobras na ordem dos 50% ou mais-Após as primeiras edições é possível ir reduzindo as sobras, reduzindo a tiragem sem perder vendas efectivas ou desaparecer de pontos de venda, mas isso exige um esforço financeiro grande onde é necessário ter orçamento para “comer” um prejuízo inicial ou ser capaz de cobrir os custos vendendo entre 25 a 50% da tiragem.

São pequenos pormenores que podem ditar o futuro de uma edição e não impedem que existam edições que não tenham adesão por parte do público, porém se os leitores não encontrarem facilmente as edições podem simplesmente não se dar ao trabalho de as procurar.

E divulgar? É preciso?

A divulgação é o calcanhar de Aquiles da maioria dos editores portugueses e aqui também foi o da espanhola Panini, embora com as culpas também possam ser repartidas por portugueses, ou melhor, um português: José HartvigHartvig de Freitas, ex-editor-assistente da Panini Espanha.

Quem leu os comentários de Hartvig de Freitas no blogue As Leituras do Pedro (e que foram aqui reproduzidos) ficou a saber que afinal o ex-editor assistente era mais um “chefe da equipa de produção” responsável “exclusivamente” de “tratar das traduções, revisões, e textos de apoio dos comics”; só faltou mencionar uma área que algumas pessoas do lado espanhol pensavam ser da sua responsabilidade: a divulgação.

O envio de alguma da informação, capas e páginas do interior, era da responsabilidade do lado espanhol, o envio de outras informações era da responsabilidade de José Hartvig de Freitas, sendo que no início da publicação das revistas foi ele que enviou as informações iniciais e até chegou a enviar algumas informação complementares, algo que deixou de suceder.

Quem lê o aCalopsia já deve ter reparado que não sou muito diplomático e como não enviavam informações para os artigos das amostras e listagens, como eram feitos por aqui, seguiu um mail em triplicado para Espanha e Portugal, solicitando a informação. Do lado espanhol veio informação adicional (que nem sempre chegava a horas, mas chegava), mas o que tinha solicitado, como sinopses e fichas técnicas e quais as edições republicadas, era trabalho do lado português que não era enviado. Aliás, para compensar, até deixei de receber informações sobre as edições da Levoir (que no passado também eram enviadas pelo ex-editor-assistente da Panini).

Aparentemente Hartvig de Freitas (que tem um acordo de confidencialidade com a Panini) podia anunciar o plano editorial da editora para o ano de 2014 na secção de comentários de As Leituras do Pedro, mas não devia poder enviar essa informação como nota de impressa para diversos meios de comunicação. Desculpem lá, se calhar sou eu que tenho ideias estúpidas, afinal não sou editor (seja por assistente ou por assistir) mas considero que o plano editorial de uma editora deveria ser comunicado ao maior número de orgãos de comunicação social possível, em particular aos da imprensa generalista, que até poderia pegar na notícia, uma vez que a maioria dos lançamentos até tinha ligação a alguns dos filmes mais populares dos últimos anos. Mas enfim, o profissional não sou eu, quer dizer, na minha óptica o anúncio até poderia (e deveria) ter sido feito num dos diversos eventos relacionados com BD em que a Panini não esteve presente.

Um dos factores mais estranhos desta aventura espanhola é a ausência da editora dos eventos de BD, em particular os “maiores”, como o Festival de Beja ou o AmadoraBD, sendo inclusive canceladas as edições no mês que antecede a Comic Con Portugal e onde vão estar presentes alguns dos autores publicados pela editora e que seria uma boa altura para promover os títulos.

No caso do AmadoraBD, a grande aposta de Hartvig de Freitas era a exposição Contos de Fadas e a presença de CB Cebulski, algo que não sucedeu por falta de interesse do festival. Os motivos já foram dissecados pelo ex-editor-assistente e pelo director do festival, sendo que um dos motivos indicados por Nelson Dona foi o facto de a Levoir já ter duas exposições no festival: Batman 75 anos e Surfista Prateado. O facto destas duas exposições serem consideradas como sendo da Levoir podem causar alguma confusão, mas até é possível compreender o motivo desta atribuição: as exposições foram comissariadas por Laurence Klein e João Miguel Lameiras, sendo que o último para além de um dos sócios da Dr. Kartoon é um dos colaboradores regulares dos projectos de Hartvig de Freitas desde os tempos da Devir. Para além, disso a presença da Levoir no AmadoraBD tem sido realizada através da livraria Dr. Kartoon, assim como foi aí que estiveram disponíveis as edições da G. Floy – outra editora onde Hartvig de Freitas trabalha em regime de outsourcing – as edições da Panini, confesso que não reparei se também lá estavam, ou não marcaram sequer presença naquele que é o maior evento de BD nacional.

O que a Levoir tem a ver com a Panini? Nada! São duas empresas diferentes que têm uma relação de negócios derivados ao facto de um editar material cujos direitos são pertença da outra, e que por coincidência tem funcionários em comuns responsáveis pelo mesmo trabalho. Porém, este acaba por ser aquele que tem sido há alguns anos o grande problema da edição da Marvel em Portugal: Não existe na realidade um editor de material do colosso norte-americano no nosso país, embora exista material editado por entidades distintas que, por vezes até podem ter interesses que entram em conflito.

Demasiados cozinheiros sem chefe

Os direitos de publicação da Marvel para Portugal pertencem à Panini (Europa, sem distinção de país). A Panini Portugal, contudo, não publica títulos da Marvel.

As edições da Panini Brasil são enviadas para Portugal via Panini Espanha. Aparentemente sai mais barato este trabalho ser feito via Espanha do que enviado directamente para Portugal.

As colecções da Levoir estão dependentes da sugestão do coordenador José Hartvig de Freitas, mas sujeitas à aprovação da Levoir, do seu cliente (regra geral, o jornal Público) e à aprovação da Panini, para além da Marvel.
As edições da Panini Espanha foram um projecto concebido em Espanha (o que justifica a coerência do projecto editorial) com uma equipa de “produção” portuguesa (encabeçada pelo ex-editor-assistente Hartvig de Freitas).
Para algo que não consegue ter uma edição regular, não faltam cozinheiros nesta cozinha, sendo que aquilo que não existe de facto é um editor, um responsável pela linha editorial no seu todo, ou qualquer coordenação dos diferentes projectos editoriais que são realizados por entidades distintas, embora em alguns casos pertencendo à mesma multinacional (Panini), e noutros protagonizadas pelo mesmo editor-assistente/coordenador editorial, Hartvig de Freitas.

É um método algo caótico que faz com que no fim do dia não exista mesmo “um responsável” pelo falhanço da iniciativa ou pelo facto de existirem aspectos elementares que não tem qualquer tipo de resposta oficial, ou parecem ter sido ignorados por quem deveria ser responsável.

Uma das opções inexplicáveis da aventura da Panini Espanha em Portugal foi o facto de ser impossível encontrar números atrasados, ou não ter existido qualquer tipo de redistribuição ou existência de pack com os primeiros números para captar novos leitores, algo que se sucedia com as edições mensais e com as edições especiais, que pelo preço e formato até poderiam ter uma segunda vida no mercado livreiro. Ao contrário das edições da Levoir que é possível adquirir através da Dr. Kartoon, as edições da Panini Espanha após saírem das bancas desapareciam do mercado. São daqueles situações que podem ser opções da “administração”, longínqua e desconhecedora do mercado nacional, mas sobre as quais os colaboradores nacionais – que até têm décadas de experiência no mercado livreiro e de bancas – foram incapazes de informar quem deveriam sobre a sua importância. Ou se calhar até o fizeram, mas a confidencialidade não permite falar!

Entretanto Pedro Cleto, quando anunciou em primeira mão em As Leituras do Pedro o cancelamento das edições da Panini Espanha, deixou no ar uma hipótese de continuidade da edição de material da Marvel  em Portugal, mas no formato de edições especiais (álbuns, ou TPB conforme lhe preferirem chamar) mas por outra editora. Tendo em conta o recente regresso da G. Floy (onde colabora o ex-editor-assistente da Panini Espanha) não seria de estranhar se fosse esta editora a escrever um novo capítulo nesta história da Marvel em Portugal.

Contudo, o que não parece que venha a suceder é a existência de um projecto coerente e regular de edições do colosso norte-americano. É mais natural que as vidas dos super-heróis Marvel em Portugal continue a ser da responsabilidade de quem há décadas é incapaz de encabeçar um projecto de sucesso, sem ter o apoio de um jornal de distribuição nacional, seja em “nome próprio” ou como editor-assistente. É natural que continuem a existir edições de Marvel, afinal são personagens e obras que vendem em todo o lado e por cá, ocasionalmente até conseguem ter algum sucesso.

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52 Comments

  1. says: Artur

    “E DIVULGAR? É PRECISO?” é. e ficar-se por blogs e festivais é má ideia, porque são núcleos auto-fágicos (no bom sentido), que já conhecem, já têm noutras línguas, e representam uma fatia restrita do público, apesar de muito conhecedora. esta foi mais uma oportunidade perdida de levar os comics a um público mais alargado. o mesmo, por exemplo, que enche os cinemas para ver os filmes da marvel…

    1. says: Bruno Campos

      Mas até a nível do blogs a coisa está longe de ser famosa, o exemplo do anúncio do plano editorial é brutal! Porque aquela informação deveria ser enviada a TODOS os meios de comunicação, existe informação que deveria estar disponível a quem a solicite, e deveria ter sido feito um esforço para chegar a esses meio de comunicação.

      A presença em festivais permite chegar a públicos mais vastos, incluindo aqueles que não vão ao festival. Laerte veio a Beja, foi à tertúlia BD de Lisboa e graças a isso teve direito a extensa entrevista no Público. Joe Staton (que nem tem uma obra públicada em portugal) teve direito a diversas entrevistas em vários jornais generalistas. Por isso a vinda dos autores se for bem trabalhada, não só permite chegar ao público que vai ao festival, mas chegar também a um público que é mais vasto.

  2. says: Diogo Campos

    A situação com a Urbanos não se resume apenas a poucos exemplares para distribuir e/ou má distribuição, é preciso perceber que a escolha da Urbanos foi também em si um tiro no pé para os títulos da Panini.
    A Urbanos é resultado da compra pela Urbanos da Logista, empresa que estava prestes a fechar e dos quais fazem parte da sociedade 3 jornais (Bola, Diário Económico e Público). A compra da Logista foi, de certa forma, um presente envenenado para a Urbanos que queria crescer para todas as áreas de distribuição e ainda não tinha presença na área de distribuição de publicações periódicas. Esta compra é um presente envenenado porque entra para uma área onde a concorrente, VASP tem perto de 3/4 da quota de mercado de distribuição de publicações periódicas porque é controlada pela Cofina, Impresa e Controlinveste que por sua vez compõem 3/4 ou mais do universo de publicações periódicas portuguesa.
    A Urbanos entrou numa área saturada pela VASP onde só tinha 3 publicações de renome (Bola, DE e Público) que servem como única mais-valia quando tentam assinar contractos com as bancas.
    Agora ponham-se no lugar do dono de uma banca. Quem no seu perfeito juízo vai fazer um contrato na Urbanos, onde tem que deixar uma caução de vários milhares de euros, onde lidar com a distribuidora é uma dor de cabeça (é o que dá ter as operações centralizadas num único local e o único ponto de contacto é um call center) só para receber 3 publicações de jeito e uma série de outros títulos que nada vendem e dão mais trabalho do que merecem?! Há que pesar a mais-valia das vendas de 3 títulos vs. o trabalho e dor de cabeça de lidar com os restantes 99% dos títulos da Urbanos que para as bancas são “lixo”.
    Nesta situação é normal que distribuição seja má porque muitas bancas desistem de ter um contracto com a Urbanos reduzindo assim o nº de locais onde as revistas da Panini estão presentes.

    Neste contexto, escolher a Urbanos como único meio de distribuição é um tiro no pé porque está presente em menos quiosques do que a Logista! Mas também não os podemos censurar muito por isso. A VASP não é muito melhor pois cobra-se muito mais que a Urbanos e os seus sócios (Cofina, Impresa e Controlinveste) tratam mal outras publicações que não façam parte do universo de títulos deles.
    Nesta situação que fazer? Eu diria manter distribuição nas bancas mas apostar forte e feio na distribuição para livrarias. Se a Devir tinha essa experiência boa com a distribuição em livrarias, porque razão a Panini não os imitou? São um excelente ponto para encontrar números atrasados (se não fosse pelos números atrasados nunca iria descobrir as revistas da Devir) além de que são uma garantia de mais tempo nas prateleiras. E porque razão os TPBs não foram distribuídos para as livrarias?! Têm todas as características (tamanho, preço, qualidade de edição, nº páginas, etc.) para estarem ao lado dos actuais livros da Asa, Devir, GFloy, etc.

    1. says: Bruno Campos

      As tiragens também tem reflexo no número de pontos de vendas onde eles é possível encontrar o material. Nunca vão existir mais de 400 pontos de vendas a terem os títulos se não não existem mais de 400 exemplares para colocar, por outro lado revistas e publicações que tem tiragens pequenas também vão ter lucro pequeno, se a banca não vai ter mais de 1 ou 2 exemplares para vender o retorno que vai ter nesse título é diminuto.

      Não estou a por em questão os outros pontos que esclareces relativamente à Urbanos, mas para se aferir o problema da distribuição era necesserário dados concretos, como o número de pontos de venda que a Urbanos têm (são 1000/2000?) e quais as tiragens das publicações.

      A falta de redistribuição das edições especiais não tem explicação, eu sempre pensei que o objectivo era mesmo redistribuir posteriormente no mercado livreiro. Do mesmo modo não existe explicação para o facto de ser “impossível” adquir números antigos, ou para o facto de não ter existido qualquer redistribuição dos primeiros números ou packs com sobras das primeiras edições, ou até edições encaderandas com os primeiros números… são maneiras de rentabilizar as sobras das publicações que existem há muito tempo. Até porque a maioria dos títulos tem sempre tiragens maiores nos primeiros números que nos posteriores, salvo situações especiais, mas no caso de publicações como revistas mensais de Marvel, se as publicações tivessem esgotado (o que não parece ser o caso) então deveria ter existido reedições, uma vez que são histórias em continuação, em que convem ter disponíveis os primeiros números para novos leitores que surgam.

    2. says: Diogo Campos

      Onde diz “Neste contexto, escolher a Urbanos como único meio de distribuição é um tiro no pé porque está presente em menos quiosques do que a Logista!” onde aparece Logista estou a falar obviamente da VASP porque a Logista já não existe mais. Foi absorvida pela Urbanos.

  3. says: Bruno Cardoso

    Ainda não li o artigo mas queria deixar aqui uma opinião sobre o assunto da Marvel em Portugal.

    Gosto de banda de desenhada e leio Marvel desde muito novo. Em novo, lia aquelas BDs em formato A5 e tradução em brasileiro e adorava. Em adulto passei a ler e a comprar apenas em formato e língua original e sinceramente nunca mais voltei atrás.

    Razões:
    * As versões não-originais não garantem continuidade das edições originais. Isto já para não falar que a edição é feita ao gosto das editoras nacionais e não segue a mesma linha que os originais.
    * Comprar os originais hoje em dia é tão ou mais barato do que comprar os traduzidos.
    * As traduções em si deixam muito a desejar. Comprei alguns dos volumes da colecção Marvel e DC que o Expresso (acho) lançou, estive a comparar as traduções com os textos originais e aquilo é de bradar aos céus… as personagens perdem muito da sua personalidade original uma vez traduzidos os textos.

    Pelo que percebo as revistas vão (novamente) deixar de ser editadas em Português e isto só vem mais uma vez provar o que eu disse, não há continuidade, ao menos no original sei com o que posso contar.

    1. says: Bruno Campos

      As revistas da Panini incluiam 3 edições norte-americanas a 3,95€ isso significa que pagavas 3 ao preço de 1. E estou a ser simpático, que títulos da Marvel que têm preço de venda de $3,99 são vendidas na maioria das lojas especializadas a mais de 4 euros cada. As revistas mensais da Panini em termos de qualidade de papel e preço saiam mais baratas que as edições originais.

      A falta de continuidade é um problema na edição de Marvel que é abordado no artigo, a qualidade das traduções ficou de fora por existirem projectos diferentes com qualidade diferente e implicava ler mesmo todos as edições em português e inglês e comparar. Não existiu (que eu tenha conhecimento) nenhuma edição de Marvel com o Expresso, existiram colecções da Levoir com o Público e Sol, e anteriormente Clássicos com o Correio da Manhã que incluíam algumas edições de Marvel e DC Comics.

  4. Um post tão longo merece uma resposta também longa e ponderada. Aqui vai ela por ordem cronológica de items abordados.

    “O saudosismo das revistas regulares”:

    Em 20 anos (por exemplo, 1994 a 2014) houve 10 de edições regulares (arredondando a Panini a um ano e dando de barato que em 94 a A/Cj já editava revistas em português de cá, que acho que sim – tendo deixado de editar em 97). É 50% do tempo, embora esteja bastante mais concentrado na primeira década em que NUNCA deixou de se publicar revistas regulares (um ano e meio de interregno entre a A/Cj e a Devir). Talvez seja impossível há uma década, mas décadas? Não me parece.

    “Quando a Devir iniciou a publicação de Marvel e DC em Portugal, impediu a importação de revistas brasileiras”:

    Não sei de onde essa ideia veio, mas ela continua a aparecer aqui e ali. Não vou dizer que a Devir não tivesse ficado irritada se tivesse aparecido material brasileiro em Portugal, mas o caso nem nunca se pôs. Para distribuir comics da Marvel em Portugal, qualquer editora teria 1) de ter autorização da Panini, e 2) fazer uma proposta, definir royalties e pagar um mínimo garantido. Como eu digo, o caso nunca se colocou. Com a falência da Marvel nesses anos e a separação da Panini (que ficou com o direito de negociar os direitos da Marvel), o modelo de licenciamento da Marvel mudou e o tipo de acordos que havia entre Portugal e o Brasil passou a ter de pagar “contrato” separado. Nunca sequer fomos contactados por ninguém para que se autorizasse, nem creio que o editor brasileiro tenha alguma vez pedido (penso que nem sequer se terá interessado por tal).

    A A/Cj pediu autorização à Panini para vender sobras do seu stock (e pagou para ter uma extensão do contrato que lhe permitisse fazê-lo), e embora tivesse tido o direito de o fazer ainda em 99 (quando saíram os primeiros da Devir), essas redistribuições finais ocorreram só em 1998 e não chegaram a 99.

    “A política editorial e o plano editorial que a Devir, liderada na altura por José HartvigHartvig de Freitas, para as edições de Marvel e DC em Portugal não resultou, tendo o próprio admitido que o maior erro foi terem continuado a publicar revistas mensais “:

    Há aqui a mistura dos anos iniciais com os anos finais, e é impossível falar assim. Se não tivesse resultado inicialmente, não teríamos continuado. O grande ponto de quebra veio em inícios de 2003-2004 (depois de um par de anos conturbados de consolidação da distribuição de bancas em Portugal, e de um número recorde de fecho de bancas), em que houve uma clara quebra das vendas, algo súbita (para não falar do aumento da margem da distribuidora). A Devir continuou mais um par de anos a perder dinheiro, e depois decidiu fechar as edições regulares mensais. Para mais, ir ver o outro post em que respondi.

    “Existem sagas nas revistas das grandes editoras norte-americanas que são fundamentais para quem lê essas revistas, não derivado à qualidade, mas porque são concebidas de modo a serem marcos na vida das personagens, alterando substancialmente o status quo até ao próximo evento. ”

    E é importante salientar que ainda agora a Panini sugere (muito fortemente!) que qualquer nova colecção incorpore esse eixo central de histórias que ficaram por publicar cá, e que têm saído nas colecções da Levoir.

    O tal “sortido” de personagens e histórias das colecções da Levoir é na realidade inevitável, dado o tipo de distribuição, a maneira como as coisas são lançadas, e sobretudo o público alvo. Tem-se tentado ter um máximo de histórias, que mesmo que não fiquem “completas”, possam ser lidas com agrado e proveito pelo leitor mais casual sem deixar arrependimentos. As colecções têm outros condicionalismos (por exemplo, ter x Vingadores, x heróis diferentes, etc…)

    O caso da ASA é diferente: em primeiro lugar, o modelo de negócio será diferente do da Levoir, e em seguida a ASA está também a valorizar o seu fundo editorial (em termos de licenças que detém) ou a preparar lançamentos novos. São objectivos muito diferentes dos da Levoir, que não tem nenhum catálogo ou licenças a defender ou prejudicar fora das bancas.

    “É algo incompreensível que nem os responsáveis editoriais espanhóis ou portugueses tenham sido capazes de explicar aos “responsáveis” a necessidade de terminar a aventura num ponto que não “queimasse” o futuro da edição de Marvel em Portugal.”

    Os “responsáveis” portugueses também não foram informados, e foi-lhes pedido que esperassem por uma decisão ou comunicado, e que não comentassem a decisão até lá. Até hoje. Dito isto, e apesar de entender que não fosse possível fechar de modo satisfatório as histórias dos X-Men e dos Vingadores, tenho muita pena que não se editasse o último Homem-Aranha da fase Superior (que estava produzido e tudo). Mas também não conheço as razões que levaram à decisão, pelo que é difícil formular uma opinião.

    “O envio de alguma da informação, capas e páginas do interior, era da responsabilidade do lado espanhol, o envio de outras informações era da responsabilidade de José Hartvig de Freitas, sendo que no início da publicação das revistas foi ele que enviou as informações iniciais e até chegou a enviar algumas informação complementares, algo que deixou de suceder.”

    Como já respondi no post que referencia, nunca fui responsável por essa informação ou divulgação, e se o fiz inicialmente foi exclusivamente a título gracioso. Aliás, como lhe disse, a minha relação contratual NUNCA foi com a Panini, mas sim com a Fénix, o estúdio que fez a produção gráfica, e que não tinha como, nem por que me pagar por esse trabalho de divulgação. A Panini sempre teve as páginas de conteúdo dos comics, e podia enviá-las. Não entendo bem porque não fez, sobretudo se houve pedidos de blogues e sites, mas também nunca mos pediu directamente.

    “Aliás, para compensar, até deixei de receber informações sobre as edições da Levoir (que no passado também eram enviadas pelo ex-editor-assistente da Panini).”

    Esse trabalho foi centralizado na Levoir, pela simples razão de que não fazia parte das atribuições que me foram dadas, e também porque a Levoir achou que era um trabalho que devia ser feito em nome directo da Levoir. Dito isto, tenho a impressão que a informação tem sido enviada regularmente pela Levoir, porque a vejo em inúmeros blogues, e sobretudo porque a Levoir me pede essa informação, e sou eu que a envio para eles (ie. texto de CC, que já esta feito, capa e algumas pgs do interior). O equivalente seria a Panini ter pedido à Fénix esse material, e que provavelmente pediam no caso das pgs do interior e das capas.

    Se não recebe o material da Levoir, sugiro que entre em contacto com eles, para adicionarem o seu email à lista.

    “Um dos factores mais estranhos desta aventura espanhola é a ausência da editora dos eventos de BD, em particular os “maiores”, como o Festival de Beja ou o AmadoraBD, sendo inclusive canceladas as edições no mês que antecede a Comic Con Portugal e onde vão estar presentes alguns dos autores publicados pela editora e que seria uma boa altura para promover os títulos.”

    Nem que fosse para poder ter números atrasados numa das livrarias ou bancas dos eventos, uma sugestão que fiz em seu tempo à Panini – suponho que não devia haver nenhum montante orçamentado para isso, pelo que nunca foi atendida a sugestão.

    “No caso do AmadoraBD, a grande aposta de Hartvig de Freitas era a exposição “Contos de Fadas” e a presença de CB Cebulski, algo que não sucedeu por falta de interesse do festival.”

    Não sei se foi falta de interesse ou não. O Festival NUNCA teve obrigação de fazer nenhuma exposição que lhe pedissem, em última instância fazem as que bem entenderem. O que eu critico sobretudo foi o facto de depois de um “sim” condicional em Maio (depois de uma manifestação de interesse numa conferência no CNBDI a celebrar os 75 anos do Batman que decorreu em finais de Março), não termos voltado a ter NENHUMA notícia do festival até finais de Setembro, apesar de várias tentativas de contacto nesse sentido durante os meses de Junho e Julho. (nota correctiva, não chegou a estar planeada a presença de CB Cebulski, mas sim as dos autores portugueses em questão).

    “Para algo que não consegue ter uma edição regular, não faltam cozinheiros nesta cozinha, sendo que aquilo que não existe de facto é um editor, um responsável pela linha editorial no seu todo, ou qualquer coordenação dos diferentes projectos editoriais que são realizados por entidades distintas, embora em alguns casos pertencendo à mesma multinacional (Panini), e noutros protagonizadas pelo mesmo editor-assistente/coordenador editorial,Hartvig de Freitas.”

    Quem leia esta parte do texto imagina que existe um “plano central” de edições da Marvel, qual Comité Internacional, mas não existe. Existem empresas que querem editar livros ou revistas, pagam os respectivos direitos e escolhem as histórias que querem editar (aliás, escolhem e depois pagam), e o facto de eu estar em várias delas não representa mais do que o facto de diferentes pessoas me terem convidado para o fazer. Estive seis anos afastado da Devir, e depois fui convidado pela Levoir, antes de o ser pela Panini. Os planos editoriais nunca se misturaram, nem houve qualquer troca entre os dois, sendo que a Panini sabia aquilo que a Levoir pretendia editar, e sabia o que ela Panini queria editar (e impôs nalguns casos limitações ao que a Levoir deveria editar). Mas na verdade, a Marvel NOW era demasiado recente em 2012 para se considerar editar na primeira série da Marvel da Levoir, que aliás teve de ser integralmente escolhida numa colecção espanhola da Panini (ie. os títulos tiveram de sair da lista dessa colecção).

    Eu sou uma das pessoas que escolhe as histórias para as colecções da Levoir com todas as condicionantes que têm (que podem passar por um veto do Público, uma imposição da Panini ou simplesmente o facto de não existirem materiais disponíveis para alguns títulos). Não tive qualquer intervenção no plano editorial da Panini Comics dos seus regulares. E qualquer outro editor o faria do mesmo modo: escolheria histórias, submeteria a sua escolha à Panini e editaria, sem qualquer obrigação para com outras editoras ou os títulos que elas editaram ou não.

    “É mais natural que as vidas dos super-heróis Marvel em Portugal continue a ser da responsabilidade de quem há décadas é incapaz de encabeçar um projecto de sucesso, sem ter o apoio de um jornal de distribuição nacional, seja em “nome próprio” ou como editor-assistente.” 

    Infelizmente, não tenho dinheiro agora para o fazer em nome próprio! pelo que só terei algo a ver com isso se mo pedirem – tal como no caso da Levoir e da Panini, em que fui convidado, e não fui eu que tomei a iniciativa. E contente de ser convidado, claro! É trabalho, trabalho interessante, por vezes stressante e com deadlines algo caóticas e complicadas, mas continuarei a fazê-lo se mo pedirem.

    Diogo Campos: “Neste contexto, escolher a Urbanos como único meio de distribuição é um tiro no pé porque está presente em menos quiosques do que a Logista!”  Ninguém pode ter mais de um distribuidor de bancas. É um ou outro, são exclusivos. A Urbanos é o distribuidor histórico da Panini (para publicações e sobretudo para os stickers).

    1. says: Bruno Campos

      Antes da Devir existia um linha de revistas regulares, publicadas pela Abril Jovem, de Marvel e DC com um leque vasto de personagens, o que permitim seguir todos as principais incidências dos herois dessa editoras norte-americanas.

      Existiram algumas experiências em Portugal (como por exemplo: as revistas Homem-Aranha e Batman) que interromperam a distribuição das revistas brasileiras homónimas, mas que cujo conteúdo era uma continuação cronológica das aventuras das personagens editadas até aí. Após o cancelamento dessas revistas portuguesas as histórias continuaram nas revistas brasileiras.

      Não existia um interrupção grave em termos de continuidade .

      Quando surge a Devir (como sucessora de A/Cj) não se verificou uma sequência das histórias, existiu para começar uma quebra na continuidade. Em segundo lugar deixou de se ter uma série de revistas para passar a existirem só algumas, e que em alguns casos não eram sequer regulares.

      No melhor dos casos a Devir publicou entre 10 a 20% dos títulos da Marvel, o que é muito diferente do que acontecia anteriormente, para além disso existiram histórias que os leitores vinham a seguir que foram deixadas sem sequência. Os leitores ficaram a arder e sem terem como terminar de ler as histórias sem ser recorrendo a importações brasileiras ou norte-americanas.

      Com o surgimento da Devir existiu um corte na continuidade – elemento fundamental no Universo Marvel e DC – com o fim da Devir aconteceu um segundo corte, de novo com sagas incompletas e fins abruptos.

      As importações da Panini Brasil chegamram posteriormente e começaram com história em outro ponto da continuidade. Como são só importações parciais, existem várias situações onde é impossível seguir realmente as peripécias do Universo Marvel ou DC, as histórias são continuadas em outras publicações que não são distribuídas.

      Existem algumas revistas regulares DE personagens Marvel, mas não existem revistas regulares DO Universo Marvel. Isto para um Universo interligado é motivo para os leitores não aderirem aos projectos.

      Existe realmente a uma ideia de que a Devir proíbiu a vinda de revistas do Brasil, se o termo correcto é impediu ou proíbiu a vinda de revistas é algo que pode ser discutido.

      Embora os foruns da Central Comics já não existam, creio que é possível encontrar ainda em algumas mailing lists (da altura) comentários de responsáveis da Devir onde é justificada essa medida, salvo erro, era uma questão de não autorizar a concorrência de títulos que não pagavam direitos de publicação em Portugal, como a Devir fazia.

      Caso queira também podia pedir confirmações de outras situações, embora nesse caso fosse uma questão da palavra de X contra a sua, relativamente ao facto de a Devir (e o José Hartvig de Freitas em particular) ter efectivamente feito o que era possível, e por vezes impossível, para restringir os títulos de Marvel que eram comercializados em Portugal às edições de Marvel (da Devir), sem concorrência de títulos brasileiros.

      Como já justifiquei em outro post, para mim o plano editorial da Devir não resultou e o facto de não ter perdido dinheiro no primeiros anos é o mais surpreendente. A falha do plano ediorial é comprovada pelo facto de aquele segmento que foi a aposta inicial, o primeiro mercado onde a editora apostou, ter sido aquele que deu mais prejuizo deu: as bancas.

      Nada do que menciona em relação aos “sortidos” da Levoir contradiz o que eu digo, só pode é confirmar: existe uma aposta em apresentar uma grande variedade de personagens, mas não existe uma coerência cronológica ou sequer temática. É um modelo que tem resultado, mas cuja viabilidade a longo prazo me parece condenado, em particular por ser cansativo só ter pedaços de histórias. A maioria das séries publicadas, são na realidade um capitulo numa história mais vasta. Agora tenho plena consciência de como que uma colecção mais temática e coerente – por exemplo: o run de Brubaker em Captain America – teria vendas inferiores aos sortidos. É que uma colecção mais especifica só iria vender aos leitores de Capitão América, ao contrário do Universo Marvel, onde quem gosta de X-Men (por exemplo) compra os volumes do Capitão só para ficar com a colecção completa.

      Era possível terminar a publicação das histórias da Panini Espanha de modo satisfatória para os leitores. Bastava editar mais um número de Homem-Aranha Superior. Vingadores: Infinito podia ser editado com uma ou duas edições especiais nem que fosse para livrarias. X-Men: A Batalha do Átomo é algo semelhante. Era possível ter acabado as histórias sem as deixar pendentes, até porque o maior beneficiário seria a própria Panini, que no fim do dia é que detém os direito de publicão para Portugal. Do modo como a revistas terminaram terá (ou não) maior ou menor dificuldade em revender os direitos de Marvel para Portugal, algo em que deverão ter interesse uma vez que parecem não ter intenção de editar.

      Obviamente, esta nova quebra na continuidade da publicação de Marvel em Portugal, não é relevante para projectos editorias exporádicos, onde a continuidade é aleatória. Agora não deixa de ser estranho que um dos principais elementos do sucesso da Marvel – a continuidade – seja um elementoa ausente dos projectos editoriais para as suas publicações em Portugal.

      (Sobre as informações solicitadas e falta de divulgação da Panini Espanha)

      Se o Hartvig de Freitas não percebe porque a Panini não enviou essa informação eu também não, agora ainda percebo menos porque não mencionou esse facto – não ser responsável pela divulgação – quando lhe solicitei informação, indicando quem seria a pessoa responsável pelo envio. É que como explico do texto, foi-me indicado que era da sua responsabilidade (do lado de lá) do lado de cá, o Freitas nem enviou a informação solicitada nem explicou quem a poderia dar.

      Não tenho qualquer contacto directo da Levoir, uma vez que estava a falar anteriormente consigo, e pelos vistos a morada de mail do acalopsia não constava da mailing list que eles tinham, uma vez que não recebi da Levoir qualquer informação referente ao Universo Marvel. Olhe, depois se fizer o favor, envie-me o contacto da Levoir 😉

      Os motivos que levaram o AmadoraBD a não optar pela exposição dos Contos de Fadas está escalpelizada com o director do Festival, Nelson Dona, na entrevista que lhe foi feita e que foi aqui publicada.

      A vinda de CB Cebulski não estava prevista para o AmadoraBD? Eu quase que tinha a certeza de que tinha aqui algures uma declaração sua sobre esse tópico… onde era mencionada a vinda dele, mas posso estar equivocado.

      Já agora, eu não estava a criticar o festival por ter abdicado da exposição Contos de Fadas, estava a criticar a “falta de ambição” – chamemos-lhe assim – porque os autores presentes nessa exposição até acabaram por estar (quase) todos presentes em outras exposições, e pessoalmente (e então sem CB Cebulski sequer) é algo que o AmadoraBD pode fazer em qualquer altura. Os autores portugueses são fáceis e de contactar e a sua deslocação à Amadora não requer viagens de avião…

      Quando a Levoir publica alguns dos maiores nomes da BD norte-americana, não ser proposto (ou existir uma aposta) em nomes capazes de mobilizar público é paradigmático da falta de investimento (ou de interesse) no festival. A exposição Contos de Fadas era barata, e uma que teria mais benefícios para a editora do que para o festival, mesmo com as contrapartidas de divulgação propocionadas pelo Público. Não existir nenhum autor de Batman ou Surfista Prateado presente no festival, também é paradigmático desta situação.

      Deixe-me salientar, que em caso algum um quis dar a entender que existia um “plano central” para a edição de Marvel em Portugal, aliás esse capítulo chama-se “demasiados cozinheiros sem chefe” por isso, porque na minha opinião – e o Freitas confirma – não existe um “plano central”. É esse facto que para mim motiva a edição errática e caótiva de Marvel em Portugal, não existe qualquer plano central que permita uma edição coerente, consistente e regular das edições da Marvel em Portugal.

    2. says: Diogo Campos

      “Ninguém pode ter mais de um distribuidor de bancas. É um ou outro, são exclusivos. A Urbanos é o distribuidor histórico da Panini (para publicações e sobretudo para os stickers).”

      Não foi isso que me informaram na banca onde costumo ir mas posso confirmar. Aliás, o dono da banca costuma dizer que se não fosse pelas BDs e algumas outras colecções de uns poucos clientes, já teria desistido da Urbanos porque não lhe compensaria o trabalho e dinheiro empatado com a Urbanos.

  5. says: Bruno Campos

    Eu estava à procura de outra informação, mas estes apontamento do José Rui Fernandes (Mundo Fantasma) sobre a Devir (realizadas em 2000 na mailing list ComicsPT) ajudam a enquadrar os motivos por alguns considerarem que o plano da Devir para a edição de Marvel foi um fracasso.

    “O fosso de vendas entre a Abril e a Devir foi enorme logo de início.”

    Um projecto que tem um quebra de vendas “enorme” em relação ao seu predecessor, e não só não consegue recuperar esse público como perde 50% do público com que começa, não pode ser considerado um sucesso. Até porque os planos iniciais da Devir (a nível de publicações Marvel) não foram cumpridos exactamente por não este não ter tido o sucesso esperado, como acaba por indiciar José Rui:

    “Podes dizê-lo: eram os nossos planos. Quem me dera tê-los cumprido — queria dizer que tudo tinha corrido bem.”

    Estas declarações surgem no âmbito de uma troca de mails entre ex-colaboradores da Devir: José Rui Fernandes (Mundo Fantasma) e José “Ant” Silva (que será mais conhecido como fundador/moderador da ComicsPT), ambos estiveram (aparentemente) envolvidos no delineação do plano editorial (inicial) da Devir para a edição de Marvel.

    Só não é possivel é indicar exactamente se fosso de vendas “enorme” entre Abril e Devir, foi na ordem dos 50 ou 70 porcento, agora especulando que a Abril vendia metade das tiragens de 20 mil exemplares, isso pode significar uma perda de 4.000 leitores entre o fim da Abril e inicio da Devir, ao qual se acrescem os 3.000 leitores, isto é perder muito leitor, sendo que a maior quebra de vendas acontece (provavelmente) no fim de um projecto (A/Cj) e o início de outro (Devir) e não nos 6 anos de edição “regular” da Devir.

  6. says: Nuno Rosa

    Olá a todos,
    Tenho seguido com especial interesse toda esta saga dos comics em português há demasiados anos. Sou do tempo do formatinho da Abril Jovem, que me fizeram o leitor de comics que sou hoje. Acompanhei todas as incursões de editoras portuguesas pelos comics e os respectivos falhanços.
    Acho que o artigo está muito bom, e a meu ver, que não sei nada do mercado e de politicas editoriais esquece-se de uma coisa. O leitor português que compra comics (aparentemente somos 3000 ou menos) é elitista. Quer do bom e do melhor, sem pensar que isso vai encarecer o preço final, e isso afasta leitores (especialmente os mais novos, que poderiam ser fonte de receita).
    Eu explico-me. Para dar um exemplo recente, mal a Panini Espanha decidiu editar cá os comics agora cancelados, a grande discussão nos blogs era o tipo de papel, o formato, etc. Em todos eles, quem sequer referisse o formatinho ou papel de qualidade inferior, seria um herege com direito a lugar cativo na fogueira do tribunal do santo comic original. Tudo bem, aceito e respeito, também gosto mais de qualidade do que a falta dela. Mas se calhar, baixando a qualidade do papel (o formatinho está fora de questão pela própria Marvel, pelo que dizem), estes comics pudessem ser competitivos, e se calhar, o pai do miudo de 8, 9 ou 10 anos escolhesse um Homem-Aranha em vez de um Comix (que tem papel inferior, formatinho, mais paginas, etc…) que é mais barato, e entretem o petiz à mesma.
    Os comics importados do Brasil têm qualidade inferior aos que eram produzidos cá, esses continuam os nossos mais uma vez acabam.
    Como disse inicialmente, não sou especialista em nada, apenas em ler.

    1. says: Bruno Campos

      Disney e Marvel têm publicos alvo diferentes. O que torna a Comix muito barata é tiragens/vendas muito elevadas. O formato e qualidade de papel também é factor, mas é o secundário, sem ter tiragens altas e vendas altas não é possível ter preços baixos.

      As revistas da Panini não eram caras (3 comics ao preço de 1) um papel de menor qualidade podia tornar as revistas mais baratas em meia dúzia de cêntimos e pouco mais. O formatinho não faz qualquer sentido porque implicava um série de trabalho extra, incluindo retalhar os textos originais, basta comparar uma edição em formatinho e um comic original para ver a quantidade de texto que foi cortada.

      No Brasil existiu uma passagem do formatinho para o formato comic book e as revistas não desapareceram. Os preços baixos das edições brasileiras não é só devido ao papel, é devido ao facto de serem sobras. As revistas já estão pagas antes de cá chegarem, na realidade o lucro que a Panini Brasil tem com essas revistas é pequeno ou nulo. Se as revistas tivessem algum lucro significativo, a importação não era parcial e muito menos de quantidades limitadas.

      1. says: Nuno Rosa

        Não discuto os custos, ou a poupança que se teria em ter menos qualidade ou formatinho, não é a minha área, se o afirmas terás conhecimento de causa que eu não tenho.

        Em relação ao resto, só tenho duas notas:

        – Marvel e Disney terem publicos alvos diferentes. Não concordo, não há uma empresa do mundo que desdenhe um consumidor do seu produto cada vez mais novo. Significa que o seu produto terá uma longevidade muito maior e assegurada. Não acredito que a Marvel (ou outra qualquer editora) se fosse confrontada com leitores mais novos diga: não nos interessa, nós queremos os mais velhos. Aliás, lançaram diversas linhas para tentar agarrar publico mais jovem diversas vezes.

        – O lucro da Panini Brasil ser pequeno ou nulo. Concerta que sim, mas pequeno ou nulo é completamente diferente de prejuizo, e foi graças ao prejuizo que todas as tentativas de editar em português acabaram.

      2. says: Optimus Primal

        Teoricamente o publico devia ir saltando começa com Disney,aos 12 passa para os Super até aos 30 e tais,aos 40s para cima passa passa Vertigos os Simares.Só que nem nos usa isso é assim um Homem Aranha Superior nao difere dos Narutos,Dragon Balls por exemplo.

    2. says: Optimus Primal

      Inicialmente nao era nem devia ser,mas concordo sem formato x papel x nada feito.,Mas a maioria apesar de nao admitir comecou no formatinho depois foi sendo seduzido pelos hc e etc tanto é que a Marvel e dc quando nao tinham fé nos tpbs era tudo sc.Mal descobriram o nicho foram upgradando as ediçoes com cada vez mais comics e mais caras.Agora a moda é omenubizar ou deluxar ou premierisar etc

      1. says: Bruno Campos

        Estás a falar de coisas distintas: HC, Deluxe edition e afins são coisas do mercado norte-americano, e produtos direcionados para colecionadores que podem pagar bastante por uma edição. Um Omnibus é uma edição para colecionador, mas até é barata se fores fazer as contas e destina-se a apresentar uma quantidade de material superior aos TPB. Existiu uma melhoria significativa na década de 90 na qualidade de papel em que as edições em publicadas nos EUA, mas derivado a um factor de concorrência: A Image começa a publicar material com uma qualidade de impressão superior e vendia tanto ou mais que edições “normais” da Marvel ou DC.

        A mudança de formatinho para formato Comic Book, é opção do editor (ou melhor, dos editores do original e do que republica). No Brasil também se deu a mudança de formato e o mundo não acabou. A A/CJ falha com o formatinho a Devir falha com o formato comic book. As reclamações sobre os preços e formato das edições da Panini até não tem muita lógica, se tivermos em conta, que a maioria das pessoas que se queixa compra comic originais que custam mais. Cada revista da Panini era mais barata que um comic da Marvel e publicava 3 edições originais, era uma promoção de pague 1 leve 3.

  7. “Embora os foruns da Central Comics já não existam, creio que é possível encontrar ainda em algumas mailing lists (da altura) comentários de responsáveis da Devir onde é justificada essa medida, salvo erro, era uma questão de não autorizar a concorrência de títulos que não pagavam direitos de publicação em Portugal, como a Devir fazia.”

    Este seu parágrafo responde a ele próprio, senão paga direitos, não pode ser vendido! LOL! ANTES da Devir poder proibir, seria a Panini a fazê-lo, pelas simples razão que um contrato define um território, e que o contrato que existia anteriormente que incluía Portugal e Brasil, tinha deixado de ser possível na altura. Um contrato pode permitir publicar num país e distribuir noutro, mas isso tem de estar definido e quem distribui terá de fazer o normal: propor um volume de vendas, um royalty, um mínimo garantido e pagar um adiantamento, como em TODOS os contratos. Ou seja, distribuir na altura revistas brasileiras no mercado português seria pura e simplesmente uma quebra contratual. Além disso, tanto quanto eu saiba, não chegou sequer a haver interesse do editor brasileiro nisso. Houve lojas que traziam revistas em pequenas quantidades, via distribuidores ou pontos de venda brasileiros.

    “Só não é possivel é indicar exactamente se fosso de vendas “enorme” entre Abril e Devir, foi na ordem dos 50 ou 70 porcento, agora especulando que a Abril vendia metade das tiragens de 20 mil exemplares, isso pode significar uma perda de 4.000 leitores entre o fim da Abril e inicio da Devir, ao qual se acrescem os 3.000 leitores, isto é perder muito leitor, sendo que a maior quebra de vendas acontece (provavelmente) no fim de um projecto (A/Cj) e o início de outro (Devir) e não nos 6 anos de edição “regular” da Devir.”

    Como disse noutro post, noutra discussão, a Panini informou-nos que na sua melhor época, as edições portuguesas da A/Cj tinham chegado aos 20 000, e que no final (suponho que no ano de 97, mas já não me lembro), tinham caído um pouco mais de 3 000. As vendas da Devir começaram em 7 000 ou 8 000, e foram deslizando – na altura em que deixaram de ganhar dinheiro (que nunca foi muito), tínhamos começado a editar trades com bons resultados (aliás, muito bons por vezes, a primeira edição do Batman Ano Um vendeu cerca de 7 000 no primeiro ano e meio, por exemplo). Por esse motivo continuámos a editar revistas para bancas, porque mantinham o canal aberto, permitiam seleccionar as melhores bancas para envio de livros (algo que sempre funcionou muito bem, ao contrário das revistas que foram caindo), e criavam leitores apesar de tudo. A partir de 2003 e 2004 começou-se a perder dinheiro, e quando esse dinheiro passou a ser muito, cancelou-se (durante uns tempos fazia sentido mesmo assim por causa dos trades). No fim das edições as vendas das revistas andavam em 3 000 e tal. O que é surpreendente é que MUITOS trades vendiam mais que isso, o que a nós nos indicava que o problema também podia ser do formato.

    A quebra de vendas entre a A/Cj e a Devir depende por isso do período em que estmaos a falar. Em relação à data em que a Devir começou a reeditar Marvel, conseguiu-se um aumento considerável de leitores, talvez de mais um pouco que o dobro, mas em comparação com o melhor período, a quebra foi de mais do dobro, tipo 60-65% (94, 95? não sei muito bem, não me lembro e confesso que não liguei muito à história da A/Cj na altura, nunca li formatinhos, saltei directo da EBAL em formato branco e preto e branco para comics em inglês, aliás, para o franco-belga mais radical, Métal Hurlant, etc… porque andei no Liceu Francês).

    Mas essa quebra já foi da A/Cj, e seria isso sim, interessante saber porque ela ocorreu, e porque a Abril decidiu não continuar. Se está aí a maior perda de leitores, era interessante saber as razões!

    Quanto aos planos do José Rui Fernandes, que fez a produção das revistas da Devir no início, e que foi quem originalmente teve a ideia de apresentar a Devir à Panini (porque o Marco Lupoi da Panini, que é o chefe do licenciamento, andava à procura de um editor por desistência da A/Cj), houve muitas propostas e coisas que quea fazer e algumas foram canceladas. E se for ler o post do Zé Rui, e for honesto na apreciação pode ler muitas outras coisas. E sim, o Demolidor sem Medo foi birra dele, e vendeu mal em comic (a mini série de 5 números que a Devir lançou, que teve vendas muito fracas) mas vendeu MUITO bem no formato em capa dura que fizemos pouco depois (feito com as sobras encadernadas das revistas que tinham voltado de bancas e estavam em bom estado), e só tivemos penas de não haver mais revistas para se reencadernarem e vender em formato livro. ALIÁS… foi uma das coisas que nos convenceu a começar a virar o plano editorial para livros. Como disse, as revistas em banca nunca foram negócio por mais aí além.

    E veja (Zé Rui Fernandes): “O contrato com a Marvel é leonino. Foi uma delegação da Devir a Essen e
    voltou de lá com os “Heroes Return” debaixo do braço… O que te tenho
    a dizer é que basicamente a Marvel *sugeriu* a publicação do HR. E está
    a ser publicado, mesmo com reservas internas (do Brasil) muito fortes.
    Toda a gente critica a Devir, mas concerteza pensam que a Marvel é
    constituida por meninos de côro que andam nisto também para perder
    dinheiro. Os motivos eu não sei. Sei isto que acabei de dizer. É facto.
    A verdade é que os HR também têm o seu público (como sempre as opiniões dividem-se)”

    Foi um dos grandes desastres que editámos, não vendeu nada e acabámos por rematar a colecção com umas revistas de 96pgs bem mais caras só para fechar arcos de história. Junto com o Demolidor, convenceu-nos de que só devíamos editar X-Men e Aranha, e esquecer o resto (em formato revista).

    “Na Interzona vendem-se centenas de comics Devir (só somos suplantados pela Tema, acho)”

    Isto é “mercado directo”. (foi antes da Interzona se tornar BdMania Porto, e antes desta se ter tornado Mundo Fantasma).

    1. says: Bruno Campos

      O facto de 3.0000 se ter tornado finalmente no número base de leitores Marvel (e DC) causa-me algum espanto, sempre foi o número que avançei com base numa expeculação simples: na década de 90 existiam cerca de 3000 pontos de venda (bancas e quiosques) em Portugal. As edições importadas do Brasil de Marvel e DC não estavam em todos os pontos de venda e apareciam em quantidades diminutas, logo, mesmo que o público fosse superior a 3 mil pessoas, não existia nenhum título importado a vender mais de 3 mil.

      A Abril/Controljornal ter vendido 20 mil exemplares de alguns títulos de Marvel ou DC é surpreendente, mas não foi durante muito tempo que as quebras nas tiragens foram rápidas, basta pegar nas revistas para o confirmar. A A/Cj tinha espectativas de vendas para Marvel e DC idênticas às da Disney, e começou com tiragens idênticas, contudo as quebras foram brutais logo nos primeiros números.

      Para além da questão de existir ou não público o insucesso e quebras de venda da A/Cj é fácil de explicar por dois factores: falta de qualidade das edições e do material publicado.

      As revistas da A/Cj tinham má qualidade, e são um dos exemplos porque o formatinho não resulta. A partir da década de 90 passou a ser regra as páginas duplas, e as splash pages (à queima) e qualquer publicação que não seja num formato porpocional às revistas originais vai ter de andar a cortar o ter uma má apresentação, para além de outras questões que a redução para metade do tamanho original criam.

      A década de 90 e o material publicado nas revistas da A/Cj é do mais fraco que a Marvel já editou, foi material publicado numa época em que os maiores nomes da editora fugiram, existe um bom no mercado norte-americano, e um aumento das edições sem existir aumento da qualidade pelo contrário.

      O plano editorial da Devir falhou porque ele tinha sido concebido obviamente, para ter vendas superiores a 3 mil ou 6 mil exemplares. Caso contrário não teria sido reformulado quando começam a surgir as vendas de 6 (7 ou 8) mil exemplares (o dobro – ou mais! – das vendas finais da predecessora da Devir) e as revistas não seriam canceladas ao chegar aos 3 mil exemplares.

      Esta realidade não foi tido em conta, existia um objectivo de vendas que não foi cumprido. E não existiu capacidade para rentabilizar o produto tendo em conta o mercado existente.

      “Demolidor: Homem Sem Medo” não foi mencionado por mim, porque não considero que tenha sido um erro ser editado, o formato é que para mim foi um erro. Este é um daqueles trabalho (fora de continuidade) que não justifica uma edição em formato mini-série para bancas, deveria ter sido logo publicado directamente no formato álbum (edição especial/TPB).

      Não é possível existir qualquer tipo de projecto coerente de edição de Marvel em Portugal sem existerem 3 ou 4 revistas regulares de Marvel.

      As duas principais caracteristicas da Marvel e DC é o facto de serem um Universo inteligado, e de existir uma continuidade nas histórias. Ignorando estes factores, ignora-se o que contribui para o sucesso desse produto.

      As vendas da Marvel e DC estão sempre dependentes das revistas regulares publicadas, são elas que criam e alimentam esse público que segue fielmente. Existem títulos como Batman:Ano Um que vão sempre vender mais do que as revistas regulares em bancas, são histórias auto-contidas que podem ser lidas pelo público que acompanha as aventuras regulares da personagem, e por outras pessoas por não estar ligado à continuidade das revistas regulares.

      Dizer que a Mundo Fantasma é mercado directo é um erro, a Mundo Fantasma é um ponto de venda. E na altura em que a Devir surgiu a loja já era efectivamente Mundo Fantasma.

      1996 – surge a BDMania – Boavista, 1998 – surge a Marvel em Portugal, em 1999 existe a separação efectiva BDMania/Mundo Fantasma, por isso (e até porque os proprietários da Interzona, BDMania – Boavista e Mundo Fantasma foram os mesmo, mencionar pela demoninação comercial actual não me parece estar errado.

      Se quisermos a Mundo Fantasma (e as outras lojas de importação de BD) fazem parte do mercado directo norte-americano: elas trabalham com um distribuidora “norte-americana”, nos mesmo moldes que as lojas nativas. Agora, não existe nenhuma distribuidora nacional a trabalhar com neste canal de distribuição. As lojas especializadas até podem em alguns casos ter relações com um distribuidor, ou negociar directamente com editoras, mas não existe um meio de distribuir material em todas estas lojas, é um canal de distribuição para o qual não existe uma maneira simples de colocar o produto em todos os pontos de venda.

      Aquilo que existiu entre a Devir e Mundo Fantasma é identico à situação Levoir/Dr. Kartoon, a existência de um ponto de venda fora do circuito normal de comercialização do produto.

      A Tema sempre foi um papelaria/livraria onde é possível colocar material através de distribuidoras para bancas.

      O que pode estar a levar o Freitas a considerar a Tema e Mundo Fantasma como “mercado directo” é o facto de a Devir (que tem distribuição própria) colocar directamente as edições nesses pontos de venda. Agora isto não é mercado directo, é distribuição própria.

      Existem dois mercados: Livreiro e bancas. As bancas trabalham com publicações periódicas (diárias, semanais, mensais, etc), são publicações com pouco tempo de vida nos pontos de venda e que está depente da periodicidade da publicações. O mercado livreiro trabalha com publicações aperiódicas (livros, etc) que têm – teoricamente – um tempo de vida superior e onde a reedição e redistribuição de obras faz parte do modelo de negócio, o que permite poder fazer tiragens mais pequenas no que nas bancas.

      As distribuidoras de bancas não operam em livrarias, existem é canais de distribuição que trabalham com distribuidoras de ambos os mercados: Cadeias de distribuição como a FNAC e grandes superfícies, onde existem um secção de livraria e outra de publicações de bancas.

      E existe um canal de distribuição que, por norma, não trabalha com nenhuma distribuidora nacional: a lojas especializadas em BD.

      Existem situações que tentam contornar ester facto, por exemplo, pelo que tenho conhecimento a G. Floy tem como plano de negócios estar presente nas bancas (mas só em algumas) e no mercado livreiro (através da FNAC). Isto é possível por a FNAC trabalhar com a Urbanos, e por também ser possivel a uma editora colocar directamente nesse canal de distribuição as sua publicações. Agora isto não significa estar a explorar o “mercado directo”, significa que vão existir exemplares em alguns pontos de venda de um mercado (e canal de distribuição): bancas, e exemplares disponíveis em outro canal de distribuição: FNAC. Basicamente deverá ter a mesma distribuição que as edições da Panini Espanha tinha.

      Já agora dizer que nunca ligou muito à história da A/Cj é confessar um erro de palmatória. Então a Devir vai publicar o mesmo material que a A/Cj e as vendas iniciais e finais, o que poderá ter motivado essa quebra não é analisado?

  8. says: Reignfire

    Só referir 2 detalhes:

    – A Abril Controljornal começou em abril de 1995 e acabou em dezembro de 1997.

    – Quando a Devir começou a publicar Marvel em junho de 1999, a loja que existia no Porto chamava-se Interzona. Só uns anos depois é que passou a designar-se Mundo Fantasma.

    1. says: Cesário

      Também confirmo esta info. As publicidades da Interzona até vinham nos comics da Devir se não me engano.

      Uma vez contaram-me a história dessa livraria e de como passou de BD Mania Porto para Interzona. É história de ‘faca e alguidar’.

      Todo este percurso dos comics em Portugal dava uma série interessante tipo ‘Mad Men’. Só não há é uma Joan Holloway (Christina Hendricks) para apimentar a trama. Já Pete Campells há varios, infelizmente.

      1. says: Optimus Primal

        Eu tambem apesar de conhecer a loja desde o inicio ja esteve em 2 varios nomes e varios localizaçoes mas quando regressei da bd depois de um exilio nos videoclubes era interzona em 1999 foi Bdmania durante um ano ou 2 e só quando editaram em conjunto com a Devir a bd com esse nome mudou de nome definitivamente isso já em 2002.

      2. says: Bruno Campos

        A Mundo Fantasma publicou BD com esse nome (já não sei se foram 1 ou 2 obras) e depois publicou outras edições com o nome MaisBD.

        “Durante 1999, as diferenças entre os projectos das duas lojas BdMania começaram a ser evidentes e no fim desse ano estavam terminados três anos de colaboração. No Salão do Porto desse ano, lançamos a nossa primeira obra de BD, “Alguns Dias Com Um Mentiroso”, de Etiénne Davodeau.”

    2. says: Bruno Campos

      http://www.livraria.mundofantasma.com/sobre-a-livraria/

      A história da Interzona > BDMania – Boavista > Interzona > Mundo Fantasma (A loja é a mesma…). Encontram lá a datas para tudo, menos da mudança de nome, a menos que tenha visto mal. Em 2000 o José Rui Fernandes (que é um dos proprietários/sócios-fundadores) já falava da loja como sendo Mundo Fantasma, como acontece na mailing list para a qual existe um link mais acima.

    3. says: Bruno Campos

      Já agora, só para complementar a informação sobre o periodo de 97 a 99

      “Também em 1998, fomos a Angoulême que dedicava alguma atenção a Portugal e à sua banda desenhada. Um acontecimento que mudou um pouco o panorama da edição nacional passou despercebido: Marco Lupoi, director da Marvel Europa andava com um Quadrado (com a capa do Don Rosa) à procura do editor. Finalmente encontrou o José Rui Fernandes (fundador da Quadrado e editor da altura), que junto com o Paulo Costa teve uma reunião informal no stand da Marvel, onde ficaram a saber da insatisfação face ao editor português e disponibilidade em mudar.

      Já em portugal, numa conversa telefónica com o Pedro Miranda da Devir, começou-se a alinhavar a nova edição Marvel em Portugal, ao que se seguiu uma reunião em Luca com o Marco Lupoi, José de Freitas e José Rui Fernandes. E assim, a Marvel voltou a Portugal, com uma qualidade sem precedentes e centenas de edições desde então.”

      Da informação que consta na página oficial da Mundo Fantasma.

  9. says: Optimus Primal

    Os meus 2 centimos:

    1:O Fracasso da ediçoes em Portugal já vem de a muito desde as 1as ediçoes com Bandeira Portuguesa.
    2.O fracasso da Abril cj em Grande parte foi devido ao material da Decada de 90,Esta ainda teve e esgotou titulos mais famosos dos comics tipo A Morte do Superman,a Queda do Morcego o Crepusculo Esmeralda nas quais só a Queda saia em formato revista(S) o resto era só ediçoes especiais.Esses titulos pura e simplesmente desapareceram com a Devir tirando o Batman que tinha direito a numa coleçao chamada Universo dc a ter 5 em 7 titulos,E ainda tinha uma Chamada Classicos Batman.Quanto a Marvel apesar de mais popular a Abril cj teve talvez o grande hit com X-men na Genese Mutante quando cc abandonou a Marvel depois a situação viria arrastar-se até a Era do Apocalipse e Devastaçao quando a Devir pegou serie a Mega Saga da Epoca.Quanto a Aranha depois do fim da fase Michellene/Larsen na Abril cj tambem se arrastaria até a Saga do Clone no qual a Devir pegaria e arrastaria em 27 ediçoes de Homem Aranha e n especias ate relançar o titulo na epoca do filme na tao aclamada fase do Straz.
    Quanto a Wolverine a Situaçao e epoca em Abril/cj pega nao é famosa vitima de Lavagens cerebrais,perda de fator de cura e principalmente perda do Adamatuim nos ossos,muda para uma aparencia Grotesca na Devastaçao e é para mim a mais controversa revista da Fase Devir.teve de tudo uncanny x-men,Elsworlds,Thor sagas em continuaçao da revista X.men ate saiu em Trade e foi absorvida pela principal mas foi talvez a personagem que a Devir insistiu ate ao fim,Talvez em demasia.
    Vingadores na epoca da Abril/cj saia em Capitao America numa fase bem fraca da Marvel a fase das Jaquetas que levaria ao fim da equipa oeste e a nova equipa do Homem de Ferro baseada no desenho da epoca.Na Fase Devir saia no inicio da Devastaçao depois dos eventos de Crossing.Depois saiu na tal fase que pouco vendeu de Herois Renascem e depois do Retorno saiu as novas fases em tpbs que supostamente vendia bem para Grande Herois Marvel Devir um Mix composto por Vingadores que em Mensal durou menos ainda 4 numeros acho.Muito mais tarde viriam a ser relevantes para a editora 1 com Avengers Dissembled ignorada pura e simplesmente tal como Secret War e New Avengers.
    3:Para mim o erro da devir é em universos Dc e Marvel apostar em 4 polos citados acima que com fases boas ou menos boas afastam o leitor regular e quem ve filmes,as suas seguidoras nao teriam grande sorte,inclusive a propria Panni em tpb deixou coisas sem fim.Apesar de serem boas ediçoes.
    As coleçoes levoir são mesmo aperitivo,apesar de algumas falhas nas traduçoes e capas e a insistencia em materais wtf Superman/Batman e outros com autores duvidosos ou deixar arcos sem fim tipo Avengers do Jonhs,Nick Fury de Starenko etc
    4:A distribuiçao fica cada vez pior em 1990 ate 1999 todas a bancas tinham montras de bds.De 1999 ate ca fica pior para todas nem todas as bancas tem e quando tem tem poucos exemplares ainda tentei acompanhar as brasileiras mas os problemas citados acima levaram para o importado e digital.
    5:O futuro nao sei talvez venha a ser g-floy a pegar mas nao me parece que vai ter grande sucesso.

  10. says: Reignfire

    O Avengers Disassembled foi lançado pela BDMania em HC apesar desse livro não ter sido muito visto.

    Relativamente à Mythos, eu acredito na palavra do José de Freitas. Lembro de ler esta entrevista (http://www.texbr.com/portrasdopano/imprensa/20051231_bdjornal_b.htm) em que referem que não distribuíram cá Marvel nem DC, porque já havia uma editora portuguesa que o fazia. Isso não foi impedimento, pelos vistos. Simplesmente não quiseram foi pagar os royalties e nada feito. E não foi só Marvel e DC, como foram tantas outras séries de várias editoras. Provavelmente Juiz Dredd sai cá porque os royalties não devem ser muito caros, ou então é porque os britânicos não se importam que mandem pra cá umas dezenas/centenas de revistas.

    1. says: Bruno Campos

      A frase do Dorival é: “Nós não podemos enviar revistas DC e Marvel para Portugal porque já existe uma editora portuguesa publicando essas revistas no país.” Não podemos e não queremos são dois verbos distintos.

      1. says: Reignfire

        Quando digo que não quiseram, é: como a Devir ou a Panini não autorizaram a distribuição de material Marvel e/ou DC da Mythos assim, sem mais nem menos, e a Mythos achou que não lhes compensava o custo de pagar esses royalties e enviar as sobras, decidiram não o fazer. Ou então foi a própria Panini que vetou mesmo a possibilidade da editora brasileira distribuir cá o seu material.

    2. says: optimus primal

      Eu sei mas foi muito depois e nunca foi para fnacs ou bertrands.mas na epoca de citei podia ter saido em tpb via devir em vez disso so saiu o tie in no aranha em tpb.

  11. says: Reignfire

    E até porque seria injusto uma editora portuguesa ter de pagar e bem os royalties de séries duma editora norte-americana, e vir também uma editora brasileira distribuir material, de certa forma, concorrente, e sem os mesmos custos.

    1. says: Bruno Campos

      O pagamento de royalties não é tão linear como isso. Geralmente pagas os direitos de X séries, e podes ficar com outros reservados. Apesar de o universo Marvel ser um universo interligado e vendido por atacado, não pagas todas as séries de uma vez, regra geral grande investimento é quando compras o direito de publicação e pagas adiantado um X em virtude de uma estimativa das tiragens e da percentagem de direitos de autor que são pagas. Depois pagas cossoante as vendas que os títulos tem.

      Uma editora portuguesa publicar Superior Spider-Man e um brasileira distribuir cá Superior Spider-Man é estarem duas editoras a concorrem entre si, efectivamente que o material é o mesmo, teres uma editora a publicar Homem-Aranha e outra a publicar Demolidor (por exemplo) não é concorência, são editoras complementares, e na maioria das vezes quem compra uma personagem não compra a outra e só o faz quando as personagens se cruzam, ou existem eventos de uma revista que tem reflexos na outras.

      A Mythos já pagava direitos de autor, e as revistas que são importadas para Portugal tem um custo extra: transporte de barco. Pagar direitos de autor extra e adicionar mais uma entidade com a qual iria repartir o bolo (quem nem seria muito grande): Distribuidora, Marvel e Devir. Neste caso é uma questão de pagar duas vezes direitos de autor.

      A maioria do material que é importado para as bancas são sobras, é uma maneira de as rentabilizar não tem muita lógica está a acrescentar o custo da transportadora (barco) e depois repartir o retorno financeiro com outra entidade.

      Já agora, existem séries de Marvel e DC editadas no Brasil pela Devir Brasil que também nunca chegaram cá, algumas até chegaram a estar nos planos da Devir Portugal com direitos pagos, mas em que optaram por não editar ou importar o material da sua congênere brasileira.

  12. says: Reignfire

    “Uma editora portuguesa publicar Superior Spider-Man e um brasileira distribuir cá Superior Spider-Man é estarem duas editoras a concorrem entre si, efectivamente que o material é o mesmo, teres uma editora a publicar Homem-Aranha e outra a publicar Demolidor (por exemplo) não é concorência, são editoras complementares, e na maioria das vezes quem compra uma personagem não compra a outra e só o faz quando as personagens se cruzam, ou existem eventos de uma revista que tem reflexos na outras.”

    Eu concordo com isso. Mas há quem não veja as coisas dessa forma. Porém quando tem-se uma 1ª empresa com uma gama de produtos e logo a seguir surge uma 2ª empresa com uma gama afim ou parecida, e a partir do momento que um cliente abdica de um produto da 1ª empresa, para, em detrimento, comprar um produto da 2ª empresa, há quem veja isso como concorrência. E isso acontece em muitas áreas de negócio – por exemplo, aqui na minha área de residência, o dono duma discoteca comprou o único bar da zona que estava aberto até às 5 da manhã, para o manter fechado, porque ele achava que esse bar lhe fazia concorrência à sua discoteca.

    “A Mythos já pagava direitos de autor”

    A Mythos pagava os direitos de publicação para o Brasil e não para Portugal. Hoje em dia é que no caso da DC, uma editora compra os direitos de exclusividade de toda a linha, para a língua e não para o país. No caso da Marvel, a Panini ainda deve funcionar com o esquema de cedência de direitos a editoras locais, podendo atribuir-lhe o direito de preferência a uma delas, digo eu.

    “Já agora, existem séries de Marvel e DC editadas no Brasil pela Devir Brasil que também nunca chegaram cá, algumas até chegaram a estar nos planos da Devir Portugal com direitos pagos, mas em que optaram por não editar ou importar o material da sua congênere brasileira.”

    A Devir Brasil nunca lançou nada de Marvel. Podes confirmá-lo no Guia dos Quadrinhos. Já de DC, publicou apenas publicou Wildstorm – Arrowsmith – que saiu cá e Vertigo dos quais não saíram cá 2 volumes de Fables e 3 de Preacher e 1 de Monstro do Pântano, enquanto que o resto saiu.

    1. says: Bruno Campos

      Existem atitutes “pouco inteligentes” que não são exclusivo da BD, e o temer a “concorrência” é uma delas. Em virtude disso, a BD nas bancas foi perdendo terreno até ficar reduzida a Tex.

      E já agora se concordas porque raio é que estamos a debater a questão é que o meu ponto de vista era só este: a publicação parcial de títulos do Universo Marvel leva a uma redução do público e torna mais complicado criar novos leitores.

      O plano editorial da Devir era mau, nunca contemplou em publicação alargada de títulos da Marvel. O plano editorial da Panini Espanha até era coerente, falhou mas foi tudo o resto!

      A Mythos pagava direitos de autor para publicar no Brasil, logo é incorrecto dizeres que não queriam era pagar, no máximo não queriam era pagar direitos em duplicado, por algo que serviria mais para escoar algumas sobras do que como uma fonte de rendimento.

      http://devir.com.br/hqs/catalogo.php

      Astro City, Authority, Fables, Tom Strong e mais um porradão de coisas, incluindo material que chegou a ter direitos comprados para Portugal mas nunca foram editados. Não sei de cor a lista, faltam títulos nesse página do site, podem já não ter os direitos ou estão esgotas ou ambas. A actividade editorial da Devir no Brasil é superior aquela que tem em Portugal.

      Estava só a salientar que existem outras editoras para além da Mythos que não colocavam cá outras sobras, usando um exemplo onde a questão de ter pago direitos não se devia colocar, creio eu. Agora tenho é uma teoria de que no caso das edições brasileiras que são efectuadas para livrarias, enviar sobras para Portugal não compensa à editora.

      1. says: Reignfire

        Ok. Tinha feito mal a pesquisa mas sim esses títulos da Wildstorm saíram no Brasil. Mas quem garante que para além do Brasil, a Devir detinha os direitos dessas mesmas séries para Portugal? Acredito que se os tivesse, teria importado pra cá de certeza.
        Se uma editora brasileira não detém os direitos para a edição portuguesa, mas mete-se a distribuí-la em Portugal sem mais nem menos, acredito que até possa fazê-lo, mas também acredito que também possa vir a ter problemas. Por exemplo, supondo que nenhuma editora portuguesa detém os direitos da série Invincible, e que tal dia a editora brasileira HQManiacs decide enviar bancas e/ou livrarias os seus tpb’s de Invincible. Não poderia o estúdio de Robert Kirkman e/ou a Image exigir o pagamento dos direitos para a edição portuguesa? E as editoras G-Floy e Devir não poderiam também efetuar uma queixa contra a HQManiacs por estar a lançar um produto em solo português, um produto considerado concorrente, em desigualdade de circunstâncias relativamente a estas editoras, sendo que estas que lançar as suas séries Image tiveram de pagar os direitos das mesmas?

        1. says: Bruno Campos

          Os direitos de autor não são pagos consoante o número de países onde a obra é vendida, mas derivado ao número de exemplares.

          A menos que uma editora seja desonesta, ela vai sempre pagar direitos de autor ao detentor dos direitos, independentemente do mercado onde a obra é vendida.

          A atribuição de direito com base em país é para garantir a “exclusividade” da editora que opera nesse mercado.

          Se não tens direitos de publicação de um material não podes fazer nada para impedir a distribuição de material brasileiro em Portugal, desde que a editora cumpra os restantes requesitos para operar no mercado português.

          A Devir Portugal comprou direitos de séries que nunca chegaram a ser editadas, umas ainda tiveram direito à publicação de um álbum, outras de uma história, outras ficaram só pelas traduções feitas, outras ficaram com os direitos comprados até caducarem.

      2. says: Reignfire

        “A atribuição de direito com base em país é para garantir a “exclusividade” da editora que opera nesse mercado.”

        Exato, mas essa exclusividade é relativa apenas àquele(s) país(es). Se for só exclusivo pró Brasil, é só pró Brasil, não inclui Portugal.

        “Se não tens direitos de publicação de um material não podes fazer nada para impedir a distribuição de material brasileiro em Portugal, desde que a editora cumpra os restantes requesitos para operar no mercado português.”

        A licenciadora seja Marvel/Panini, Image, DC, whatever, se não autorizar, com certeza que pode, basta apenas pelo facto de que a editora brasileira pretende fazer algo que não está previsto no contrato. E no caso da Mythos, algo os impediu de poder distribuir cá o seu material Marvel e DC, isso é certo. Se houve condições pra distribuir material de Image, Dreamwave, Dark Horse, e não houve pra distribuir Marvel e DC, por algum motivo foi.

        “A Devir Portugal comprou direitos de séries que nunca chegaram a ser editadas, ”

        Acredito que tenha acontecido, mas com certeza que foi porque não teve oportunidade par tala. Como o José de Freitas já disse, houve uma reestruturação dentro da Devir, entre outros fatores, sendo que esses, com certeza, impossibilitaram a concretização da publicação de material. Não acredito que hajam editoras que gastem dinheiro de porpósito pra não lançar séries ou pra impedir que outros o façam.

        1. says: Bruno Campos

          Uma editora quando compra direitos e não publica é porque algo no seu plano ediorial correu mal, como por exemplo vendas aquém das expectativas. Um editor pode comprar direitos só para exercer o direito de preferência sobre determinadas séries, acabando por comprar mais do que podia editar. Tecnicamente o comprar direitos para impedir que outros o façam e um realidade. Estou a falar no geral e não só neste caso em particular.

  13. Relativamente a venda de revistas e livros brasileiros em Portugal: como é ÓBVIO isso só pode ser feito com autorização do detentor de direitos, que tem de definir o território do contrato, e se essas revistas pagarem direitos. Desde o dia 1 que a Devir assinou o contrato com a Panini para editar a Marvel, que o território era Portugal, e nessa altura o território dos contratos brasileiros era o Brasil. Ponto. Se quisessem mandar, era pedir à Panini e ela responder “não”, “sim, mas pagam tanto”, etc… Nota importante: os contratos de edição da Marvel são para títulos ESPECÍFICOS, não são para “editar x revistas de 2 histórias cada, a definir mais para a frente”. São para editar “os números, x, y e x da revistas US de Amazing Spiderman, os números a, b e c da revista Uncanny X-Men, etc…”. NADA impede a Panini de ir vender a outro editor os direitos de editar OUTRAS revistas e livros. Obviamente, quando alguém se compromete a pagar um adiantamento razoável de x mil dólares para editar, por exemplo, 33 revistas e 10 livros, a Panini faz por dar uma espécie de exclusividade não-formal a esse editor, uma espécie de direito de preferência. Do género “olhem, há um gajo que quer editar o Wolverine/Hulk do Sam Keith, e oferece x, mas se vocês o quiserem editar, damos-vos preferencia, têm x meses para decidir”. A Devir teve essa espécie de direito de preferência durante os anos em que teve revistas regulares em bancas. Quando tomou a decisão de abandonar as revistas regulares, a Panini decidiu que deixávamos de ter essa preferência, e decidiu que venderia os títulos normalmente a quem quisesse comprar (e a Bdmania acabou por comprar bastantes). Por isso também deixou de ser estratégico para a Devir, que rediziu muito a sua produção.

    Mas durante os anos em que a Devir editou revistas regulares, não me lembro nunca de ninguém nos ter pedido para distribuir edições brasileiras cá. Houve uma situação do Elektra Lives Again, conforme o Zé Rui Fernandes referiu, mas o que se passou foi simples. No Brasil, a Devir é distribuidora de livros e revistas para o mercado especializado (ainda hoje é um dos principais distribuidores da Panini Brasil, p.ex. e na altura era distribuidora da Abril), e era costume, quando os direitos dum livro ou revista expirarem (porque os direitos também são comprados por x anos, normalmente dois, ao fim desses anos é preciso destruir o stock existente, ou voltar a pagar um adiantamento para continuar a vender) a Abril pergntar à Devir com quantos queria ficar. No caso do Elektra Lives Again, que tinha sido editado num formato razoável, os meus sócios no Brasil decidiram negociar um preço e comprar TODAS as sobras do livro. Era um livro com qualidade, e a Devir BR achou que ia vender tudo a seu tempo. E vendeu. E parte do negócio teve a ver com trazer parte dessas sobras para Portugal, onde acabaram por se vender umas largas centenas, em eventos e lojas especializadas. Na altura, decidiu-se (na óptica duma empresa integrada em vários países) que não se editaria esse livro cá, e se venderia o stock BR. Penso (mas não me recordo bem) que a Bdmania queria editar esse livro em capa dura, formato franco-belga (talvez tenha editado mais tarde….?), mas quando o Pedro Silva soube que havia uns 1200 no Brasil, desistiu na altura.

    É importante salientar que esses livros eram da Devir, e que a Abril tinha pago TODOS os direitos à Marvel. Ou seja, era um caso bem diferente de um editor vender fora do seu território sem autorização e sem contrato. De qualquer modo: creio que a Panini nem nunca teria sequer negociado sobre isso, a não ser num caso muito específico de um título só, por exemplo, antes de vir chatear um editor que garantia 30 ou 40 mil dólares por ano. Mas caso o tivesse feito, teria falado certamente com a própria Devir para ser a Devir a distribuir e aí toda a gente ganhava. Mas nunca aconteceu.

  14. Relativamente a direitos comprados mas não editados, isso aconteceu numa ou noutra situação, ou por se ter perdido a hipótese de uma coedição sem a qual o livros não fazia grande sentido, ou por outras questões. Houve também séries de que a Devir Brasil conseguiu direitos, mas a Devir Portugal não, e vice-versa.

    No caso das revistas regulares, as coisas passavam-se assim: no fim do ano mandava-se para a Panini uma previsão dos títulos que se iam editar (e estou a falar dum alista exaustiva de títulos, discriminados um a um. Anunciava-se que achávamos que íamos vender x mil revistas, a 3€ (p.ex.), e que se ia pagar x% de royalty, e que garantíamos que até ao fim do ano se iria pagar x mil dólares (chamado o “mínimo garantido”). Em Janeiro pagava-se metade desse valor à cabeça. Depois fazia-se contas a cada trimestre e quando o valor ultrapassasse o adiantamento começava-se a pagar. No fim do ano acertavam-se as contas. Se se tivesse vendido mais que o garantido (o que era o normal, porque entre Devir e Panini se admitia uma certa margem de erro a favor do editor, para não se comprometer a viabilidade financeira do projecto), pagava-se o extra. Caso não, pagava-se mesmo assim o que faltasse do garantido.

    NÃO se podia editar OUTRAS revistas ou OUTROS livros que os que estivessem no contrato. Ou antes, havia alguma flexibilidade para se fazerem trocas pontuais, mas em cada caso tinha-se de escrever um aditamento ao contrato e ter autorização da Panini. Se a meio do ano, p.x. quiséssemos editar o título X que acabava de ser um grande sucesso, fazia-se um contrato NOVO, pagava-se outro adiantamento, etc… Ou seja, no caso da Devir fazia sentido esperar sempre pelo final do ano para integrar outros projectos no mínimo garantido anual, porque assim fazia-se um bolo, e alguma coisa que vendesse mal era compensada pelo que vendesse melhor que o antecipado.

    Os contratos eram (e no geral continuam a ser) por território. No caso de se poder vender noutro território, não se pagam direitos de autor a dobrar! Se foram para outro país é porque não venderam no original, pelo que pagarão consoante o que venderem no outro país. Mas é preciso autorização e caso não haja um contrato em vigor, fazer um contrato e pagar o adiantamento, etc… Claro que se pagam os custos de transporte. Em casos especiais, as revistas podiam ter pago mais do que o que venderam no país original, e aí caso fossem para outros mercado e pagassem sobre as vendas nele, poderia ser que acabassem por pagar um pouco mais de direitos de autor (o extra que era pago no país A porque o editor se enganou, garantiu um mínimo demasiado alto, e não vendeu suficiente, e o resultado das vendas no país B). Suponho que em casos desses exista por vezes alguma flexibilidade no vendedor de direitos para ajudar o editor a resolver problemas, até porque não quer ele deixe de editar.

    Quanto a reservar direitos de livros, isso existe, mas é completamente informal, ou seja, não há nenhum contrato que o diga tipo ” deixamos que o editor A tenha um ano para decidir se quer editar estes livros”. Era uma coisa informal e de alguma maneira de cortesia. Por exemplo, e estas conversas ocorreram, creio, no caso da Bdmania que queria editar livros da Marvel. Mas obviamente, quando uma editora pede para editar p.ex. 4 livros, que vão render lá 4000$ à Marvel, e ela tem um editor que lhe garante 30.000$, é uma questão de cortesia perguntar ao editor maior se não quer ele editar esses livros. Mas posso garantir que seria sempre na óptica da Marvel conseguir extrair mais um X pelo mínimo garantido! Como disse, foram casos que nunca chegaram a concretizar-se.

    1. says: Bruno Campos

      A verba paga determina é feita com base na tiragem/vendas e não no território. O território determina onde se pode comercilizar, e onde se tem direitos de comercialização do material. Não se paga X por país. Daí ter indicado que os direitos seriam ser sempre pagos, e a opção (hipotética) de pagar à Devir iria significar pagar duas vezes direitos de autor a duas entidades diferentes.

  15. Mercado Directo: obviamente que mercado directo em Portugal e nos EUA são coisas diferentes. Mas veja o caso da Devir. Vendia livros e revistas em TRÊS canais diferentes. Em bancas (via um distribuidor de bancas, revistas + muitos dos livros mas não todos), no mercado livreiro tradicional e hipers (via um distribuidor livreiro, só livros e não todos) e directamente a um pequeno grupo de clientes: FNACs, Temas, outras lojas de revistas com área de BD e de jogos, lojas especializadas (poucas, mas muito relevantes) e pontos de venda de jogos (Magic, Pokémon, etc…), que eram muitos mas com compras pequenas (mas regulares, ou seja, sítios que levavam tipo 4 ou 5 de cada revistas mas TODOS os meses). Podemos andar a discutir definições, pensar se a FNAC faz ou não parte, mas isso é mercado directo. Compra TUDO e compra SEMPRE e compra a firme (com algum direito de devolução ou troca). Quando uma Tema levava 130 ou 150 de cada revista, a Mundo Fantasma uns 40-50 de cada, a 100º Página outro tanto, quando essas lojas representavam uma hipótese para os leitores novos encontrarem os números atrasados ou os encomendarem, etc… isso é mercado directo. Ponto. E era muito importante para nós: era previsível, era facturado a firme, e pagava em prazos razoavelmente curtos.

    1. says: Bruno Campos

      Isso é distribuição própria, só era mercado directo para a Devir, para a outras editoras que lá tinham livros era directo ou indirecto consoante o caso. Não existe um “mercado livreiro directo” existem editoras que têm distribuição própria. A Asa tem distribuição própria, mas vende em pontos diferentes da Devir.

      Mercado directo não é sinónimo de distribuição própria. Sendo que distribuição própria e algo que nem todas as editoras têm capacidade para fazer, e tem custos e benefícios adiconais incluindo a começar pelo facto de cortar um intermediário, a distribuidora.

  16. “Já agora dizer que nunca ligou muito à história da A/Cj é confessar um erro de palmatória. Então a Devir vai publicar o mesmo material que a A/Cj e as vendas iniciais e finais, o que poderá ter motivado essa quebra não é analisado?”

    Nunca liguei muito à história porque não a acompanhei ao vivo (ou seja, não lia as revistas deles), as razões da quebra de vendas serão certamente muitas e nunca se chegou exactamente a uma conclusão. Como você adiantou, também na altura achámos que o material editado era fraco, que não tinha havido uma aposta em qualidade física das revistas, etc… Houve outros factores, certamente, nem que seja pela maior concorrência de media que começou a haver na altura pelo dinheiro dos jovens, a internet estava a espalhar-se e a começavam a generalizar-se as consolas, a entrada de produtos como o Magic pode ter também tido efeito, etc… É impossível saber exactamente, e acho que nunca saberemos. Por não saber exactamente e por não ter acompanhado o processo é que fui muito exigente com a Panini em termos de informação sobre vendas e tiragens das revistas que a A/Cj editou. Sem isso nem sequer teria sido possível convencer a Devir Brasil a entrar no projecto! No fim de contas eram eles os sócios maioritários e que tiveram de aprovar ou não os projectos (este e muitos outros que fizemos ao longo dos anos).

    E as vendas iniciais da Devir representaram uma recuperação grande de leitores relativa ao último ano da A/Cj, embora representassem uma quebra em relação a anos anteriores. Mas nem tudo correu bem, claro. Como disse, isso são os números das revistas centrais. Se um Homem-Aranha vendia 6.000 ou 7.000, um HR ficava-se pela METADE e um Demolidor Sem Medo menos ainda – isso levou a que percebessemos que é difícil haver massa crítica em Portugal para revistas de outros heróis que não os centrais (Aranha e X-Men, pelo menos na altura era isso), e que certas coisas eram mais certas e fáceis em formato livro (para vender 6.000 é preciso imprimir MUITO mais, tipo 13 ou 14.000), para vender 2.000 dum livro… não.

    Em termos absolutos, a quebra da A/Cj em MENOS anos de edição que a Devir foi muito maior do que a da Devir, provavelmente também em termos relativo de percentagem de quebra.

  17. says: Reignfire

    “Tecnicamente o comprar direitos para impedir que outros o façam e um realidade.”

    Podem fazê-lo, mas editam, certo? Porque comprar direitos, pra evitar que outros os comprem e editem, e depois não editam, isso é completamente descabido.

    “Estou a falar no geral e não só neste caso em particular.”

    Quando dizes isto, tás a dizer que a Devir comprou direitos pra que outros não editassem , e ao fim acabaram por não editar? É isso? Se assim for, mais uma vez, digo que é descabido. Até porque, quem é que eram os outros? No tempo da Devir haviam outras editoras de comics em Portugal, que eu não conheça ou me lembre?

    1. says: Bruno Campos

      Estava a falar no geral (mesmo) não é qualquer tipo de indirecta seja a quem for. É descabido as pessoas comprarem direitos quando não pensam em editar, por vezes ate podem pensar só que esquecem-se de fazer contas e depois existe material que não e publicado. Sim, existem situações em que editoras pagam direitos de autor e não publicam o material pelas mais diversas razões. É uma realidade.

      Ás vezes até pode ser uma questão de ter mais olhos que barriga. No caso em particular da Devir basta ires ver as séries que era suposto serem editadas e não foram.

  18. says: optimus primal

    Quanto a polêmica de livros com direitos de autor chegou a haver 1 nr da 1a mini serie de hellboy ilegalmente nas bancas via mithos.na epoca deu grande celeuma para adevir.ja mini series series tipo warlands. Chega a faltar numeros fora que custavam quase tanto como uma mensal devir apesar de ter formato menor que o americano e maior que formatinho.

    1. says: Bruno Campos

      Esse é um dos casos em que não faz sentido: distribuição do mesmo material, sendo que aqui (situação de Hellboy) a Devir tinha toda a razão, em particular se era o primeiro volume que na edição da Mythos custava 1/3 ou coisa parecida da edição Portuguesa.

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