Beja à Vista! Vem aí o fenómeno alentejano!

O que é que Beja tem que a torna numa convergência nacional de BD, sendo a terceira cidade portuguesa com mais autores no activo? É só o 10º Festival Internacional de BD de Beja?

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O Alentejo é conhecido pela boa comida, pelas planícies a perder de vista, pelas casas caiadas com a barra azul, pelo calor sufocante no Verão e pelas anedotas que pintam os seus habitantes como não sendo amigos de trabalhar.

No entanto, em Beja trabalhou-se, e bem, para colocar a capital do Baixo Alentejo no mapa da BD internacional. Desde 2005 que assim é e o resultado é visível. Para melhor entender o fenómeno, há que perceber primeiro – porquê Beja?

Casa da Cultura - BedetecaBeja é um ponto fulcral na história da BD portuguesa do século XXI. Tem a Bedeteca com maior actividade do país, em funcionamento desde Abril de 2005 – e uma das três existentes no país – onde já estiveram em exposição mais de 500 autores. Tem 23 autores de banda desenhada no activo, o que a coloca em terceiro lugar (depois de Lisboa e Porto), todos eles “formados” no ateliê Toupeira, o mais antigo do país, a funcionar desde 1996. Tem ainda o fanzine de BD mais premiado de sempre na história da banda desenhada portuguesa – o Venham + 5 – com, essencialmente, obras de autores locais.

Cartaz da primeira edição.

E há o evento para onde todos estes esforços acabaram por convergir e onde este artigo pretende debruçar-se: o Festival Internacional de BD de Beja, um fenómeno de longevidade que conta este ano com a sua décima edição e considerado por muitos um dos melhores festivais de BD do país. Desde 2005, ao todo realizaram-se 147 exposições e expuseram em Beja (individual ou colectivamente), mais de 400 autores de 24 países.

Em nove anos, marcaram presença autores internacionais como Craig Thompson, Dave McKean, David B., Fábio Moon e Gabriel Bá, George Pratt, Gipi, Hermann, Jean-Claude Mézières, Lorenzo Mattotti, Lourenço Mutarelli, Loustal, Max ou Miguelanxo Prado, bem como os nomes de maior relevo a nível nacional, como Miguel Rocha, Filipe Abranches ou José Carlos Fernandes.

Embora seja o facto de trazer autores “tarimbados” aquilo que maior enfoque tem em termos de cobertura mediática, o que torna este festival um caso de estudo é mesmo o facto de juntar aos autores acima citados, outros que estão agora a dar os primeiros passos na sua carreira na BD. E quando falamos de BD, falamos de um leque bastante vasto, desde a BD alternativa e de autor ao manga e à banda desenhada franco-belga.

Exceptuando a edição de 2012, que a organização considera “atípica em muitos sentidos”, porque conseguida praticamente sem orçamento, nas últimas edições marcaram presença no Festival entre 7500 e 8000 visitantes, em média. Desses, cerca de 1500 a 200 vêm um pouco de todo o país. Há ainda visitantes oriundos de Espanha, dada a proximidade e a atracção que o evento exerce nos BDéfilos de Sevilha, Galiza e Andaluzia. No entanto, os visitantes estrangeiros não vêm só do país vizinho, mas também do Brasil, França, Polónia, EUA ou Itália, que acorrem anualmente à cidade “propositadamente para o festival”, sublinham os organizadores.

Com o repentino afluxo de visitantes, a cidade ganha outra vida, o município lucra e o sector do Turismo, como é claro, também: “Alguns visitantes já sentiram necessidade de ir dormir à Vidigueira ou a Serpa, por não encontrarem acomodação na cidade”, refere a informação avançada pelos organizadores, que acrescentam que “não é raro alguns dos visitantes voltarem depois do Festival, para apreciarem a cidade com mais calma”.

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