Nelson Dona Vence Prémio Cobardia

O director do festival da Amadora merece um prémio pelo seu desempenho.

Ao director de um festival pede-se que tome decisões e as justifique, Nélson Dona desde que exerce o cargo do festival que criou três pilares que servem de desculpa às suas decisões, esquecendo que os pilares só existem porque ele assim o concebeu.

Os Pilares Coxos

Para Nelson Dona o Amadora BD possuí três pilares:

  • A exposição central subordinada ao Tema do Festival, sendo que o tema é um mentira. Quando um festival possui um tema todo o conteúdo que existe no festival é subordinado a esse tema, no ABD não é isso que acontece. O tema só serve para justificar a exposição central e é utilizado nos concursos. Não existe mais nenhuma exposição no festival que seja subordinada ao tema da mesma.
  • Efemérides, para celebrar eventos que sejam significativos e justificar compra de exposições no exterior.
  • Prémios Nacionais de Banda Desenhada que são utilizados para escolher os autores que são expostos absolvendo o director do festival dessa decisão.

Este facto faz com que o festival tenha uma maioria de exposições virada para o passado: álbuns que  foram editados à um ou dois anos, autores que nasceram ou faleceram à 50/100 anos, personagens criados à 50/70 anos. É um festival virado para o passado, até no exposição central, porque como pretende ser representativa de um tema na banda desenhada é uma exposição composta por trabalhos com décadas de existência.

Este ano 10 das 17 exposições foram viradas para o passado (sete dos PNBD, duas sobre centenário e ainda a exposição central) restam sete em que duas são as previsíveis exposições dos concursos e dos livros publicados e oferecidos. Por esse motivo é que só existem cinco em 17 exposições que são um novidade, mas também são aquela com que o festival menos se preocupa. E fruto da matemática é possível verificar que o verdadeiro tema do festival acaba por ser os Prémios Nacionais de Banda Desenhada, aos quais são dedicadas sete exposições enquanto o suposto tema central só tem direito a duas. E são os PNBD que revelam a principal cobardia de Nelson Dona que tem utilizado os prémios como uma forma encapotada de determinar quais são os autores que têm exposições no festival. Esta é a única explicação lógica para situações estranhas que têm acontecido anos anteriores, como por exemplo: o vencedor do melhor álbum não vence o melhor argumento nem o melhor desenho; depois temos a situação em que o autor que vence uma categoria num ano não vence no seguinte, mesmo quando têm um trabalho superior. Temos autores que vencendo um prémio depois passam por um período de pousio em que só são nomeados ou nem isso, mesmo com trabalho de qualidade igual ou superior.

Essa é uma explicação para o grande derrotado deste ano dos PNBD ter sido Lugar Maldito de André Oliveira e João Sequeira, ambos vencedores no PNBD, em ocasiões distintas, e autores do álbum Tormenta, vencedor prémio melhor desenho. Pelo currículo, deviam estar entre os favoritos, contudo ninguém estranha não terem sido derrotados, mas não é devido à qualidade, é por ser normal os PNBD rodarem, ao contrário de outros países onde autores e obras serem nomeados e em alguns casos premiados em anos consecutivos é usual. Autores que possuem qualidade não a perdem por magia.

O Preço do Dinamismo

Existiu uma altura em que a produção dos autores nacionais era parca, como eram editados poucos álbuns a rotatividade nas nomeações e vencedores nem se reparava. Contudo a produção dos autores nacionais tem vindo a aumentar em termos quantitativos e qualitativos. Esse facto faz com que seja complicado rodar as nomeações e prémios por todos. Dois dos nomeados nos PNBD e o vencedor na categoria de Melhor Desenho em 2016 podiam ter sido nomeados novamente, porque editaram álbuns novos, mas não tiveram nem uma nomeação, isso não é muito normal.

Existia uma lista possível de nomeados que era mais válida do que aquela que foi realizada pelo júri do concurso, liderado por Nelson Dona, o qual apresentou uma lista que incluía dois autores que não cumpriam os requisitos para serem nomeados na categoria de Melhor Desenho para Álbum.

Os Atrasos da Incompetência

O programa do festival só ser conhecido com meia dúzia de dias de antecedência é algo surpreendente e fruto da incompetência de quem gere o festival. Existem exposições que já se sabe que vão acontecer com um ano de antecedência, como é o caso da exposição dedicada aos concursos e a exposição de livros oferecidos, a qual é sempre uma bela maneira de poupar dinheiro e vai  sempre existir uma exposição central cujo tema devem perguntar à Sara ou ao Pedro.

O Tema que só atrasa

Existem muitos motivos que é usual Nelson Dona invocar para os atrasos do festival, só nunca menciona é os atrasos causados pela exposição central, é que o tema resume-se a isso: à exposição central. Só após a Dona e o comissário da exposição definirem qual é a exposição central é que podem ser anunciados os concursos, porque estes vão ser subordinados ao mesmo tema que a exposição central, para criar a ilusão que existe um tema real.

O cartaz surge sempre tarde porque o autor da ilustração só pode efectuar a ilustração após o director do festival e o comissário definirem a exposição central e o gabinete de design definir qual será a imagem gráfica do festival nesse ano. Porque todos os anos o festival tem de ter uma imagem gráfica distinta.

Eu podia desenvolver podia desenvolver este tópico mais profundamente mas por agora fica o cerne: a aprovação do orçamentos do festival é muito relevante porque é ela que vai determinar as despesas que podem ser efectuadas com gabinete gráfico, comissários, cenógrafos e carpinteiros. Os custos com a presença de autores é o mais irrelevante, se o festival estivesse preocupado com esses custos, podia aprovar e marcar a vinda de autores com mais antecedência, algo que iria baixar os custos dessas deslocações.

Para minorar a despesa com os seguros de originais na exposição central este ano tivemos a presença de reproduções de grandes nomes e originais de ilustres desconhecidos, na maioria dos casos. Mas confesso que não fiquei surpreso por estar presente um original dum dos expoentes máximos dos autores sem talento: Marcos Farrajota.

Nem os vencedores são iguais

Foi com os PNBD que Nelson Dona oficializou a política de “filhos e enteados” nas normas, também os vencedores são todos iguais, porque existem autores que vencem os prémios e acabam por não ter exposição, em particular no caso dos autores estrangeiros cujos custos são superiores e aí a conceito de ter exibições dos vencedores desaparece.

Em outras situações temos situações originais como o álbum o álbum do Surfista Prateado escrito por Stan Lee, ilustrado por John Buscema e Moebius ter originado uma exposição dedicada ao personagem, a qual contou com originais de autores portugueses inspirados na obra de Moebius.

Os autores que tem marcado sempre presença é os vencedores dos prémios ilustração infantil, uma inovação de Nelson Dona, para dar relevância ao festival no mundo da arte, das actividades culturais, porque deve considerar que só a BD não é suficientemente relevante para o conseguir sozinha. O maior problema que eu tenho com a presença da ilustração infantil é que ser ilustrador de livros infantis é profissão em Portugal,

As Politiquices da Amadora e de Beja

O grande problema da Amadora é que promove politiquices que só beneficiam o seu director. Em Beja existe muita politiquice também, mas é da boa porque o Paulo Monteiro consegue agradar aos diversos segmentos da população utilizando um receita simples:

  • Promove exposições de autores com estilos destintos e de editoras diferentes.
  • Apresenta autores do passado, presente e futuro.
  • Assumir as opções que toma e os critérios/motivos porque seleciona, sendo justificada a relevância dos autores nas biografias que são enviadas para apresentar os autores, à comunicação social e ao público.
  • Perceber de Banda Desenhada, não andar obcecado com a “arte”.
  • Promover a BD nas suas diversas vertentes.
  • Reconhecer a necessidade de “cabeças-de-cartaz” para o sucesso de um evento
  • Demonstrar interesse e respeito pelos autores e editores nacionais
  • Ser competente.

No fundo o segredo é ser competente. ter capacidade para comunicar com autores, editores e com o público. Não é algo de extraordinário, as pessoas só estranham porque estão habituadas à falta de competência no AmadoraBD devido à incapacidade para assumir decisões. Os três pilares de Nelson Dona são três escudos que impedem o festival de evoluir e o tornam em algo monótono e previsível.

Selecionar exposições e autores presentes causa sempre dissabores, porque e existem sempre editores e autores que ficam frustrados se não forem seleccionados. Mas é para isso que o director de um festival é pago, para tomar decisões, Dona prefere escudar-se nos seus pilares, sendo esse o motivo porque à mais de uma década que temos todos os anos um festival dedicado aos PNBD.

O Museu da Amadora

O AmadoraBD transformou-se numa experiência museológica, virado para o passado que ignorando presente. Um dos exemplos disso é a exposição Tormenta, a qual apresentava trabalhos de um álbum de André Oliveira e João Sequeira editado em 2015 quando eles andam  a promover um álbum novo, Lugar Maldito, que foi editado este ano. É sintomático de um festival  que vive de costas voltadas para o mercado. Para terminar só quero voltar a salientar que PNBD têm relevância por determinarem as exposições que vão estar patentes no festival e quem é o autor em destaque no festival. Por isso é que eu gostava de ver o Moura a justificar a ausência do Conefrey dos nomeados, e só volto a falar dos nomeados, porque é nas lista de nomeados que se começam a cozinhar os vencedores.

O motivo de estar mais interessado na opinião do Moura do que na do Dona, é porque o Pedro Moura que é suposto ser o supra-sumo da crítica nacional, o garante da isenção e validade do júri, quiçá pelo seu envolvimento em diversos projectos em que está envolvido, alguns dos quais foram nomeados e vencedores. Por isso antes de terminar não posso deixar de lhe dar os parabéns pela vitória de Amanda Baeza, na categoria de Melhor Desenho, com Bruma um álbum que inclui uma história escrita pelo nosso crítico favorito.

Como é óbvio estes detalhes não ilibam de responsabilidades aquele que é o responsável máximo pelo júri, pelos PNBD e pelo AmadoraBD: Nelson Dona, director do festival.

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