Devir em 2015 com Alan Moore, Gerard Way, Jonathan Hickman e outros!

Depois de um início de ano auspicioso, a Devir promete um final de ano idêntico, com novas séries como Umbrella Academy e Este do Oeste, e regressos aguardados como a Liga do Cavalheiros Extraordinários.

A Edições Devir foi na viragem do século uma das grandes editoras nacionais de BD. Contudo eclipsou-se, após a perda dos direitos de publicação de Marvel e DC para Portugal. A nível interno,  a editora sofreu uma mudança significativa com a saída de José Hartivg de Freitas, sócio,  responsável da editorial e rosto da editora no seu periodo aureo, e que tem vindo a prabalhar no últimos anos com a Levoir, G. Floy  e Panini Espanha – na sua curta aventura em terras lusas – em conjunto com outras pessoas que colaborarm consigo na Devir.

Sem o material das duas grandes editoras norte-americanas a edição de banda desenhada da Devir foi parca, durante uns anos, mas tem paulitanamente vindo a aumentar, construindo um catálogo interessante.Parece que finalmente a editora encontrou uma linha editorial. Após ter editado em 2014 um número elevado de títulos para o panorama nacional, este ano continua e promete continuar com um dinamismo assinalável.

Nos primeiros sete meses do ano foram editados 12 livros: o último volume de Death Note, dois volumes de Naruto, dois volumes de Blue Exorcist, dois volumes de Walking Dead, os dois volumes do mangá All You Need Is Kill, o primeiro volume de Assassination Classroom (a nova série de mangá da editora)  e dois romances gráficos pela chancela A Biblioteca de Alice:  Pyogyang – Uma Viagem à Coreia do Norte, de Guy Delisle e Parker: O Caçador de Darwin Cooke.

Mas, ano editorial da Devir ainda está longe de terminar, e ainda existem mais sete títulos previstos, com estreias e regressos aguardados. Fica aqui um pequena antevisão aos títulos que deverão ser editados até ao final de 2015.

Capa de James Jean, para a edição norte-americana.

Umbrella Academy Vol. 01

Escrita por Gerard Way, vocalista da banda My Chemical Romance, e ilustrada pelo brasileiro Gabriel Bá, o primeiro volume (Apocalypse Suite) foi publicado em 2007 pela Dark Horse como uma mini-série mensal e posteriomente compilado em livro.

Em meados do século XX numa realidade alternativa onde John F. Kennedy não foi assassinado, no instante do golpe final numa luta de boxe cósmica 43 bébés superpoderosos nasceram aleatóriamente, de mulheres sem qualquer ligação e que não tinham revelado qualquer sinal de gravidez.

Sir Reginald Hargreeves, também conhecido como O Monócolo, um extraterrestre disfarçado como um empresário famoso, adopta as sete crianças sobreviventes, e prepara-os para salvar o mundo de uma ameaça não especificada como Umbrella Academy. Anos após a equipe se separar, Hargreeves morre, levando a Umbrella Academy reunir-se para e continuar a salvar o mundo de um vilão improvável.

Descrita como “família disfuncional de super-heróis”, Umbrella Academy foi premiada com o Eisner de Melhor Mini-Série em 2008, ano em que foi editado Dallas, segundo volume da série, estando previsto a edição de um terceiro volume (Hotel Oblivion) e de um eventual quarto.

Após ter estado para ser adaptada ao cinema pela Universal, foi anunciado em Julho passado que a Universal Cable Productions (12 MonkeysDominionMr. Robot) e a Dark Horse chegaram a um acordo para desenvolver uma série de TV baseada nesta banda desenhada.

The Walking Dead Vol. 13

O anúncio menos inesperado é a edição de mais um volume de Walking Dead. A popular série de Robert Kirkman e Charlie Adlard tem vindo a ser editada um ritmo regular pela editora, sendo que não surpreende a publicação de três volumes da série num ano

Curiosamente, o facto de os mortos-vivos serem um dos elementos chave desta série dava azo a algumas piadas e analogias relacionadas com a editora.

Quando começou a ser editada em Novembro de 2010, The Walking Dead era essencialmente a única série que a editora estava publicar, pelo que a associação de mortos-vivos e Devir parecia ser um ironia do destino. No entanto, foi esta uma das séries que marcou o ressurgimento da editora.

Ainda irá demorar algum tempo até as edições nacionais deixarem de ter um desfasamento elevado das edições originais. Em Portugal só estão editados metade dos 24 livros publicados nos EUA. Sublinhe-se que estarem cá  publicados 12 volumes de uma série em continuidade é um um feito para a realidade nacional. Por cá uma série ter publicados mais do que três livros é (ou era) um feito digno de registo, em parte graças ao elevado número de séries que foram iniciadas por diversas editoras sem que depois tenham tido continuidade.

Este do Oeste Vol. 01

Da autoria de Jonathan Hickman e Nick Dragota, Este do Oeste (East of West, no original) é um Western de ficção científica que se desenrola num futuro distópico de uma realidade alternativa, onde o destino dos territórios que outrora foram os Estados Unidos da América está nas mãos dos quatro Cavaleiros do Apocalipse.

Este  projecto pessoal  (creator-owned) de Jonathan Hickman,  um dos mais aclamados argumentistas que surgiram nos EUA na última década, começou a ser publicada pela Image Comics em 2013.

Tendo iniciado a sua carreira na Image, Hickman veio posteriormente a trabalhar para a Marvel, onde escreveu títulos de diversos personagens. Nestes incluem-se Os Vingadores, material que começou a ser editado em Portugal pela Panini Espanha, e que actualmente pode ser acompanhado nas edições da Panini Brasil.

Este do Oeste é um dos diversos projectos publicados por Hickman através da Image Comics, tendo sido publicados 22 números da revista mensal, tendo os primeiros 19 sido compilados em quatro livros.

O elenco de Este do Oeste.

Liga dos Cavalheiros Extraordinários: Século

Um regresso aguardado e cuja ausência começava a ser difícil de justificar.

Criada pelo lendário Alan Moore e Kevin O’Neil, Liga dos Cavalheiros Extraordinários (LCE) teve as duas primeiras séries editadas pela Devir.Constando  ter sido um êxito de vendas,  a não continuação da série começava a ser um curioso mistério.

Século é o terceiro volume da Liga, apesar de cronologicamente ter sido o quarto a ser editado. Black Dossier, o terceiro livro publicado, Estados Unidos, não é oficialmente o terceiro álbum da série, tendo sido concebido por Moore com sendo um livro de referência.

Séculoé um épico de 216 páginas abrangendo quase cem anos, dividido em três capítulos de 72 páginas. Cada um é  uma narrativa auto-contida que tem lugar em três épocas distintas. É natural que a edição de século será feita em três livros distintos e não num só só livro, tal com  dois primeiros volumes da série foram divididos em Portugal por quatro edições, cada uma com um número e páginas similar à dos três capítulos de Século.

Sobre a conturbada história da publicação da Liga nos Estados Unidos, voltaremos a falar em breve, porque esta é uma série que muitos leitores esperavam ver editada em Portugal.

Agência de Viagens Lemming

Capa da edição espanhola

A ausência de José Carlos Fernandes dos planos editoriais da Devir, ou de outra editora era Outro mistério difícil de explicar. Após ter produzido vários trabalhos – desde histórias curtas em fanzines, mini-álbuns e álbuns para diversas editoras – o autor algarvio teve um sucesso inesperado com O Quiosque da Utopia, o primeiro volume da série A Pior Banda do Mundo.

Convém salientar que o facto de o sucesso ser inesperado não é devido à qualidade do autor. É, em primeiro lugar, porque  “autor português” e “sucesso (de público)” é ainda para alguns uma heresia, e algo em que poucos acreditam. Em segundo lugar, porque a maioria não acreditava na validade comercial do autor,  reconhecendo-lhe a qualidade, mas dizendo “que não vendia”.

A sua edição (pela Devir) só aconteceu após insistência de João Miguel Lameiras – “co-editor”, na época, da Devir – de que a qualidade do autor justificava o risco comercial.  A insistência compensou o autor e a editora.  A Pior Banda do Mundo foi um sucesso de vendas e de público, e tornou  José Carlos Fernandes num dos autores de referência da BD portuguesa.

Agência de Viagens Lemming é um trabalho que foi originalmente publicado como pranchas diárias no Diário de Notícias em 2005 Tendo sido compilado em formato livro (em 2012) pela espanhola Asteriberri vai, finalmente, estar disponível nas livrarias portuguesas em português uma década após a sua primeira publicação.

Esta obra tem a particularidade de ter correspondido “de alguma maneira ao abandono do autor do círculo de criação da banda desenhada”, como é indicado por Pedro Moura.

Esperemos que este lançamento marque um regresso do autor, ou pelo menos da publicação de obras suas há muito anunciadas. Após a reedição de A Pior Banda do Mundo em dois luxuosos volumes em 2014 e a deste livro este ano, já é capaz de não ser vã a esperança de ver editado um novo trabalho de José Carlos Fernandes num futuro próximo.

Sorri

Colectânea do webcomic auto-biográfico da autora Taina Telgemeier, Sorri (Smile, no orgininal) será publicado pela chancela A Biblioteca de Alice. Entre as diversas distinções que Telgemeier tem recebido encontra-se o Eisner para melhor Argumentista/Desenhista, atribuído este ano.

Do Inferno


Tendo como base a teoria de Stephen Knight de que os assassinatos de Jack o Estripador foram parte uma conspiração para esconder o nascimento de um bebé real ilegítimo do príncipe Alberto Victor, Duque de Clarence e Avondale, Alan Moore escreveu uma das suas mais aclamadas obras, em colaboração com Eddie Campbell.

Do Inferno( From Hell no original) começou a ser publicado, em 1989, em capítulos na antologia Taboo, editada  por Steve Bissette.  Após a publicação número sete da revista passou a ser editado em série própria, de 48 páginas e aperiódica.

Inicialmente publicada pela Tundra – editora fundada por Kevin Eastman, criador das Tartarugas Ninja – Do Inferno teve os últimos fascículos editados pela Kintchen Sink Press, após a falência da anterior editora. Algo alheio ao valor da série, uma vez que o falhanço da Tundra deveu-se a  um erro de 14 milhões de dólares da responsabilidade de Eastman.

A série foi publicada em dez volumes entre  1991 e 1996, tendo sido editado um apêndice, From Hell: The Dance of the Gull-catchers, em 1998. Posteriormente foi editada um colectânea dos 10 fascículos, numa edição massiva de 572 páginas, pela Eddie Campbell Comics. Tem sido este o formato em que o álbum tem sido editado desde então.

Apesar de ser uma das obras de referência de Alan Moore, um dos mais aclamados argumentistas da actualidade, o seu caracter “massivo” com mais de 500 páginas fazia com que se considerasse ser  impossível a sua edição em Portugal, uma vez que os custo de produção são elevados. Contudo a Devir já editou anteriormente outras obras “massivas” como os álbuns de Craig Thompson, Blankets e Habibi.

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E ainda?

Convém salientar que para além destes títulos, poderá existir a eventual publicação de mais volumes de uma das séries de mangá que a Devir publica.

Após ter concluído este ano publicação de Death Note, e editado os dois volumes de All You Need Is Kill, a Devir começou a publicar Assassination Classroom em Julho, continuando a publicar três séries regulares de mangá, das quais ainda existem diversos volumes por editar.

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  • Assasination Classroom, a série de  Yūsei Matsui começou a ser editada no Japão em Julho de 2012 e tem, até ao momento, publicados 15 livros.
  • Blue Exorcist,  começou a ser editada em Abril de 2009 e tem até o momento publicados 15 volumes. Em Portugal estão editados  quatro.
  • Naruto, a popular série de Masashi Kishimoto começou a ser publicada em Setembro de 1999, após o personagem ter surgido num história curta em Agosto de 1997, tendo terminado em Novembro de 2014 após a publicação de 700 capítulos que foram coligidos em  72 volumes. A Devir começou a editar a série em Portugal em Julho de 2013, tendo editado até ao momento 10 volumes.

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Se, para alguns, a existência de três séries regulares de mangá é pouco, convém relembrar a que estamos a falar de Portugal, um país onde até há pouco tempo não existia nenhuma série de mangá a ser publicada com regularidade. É ainda de salientar que a edição de Naruto é um grande desafio para a editora, devido ao número de volumes quase absurdo para a realidade nacional, uma vez que o mercado português é bem distinto do japonês com o seu ritmo de publicação elevadíssimo, sustentando por um público voraz. Um facto que faz com que em 15 anos tenham sido publicados os setenta e dois livros de Naruto.

A publicação de uma série de mangá requer mesmo a edição de um número elevado de livros por ano, não sendo de surpreender a edição de três ou mais volumes duranteum ano por uma editora não japonesa.

Em parte por este motivo a Devir tinha-se vindo  tornar, nos últimos anos uma editora predominantemente de mangá, devido ao “elevado” número de títulos provenientes do Japão que estava a editar. Com as novas edições que vai publicar a oferta da editora ficará mais diversificada,  e regressa um pouco às origensvoltando a apostar na banda desenhada proveniente dos Estados Unidos.

Walking Dead, a única série regular americana que a editora publicava, vai passar agora a contar com a companhia de Este do Oeste. Duas séries   longas que estão a ser publicadas sem terem um fim previsto. Também vão passar a existir séries mais curtas no catálogo da editora: Liga dos Cavalheiros Extraordinários, com três volumes de Século  e dois das aventuras a solo do Capitão Nemo; e Umbrella Academy tem prevista a edição de quatro volumes, apesar de ainda só estarem publicados dois nos EUA.

A chancela Biblioteca de Alice também passou a ter este ano a sua primeira “série regular”:  Parker. Apesar de ser um romance gráfico auto-contido, O Caçador é a primeira de quatro adaptações dos romances escritos por Robert Westake, protagonizados por Parker, realizadas por Darwin Cooke para a IDW.

Com romances gráficos auto contidos, séries regulares de diversos géneros e proveniências, e um autor português de referência com material por editar e um longo historial de edições que podem ser reeditadas, a Devir começa a ter um catálogo bastante diversificado,  onde existem séries que têm editados um números de volumes que há meia dúzia de anos seriam considerados impossíveis de se editar em Portugal.

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3 Comments

  1. says: Lico Henriques

    Os títulos são do melhor, o problema são os preços praticados. Parker: O Caçador não é para o meu bolso, tal como não será para o de muita gente

    1. says: Bruno Campos

      A edição de Parker não está cara. 20€ por 140 páginas em capa dura é um preço normal. Obras com um elevado número de páginas e capa dura saem sempre mais caras.

  2. says: Optimus Primal

    Bom catalogo os Umbrella ja tenho autografados e divertem,espero e que a impressão tenha mudado com a volta das cores porque o Wolverine e Walking Dead e mazinha.

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