Como foi a Comic Con para artistas e expositores? – 1ª parte

Primeiro artigo com as opiniões de diversos intervenientes na Comic Portugal 2014, quer na zona de expositores quer na Artist's Alley. Para começar : Diogo Carvalho, Raquel Costa, Walter Dias e Melo Melowsky.

Ainda no rescaldo da Comic Con Portugal 2014, fomos perguntar a alguns artistas e expositores (livreiros, editores) as suas opiniões em relação ao evento, agora que já se passaram alguns dias desde o fim do mesmo e apesar de muito já se ter dito e escrito sobre o assunto.

As perguntas realizadas foram quatro:

  1. Quais eram as tuas expectativas para o evento e de que forma foram concretizadas?
  2. Como correram as tuas vendas?
  3. No teu entender, existem aspectos a melhorar no evento?
  4. Quais são as tuas expectativas para a próxima edição?

Neste primeiro de vários artigos onde recolhemos a opinião de diversos participantes da Comic Con, recolhemos as impressões do Diogo Carvalho e Raquel Costa, artistas presentes na Artists’ Alley, e de dois expositores, Walter Dias da Casa da BD e Melo Melowsky do expositor conjunto Libraria Paz/Banda Deseñada.

Raquel Costa, autora

Raquel Costa, ilustradora de livros infantis, participou no evento como artista com mesa presente na Artists’ Alley. A sua obra pode ser encontrada no site Little Black Spot e na sua página de Facebook.

[dropcap]1[/dropcap] Ao início não sabia muito bem o que esperar. Se, por um lado, achava que existia público mais do que suficiente para um evento deste tipo em Portugal, por outro, há sempre a desconfiança própria do embarque num projecto sem precedentes. As dúvidas acabaram por ser rapidamente dissipadas, quer com o anúncio de nomes para o cartaz da Comic Con, quer com o extremo profissionalismo do backoffice da organização. Quando surgiu o convite da FNAC para participar numa actividade de ilustração ao vivo no seu stand, senti reforçada a convicção de que iria valer a pena.

Acho, aliás, que [a organização] está de parabéns pois conseguiu fazer deste ano zero um verdadeiro sucesso, garantindo a afluência de público e a qualidade dos espaços e dos convidados. Obviamente, há pormenores a serem melhorados, mas genericamente foi um sucesso.

Numa perspectiva mais pessoal, parti para esta participação com o intuito de levar o meu trabalho a um público novo, de contactar com ele e receber o seu feedback, mas também poder conviver de perto com muitos dos autores que mais admiro na área e poder aprender com eles.

Acho que acabou por ser isso que me marcou mais no evento: o sentimento de pertença e partilha. Só lamento não ter tido mais tempo para visitar a feira e participar em algumas actividades, mas foi por uma boa causa.

[dropcap]2[/dropcap] As vendas foram excepcionais. Aliás, levava preparado um bom volume de material, mas ainda assim fui apanhada de surpresa e tive de produzir mais, logo ao segundo dia.

Acredito que o facto da Comic Con realizar-se tão perto da quadra natalícia também tem grande influência no volume de vendas. Também neste campo, uma aposta ganha.

[dropcap]3[/dropcap] Claro que sim. [Existem aspectos a melhorar], embora a apreciação geral seja muito positiva, acho que não estou sozinha se disser que a área que realmente precisa de grandes melhorias é a da alimentação. Além de insuficiente, era de qualidade duvidosa.

Relativamente ao Artists’ Alley, achei que poderia ter uma localização um pouco menos periférica, melhor iluminada e melhor climatizada. São questões de pormenor, mas que se podem traduzir em melhorias significativas, quer para os autores, quer para o público.

[dropcap]4[/dropcap] Devo dizer que são bastante elevadas.
Espero que a organização continue:

  1. A apostar em trazer nomes de topo da indústria, sejam eles estrangeiros ou portugueses;
  2. A ajudar os artistas e escritores emergentes a mostrar e vender o seu trabalho;
  3. A criar condições para o público poder desfrutar de variedade na programação do certame;
  4. A aposta em eventos de networking entre autores e editores, agências e outros elementos do meio.

Diogo Carvalho, autor

Diogo Carvalho é autor de banda desenhada tendo já colaborado nas antologias Mutate & Survive, Murmúrios das Profundezas e publicado a solo Obscurum Nocturnum, a sua mais recente obra que veio apresentar na Comic Con. O trabalho do Diogo pode ser encontrado no behance e no seu site oficial.

[dropcap]1[/dropcap] A minha maior expectativa era a que o evento corresse bem para, pelo menos, garantir mais edições. Não esperava o afluente de gente nos 3 dias, mesmo na sexta depois do horário laboral. O auditório A com a Morenna na sexta (o dia supostamente mais fraco) estava completamente cheio. A nível pessoal no Artists’ Alley, a minha expectativa era a de dar uns autógrafos, fazer uns desenhos, reencontrar e conhecer pessoal e principalmente divertir-me. Estas expectativas não só foram concretizadas como superadas em 200% por cento.

[dropcap]2[/dropcap] Como nunca tinha ido a uma comic con preparei-me com um certo pé atrás. Erro crasso. Apenas não vendi mais porque saí bastantes vezes da banca. Mesmo assim, correram muito bem.

[dropcap]3[/dropcap] Sempre. Têm sido discutidas várias coisas que eu não vou voltar a repetir, e por isso prefiro deixar uma sugestão. Como irão de certeza ter mais artistas para o Artists’ Alley, trocar a zona dos autógrafos com a do Artists’ Alley?

[dropcap]4[/dropcap] Espero que continuem a trazer pessoal da minha lista pessoal de autores. 🙂 No mínimo que corra como esta. Não peço mais nada. 🙂

Walter Dias, Casa da BD

A Casa da BD, é uma loja especializada em banda desenhada e merchandise que costuma marcar presença na maioria dos eventos relacionados com BD, anime e cosplay. Walter Dias fez uma balanço da presença desta loja no evento.

[dropcap]1[/dropcap] As minhas expectativas não eram muitas altas no início, tratando-se de uma primeira edição há muita coisa que não se sabe (se iria atrair muito público, qual seria o público que a  Comic Con atraíria, entre outros…) até porque tratando-se de uma 1ª edição está sempre mais sujeita a problemas de última hora. Mas, fiquei muito satisfeito tanto na perspectiva de comerciante como de um normal visitante, o recinto esteve bem cheio (especialmente Sábado) e com constante animação, e muito cosplay que dá sempre mais “alegria” a qualquer convenção.

[dropcap]2[/dropcap] Como já disse acima , fiquei feliz com a minha participação no que respeita às vendas, embora este primeiro ano tenha sido apenas para tirar o pulso ao género de público que visita o evento , para o ano trazermos mais produtos que julguemos indicamos para este género de eventos.

[dropcap]3[/dropcap] Sim, claro que existem [aspectos a melhorar]. Muito embora eu esteja claramente satisfeito. Quando digo que estou satisfeito é tendo em vista que se trata de uma 1º edição, nestes eventos, mesmo tendo dado um grande passo qualitativo em relação a outros, ainda tem muito que fazer para melhorar, mas isto é sempre um trabalho  incessante.

[dropcap]4[/dropcap] Para o próximo ano? Um evento melhor e com ainda mais público, mais oferta (em termos do que as lojas têm), mais animação e um programa um pouco melhor, a nível de autores se mantiverem o nível fico satisfeito, para finalizar um horário de abertura e encerramento mais virado para quem lá trabalha, pois estar das 10 às 22 horas… é cansativo. Porque não das 9:00 às 19:30?

Melo Melowsky, Livraria Paz e Livraria Banda Deseñada

Melo Melowsky é um dos responsáveis do festival de BD da Corunha – o Viñetas desde o Atlántico – e proprietário da Livraria Banda Deseñada em Vigo, tendo participado na Comic Con em colaboração com a Livraria Paz, de Pontevedra.

[dropcap]1[/dropcap] Nem nas nossas estimativas mais optimistas teríamos pensado que a Comic Con pudesse resultar no grande êxito que afinal foi. Tanto em assistência de público, como no ambiente, como é claro nas vendas, foi um êxito total.

[dropcap]2[/dropcap] As vendas foram excepcionais. Uma grande quantidade de gente desejosa de produtos relacionados com o mundo dos comics, cinema, televisão e em geral com a cultura pop. Não nos podemos queixar, embora todavia ainda seja cedo para avaliar se as vendas compensam o esforço e gastos envolvidos na Comic Con.

[dropcap]3[/dropcap] O melhor, as pessoas e o grande ambiente de celebração da cultura pop que se viveu durante os três dias de Comic Con. O pior… há sempre coisas a melhorar ou pequenas falhas, mas considerando que esta é a primeira edição, não há nada que se possa destacar como especialmente negativo.

[dropcap]4[/dropcap] Como disse antes, ainda é cedo para avaliar um possível regresso à Comic Con . Em princípio, tudo indica que os factores a favor superam os negativos, mas compreenderão que depois de quase uma semana de trabalho duro, pensar noutra Comic Con é difícil 🙂

Se me perguntarem dentro de uns meses, com certeza que a minha resposta é que nos veremos na Comic Con 2015.

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