Penim Loureiro e os Juvenis Idosos

O Diário Digital tem uma entrevista, realizada por Pedro Justino Alves, com Penim Loureiro sobre o seu regresso com à BD com o álbum Cidade Suspensa.

O regresso não foi premeditado. Se, por um lado, nunca pensei voltar a dedicar-me à BD, por outro, nunca coloquei essa hipótese definitivamente de parte.

O meu afastamento da BD foi natural: não estava empenhado na interação social e artística que este meio implicava, frequentemente ausentava-me dos eventos concentrando-me em produzir e desenhar as histórias.

Abandonei este universo em 1984 para iniciar outras atividades. Não me desliguei do desenho mas passei a ler muito pouca BD.

Mais tarde apercebi-me que não fui o único a seguir esta opção, quase todos os autores que se afirmaram na primeira metade da década de 1980 – a “geração 80”, como foi denominada por Jorge Colombo no seu artigo na revista Tintin – afastaram-se igualmente da BD.

Há uns anos atrás, esta ausência começou a “pesar”. O silêncio parecia-me, agora, insuportável; tinha vontade de contar histórias, de fazer uma recapitulação do período que passei ausente da narrativa gráfica. Em 2013, várias circunstâncias permitiram-me o regresso.

Penim Loureiro acaba por aprofundar um pouco mais os motivos do afastamento e, fala um pouco sobre a realidade da BD nacional no final da década de oitenta do século XX.

É claro que, na época, existiam personalidades e procedimentos no contexto da divulgação da BD que me irritavam profundamente e que ocasionalmente me conduziam ao desânimo, mas nunca foi pessoal. Creio mesmo que a citada “geração 80” foi toda compelida a desistir da BD pela ação do ambiente bedéfilo instituído na altura.

Em 1979, a geração onde me incluía, era considerada demasiado nova para ser levada a sério (perante os desenhadores mais amadurecidos nos anos 50/60, na prática profissional das artes gráficas). Já seria, porém, demasiadamente velha, em 1985, para ser citada (em comparação com os novos nomes que começavam a surgir nos festivais). São exemplo deste grupo de “juvenis idosos”, cuja fase produtiva parece ter sido espartilhada entre as datas de 1979 e 1984, Ajóta, Chico Lança, Filipe Abranches, Gibat, J. Pitágoras, J.P. Vilanova, Luís Nunes, Manuel Gantes, Pedro Morais, Ruca, Rui Chaves, Rui Real.

No fim de contas, creio que, pelo menos no meu caso, fazer banda desenhada passou a ser inviável por carências de logística.

A longa entrevista que fala sobre o passado, o processo criativo e a obra não deixa também de abordar o presente e o futuro do autor.

Encontro-me, neste momento, a trabalhar numa BD no âmbito de um projeto pedagógico, após a qual irei dar início a uma nova história cujo lançamento está planeado para o próximo ano.

Podem ler a entrevista na íntegra no Diário Digital.

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