O sucesso de Murena

Devido ás inúmeras séries que começaram a ser editadas na última década e que foram abandonadas, por diversas editoras, existe nos leitores o receio de que as séries que são iniciadas não cheguem a ser concluídas pelas editoras. Contudo existem algumas séries que têm conseguido vingar no mercado nacional, um desse casos é Murena, uma série escrita por Jean Dufaux; ilustrada por Phillippe Delaby e editada pela Asa

Murena tem a particularidade de só ter editados em Portugal 7 álbuns apesar estarem publicados os 9 volumes série, pois existem dois volumes duplos contendo dois álbuns da série.

Com a edição do nono volume, em Julho pela Asa, ficaram editados em Portugal todos os volumes que estão editados em França. O álbum Espinhos foi editado em Portugal um mês após a sua edição em França, outro facto raro que convém salientar.

Murena é uma série de BD histórica que mistura ficção e factos verídicos. Murena, a personagem que dá o nome à série, é uma criação de Dufaux mas a maioria dos personagens são figuras históricas, existindo um acurado trabalho de pesquisa para que asérie seja correcta do ponto de vista histórico. Em 2009 a revista L’Histoire, editou em parceria com a Dargaud, uma edição especial dedicada à Roma no tempo de Nero (Rome au temps de Néron),que tem um capitulo dedicado ao que é verdadeiro e falso na série Murena.

Murena acompanha o percurso de Nero desde a sua juventude, narrando a sua ascensão ao poder e a inevitável queda. É um retrato realista da vida nos palácios; do treino dos gladiadores; a violência na arena; as ruas sombrias e sórdidas; as campanhas militares; acesa luta pelo poder, os ódios e as intrigas.

A história começa na antiga Roma durante o reinado do imperador Cláudio, que se apaixona por por uma jovem mulher, abandonando a terrível Agripina e seu filho adoptivo, o futuro imperador Nero. Em paralelo, conhecemos Murena cujo caminho se cruza diversas vezes com o futuro imperador. Dufaux que constroi uma história com inúmeras ramificações que se vão entrelaçando numa de vinganças, que se desenrola em paralelo à expansão do cristianismo, uma temática que é aflorada de forma ligeira, apesar de estar presente no desenrolar dos acontecimentos.

A série está dividida em Ciclos, sendo o nono volume o início de terceiro ciclo de Murena.

1º Ciclo: O CICLO DA MÃE

1 – A PÚRPURA E O OURO, Asa, 2004
(La Pourpre et l’Or, Dargaud, 1997)
Agripinia, depois de ter conseguido casar com o Imperador Cláudio, procura formas de o eliminar. Ela tem um fillho, Néron, de um outro casamento, que Cláudio adoptou ao casar com Agripinia; contudo, Cláudio aproxima-se do seu verdadeiro filho, Britannicus, e decide que este último será o seu sucessor, decisão que Agripinia não pode aceitar, pois pretende que a coroa de louros vá para Néron. Cláudio tem também uma amante, Lolia Paulina, por quem já está apaixonado há bastantes anos e coloca mesmo a possibilidade de repudiar Agripinia e casar com Lolia, a mãe de Murena. Informada dos projectos do imperador pela acção de Pallas, seu espião, Agripinia está decidida a reverter a situação em seu favor e está disposta a tudo para que o seu filho aceda ao trono…

2 – A AREIA E O SANGUE, Asa, 2006
(De sable et de sang, Dargaud, 1999)
A ambiciosa Popeia toma o lugar da bela Acté no coração de Nero. Este prepara-se para participar e ganhar a grande corrida de carros que se vai disputar em Roma, no Circus Maximus. A competição decorre em clima de grande expectativa e contra tudo o que era esperado, a vitória não vai pertencer ao Imperador, mas sim de um misterioso participante que se descobre ser… Uma mulher!

(Nota: Os volumes 3 e 4 da série foram editados num álbum duplo na colecção “Os Incontornáveis da Banda Desenhada”, distribuída com o jornal Público, posteriormente foi editado em capa dura num exclusivo da FNAC)
3 – A MELHOR DAS MÃES; Asa; 2011 (La Meilleure des mères, Dargaud, 2001)
“A Melhor das Mães” – Tal como o imperador Cláudio, seu pai, Britânico foi envenenado. O testamento que poderia pôr termo às ambições de Nero está reduzido a cinzas. Consequência: Nero fica com o trono de Roma só para si. Mas não está sozinho pois, na sombra, a sua mãe Agripina mantém intactas as suas ambições de chegar ao poder. Nos jogos que animam os bastidores dos palácios romanos, Nero fica a saber que o assassínio de Cláudio se ficou a dever aos bons ofícios de Locusta. O novo imperador coloca-a ao seu serviço, mas Agripina replica mandando envenenar a envenenadora…

4 – OS QUE VÃO MORRER; Asa; 2011 (Ceux qui vont mourir… Dargaud, 2002)
Nero procura governar Roma como um grande líder, mas a sombra de sua mãe paira sobre os corredores do poder, tentando usurpar-lhe esse poder. Todavia, esta cometerá um grave erro se subestimar a habilidade do filho, que nesta altura ainda não está louco e conta com amigos fiéis. Entre eles conta-se Lúcio Murena, desejoso de se vingar daquela que causou a morte de sua mãe. Está em curso uma terrível conspiração para afastar Agripina do seu filho, que tenta seduzir graças à sua beleza fascinante.

2º Ciclo: O CICLO DA MULHER

 

5 – AA DEUSA NEGRA; Asa; 2011
(La Déesse noire, Dargaud, 2005)
A ambiciosa Popeia toma o lugar da bela Acté no coração de Nero. Este prepara-se para participar e ganhar a grande corrida de carros que se vai disputar em Roma, no Circus Maximus. A competição decorre em clima de grande expectativa e contra tudo o que era esperado, a vitória não vai pertencer ao Imperador, mas sim de um misterioso participante que se descobre ser… Uma mulher!

6 – O SANGUE DAS FERAS; Asa; 2012
(Le Sang des bêtes, Dargaud, 2006)
Decidido a vingar Britânico, o gladiador Balba vence Massam. Por outro lado, Murena prepara-se para partir para a Gália na esperança de aí encontrar aquela que ama e que o imperador fez desaparecer. Balba aceita acompanhá-lo na condição de que, quando regressarem, Murena o ajude a libertar Roma do seu tirano. Mas Popeia ainda tem uma palavra a dizer…

7 – VIDA DOS FOGOS ; Asa; 2012
(Vie des feu, Dargaud, 2009)
Em Roma, o verão de 64 d.C. promete ser quente. Murena deixa a Gália e retorna a Roma. Está atormentado pela perda da sua amada Acté. Volta para se vingar de Nero, que julga ser o responsável pela sua morte. O Imperador também está em sofrimento pela perda da sua filha Cláudia Augusta, com apenas 4 meses de idade. O que não o impede de ser implacável com aqueles que se colocam no seu caminho. Quando Nero descobre que Murena regressou, todos os que o tentam ajudar correm perigo e uma faísca pode bastar para devastar a bela cidade de Roma…

(Nota: os volumes 6 e 7 foram publicados em Portugal num álbum duplo)

8 – A VINGANÇA DAS CINZAS; Asa; 2013
(Revanche des cendres, Dargaud, 2010)
Roma arde… Nero sonhou e Murena executou. Este é o tema que domina esta história. As chamas destroem edifícios, a aflição é geral, uns correm para o rio Tibre, outros para o Campo de Marte e a tragédia atinge todos: ricos e plebeus. Só o bairro de Trans Tiberim é de alguma forma poupado e é lá que se refugiam Pedro e outros cristãos. Mas, mesmo nesta situação de destruição, a cobiça impera e a manipulação política é inevitável: há que arranjar culpados…

3º Ciclo: O CICLO DA MORTE

Murena 099 – ESPINHOS; Asa; 2013 (Les épines, Dargaud, 2013)
Estamos no ano de 64 e Roma foi devastada por um enorme incêndio. Nero já sonha com a reconstrução de uma nova e sumptuosa cidade, a sua cidade. Mas há que acalmar a cólera do povo, pois correm rumores de que o incêndio foi provocado por Nero. A quem se pode imputar essa  responsabilidade?

As intrigas da corte e da política, os interesses de alguns grupos, o amor e o ódio vão determinar que a escolha recaia sobre os Cristãos.  Começam as perseguições e o apóstolo Pedro é crucificado.

A par disto, desenrola-se o romance de Murena com a bela Cláudia, mostrando-nos cenas eróticas e sensuais.
Será que esta relação vai impedir Murena de se bater contra esta injustiça…

Este tomo foi publicado em Junho de 2013, em França, associado à polémica censura de 2 páginas.

Sobre os autores:
Jean Dufaux nasceu na Bélgica em 1949. Os seus primeiros trabalhos de BD foram publicados no jornal Tintin e, em 1983, escreve com Vernal a série Brelan de Dames e, em 1985, as aventuras de Melly Brown. 1987 é um ano em que cria Jessica Blandy – a primeira personagem a quem confere um forte perfil psicológico que viria a ser característica dos seus trabalhos.

Philippe Delaby começou a trabalhar aos 18 anos para a editora Lombard. Em 1987 assina, para o jornal Tintin, as primeiras pranchas no seu género preferido: História. A sua inclinação para este género viria a revelar-se acertada quando em 1994 recebe o prémio Clio pelo álbum Richard Coeur de Lion. Para além deste título, desenhou Arthur au Royaume de l’impossible, argumento de Duval, três títulos da saga L’etoile Polaire com Luc Delisse, e em 1997, para Jean Dufaux, desenha uma nova série baseada em factos históricos: Murena.

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