O Eisner ficou preso na alfândega!

Eu cumpri a penitência de ir ao AmadoraBD e o festival desiludiu com era de esperar.

Eu tinha dito que era provável que existissem exposições por montar, e o AmadoraBD não me deixou passar por mentiroso. A exposição de Will Eisner só fica pronta para a semana, porque os originais ficaram retidos na alfândega. Aparentemente este é um daqueles casos em que a culpa não está do lado do AmadoraBD (ABD). Mas, isto de as exposições não estarem todas prontas no primeiro fim-de-semana.

Prémio para a exposição mais inútil do festival

Eu continuo sem compreender para que raio é que serve a exposição do ano editorial, a qual não consiste em mais nada que em livros furados para os visitantes sentarem-se a ler de borla. É uma explosição duplamente inútil e redundante. A Camâra Municipal da Amadora já tem uma Bedeteca onde é suposto terem álbuns para a malta ler de borla, depois existe uma área comercial onde já existe uma “exposição do ano editorial”, aquela que a organização monta no festival é só serve para ocupar espaço e disfarçar a ausência de conteúdo real no evento.

Espaço a mais

Existe espaço com fartura no festival, contudo conseguem montar exposições em espaços reduzidos como a exposição da Revisão. Sara la Féria, responsável pelo projecto e cenografia, ganha o prémio de pior cenografia. Porra, eu não gramo o Farrajota, mas os autores da Visão, mereciam um pouco mais de respeito. A área da exposição é diminuta, e o pouco espaço que existe foi transformado numa pista de obstáculos. Se o objectivo era desincentivar os visitantes a verem a exposição conseguiram! Mas é um bocado incompreensível o espaço diminuto que lhe foi concedido quando imenso espaço no resto do festival.

Outra exposição que padece de falta de espaço é a dos autores portugueses a trabalhar nos EUA. A exposição está transitável e arejada, agora são é autores a mais para um espaço tão curto, em virtude disso acaba por ser uma pequena amostra de cada autor. Merecia mais espaço, até porque existem lá autores que são completamente desconhecidos por cá. O aspecto positivo da exposição é que dá para descobrir alguns autores que tem estado a realizar trabalhos para editoras norte-americanas, em particular as pequenas editoras,  e que eram desconhecidos do público.

Concurso anónimos

Uma das inovações dos ABD este ano foi não anunciar os vencedores dos concursos,. Os visitante são brindados com uma exposição dos trabalhos que concorreram mas estão só identificado com o pseudónimo dos autores. Pode ser que depois de serem anunciados os vencedores, no sábado, coloquem lá o nome dos autores, ou não.

O FIBDA está morto!

Existiu um tipo que me resolveu chatear por usar a abreviação ABD para falar do AmadoraBD, existe malta que é conservadora e ainda gosta de dizer FIBDA. Mas a verdade é que essa terminologia tem estado  ausente da comunicação do festival e, a utilização desse termo, só disfarçar que o presente já nada tem a ver com aquilo que o festival foi e os motivos porque o público gostava de visitar o evento.

O FIBDA era um festival em contra-ciclo pela positiva, tinha exposições e autores que eram relevantes no momento, por serem grandes nomes da actualidade qe ue estavam publicados em Portugal. Existiam autores e exposições que eram de autores inéditos mas representavam as novas correntes a nível da BD, como Juillard ou Miguél Angel Martín.

O ABD é uma versão light do Salão de Lisboa, desligado do mercado e da actualidade. Até no capítulo dos autores inéditos o festival não consegue trazer nada que seja reflexo  de novas tendências, porque o conceito de independente que por lá impera é um reflexo da escola de pensamento dos anos 90. É uma abordagem académica de uma modernidade que deixou de ser actual à décadas. Neste festival não se encontra Paul Pope, Brandon Graham, Toby Cypress, Becky Cloonan e Brian Lee O’Malley que são autores que já tem um carreira digna de nota e são representativos das novas correntes “indie”, mas na Amadora ainda se anda numa de Fantagraphics, D&Q, complementados  por projectos tão fora do mainstream que nem são reflexo daquilo que são movimentos alternativos nos seus países.

Agora devo salientar que achei piada à inclusão do Marcos Farrajota na exposição, ao lado de nomes como Kubert e Sacco deve ser para permitir ao público ver a diferença entre mestres e nulidades.

Quem são estes gajos?

Se o público olha para a lista de convidados e não conhece metade dos nomes é normal, a malta da BD também não os conhece. Existem que eu tenho a certeza que já ouvi antes mas não faço a mínima ideia de quem sejam. A área de sessões de autógrafos do AmadorBD este ano é uma boa área de convívio para a malta da BD nacional se conhecer., porque aquela lista de convidados nacionais só não está ao nível de uma Morta ou Raia, porque os eventos “independentes” nacionais são mais exclusivos e selectivos, deixando de fora autores que tendo qualidade não se enquadram dentro de um filosofia “independente”.

Por enquanto o ABD ainda tem uma selecção de autores nacionais mais diversificada, em particular porque precisa de malta para encher o programa, que o festival são três fins-de-semana e é preciso alguém na área de sessões de autógrafos. Se existisse um interesse real em promover os autores eles eram tratados de uma maneira diferente.

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