“We’re trying to bring back some of that ’70s punk energy of Heavy Metal, but update it and make it new again.”
Uma das notícias surpreendentes a sair da Comic Con 2015, em San Diego. O veterano e polémico argumentista será o novo editor da venerável Heavy Metal e traz consigo a sua visão muito própria para revitalizar a revista clássica.
Variante americana da lendária Métal Hurlant, a revista Heavy Metal manteve-se como um espaço para um tipo de banda desenhada mais madura do que a habitualmente publicada pela indústria dos comics. Muito influente nos anos 70 e 80 do século XX, publicou autores como Moebius, Richard Corben, Howard Chaykin e Bernie Wrightson. Trouxe regularmente o trabalho de autores europeus ao público americano e deu aos criadores americanos espaço para trabalhos mais radicais.
A aproximação da revista ao erotismo, mas também como fonte de divulgação cinematográfica, marcou a diferença face à indústria dos comics. Perdeu muito do seu prestígio nas últimos décadas, mantendo a tradição editorial mas sem atingir os elevados níveis de qualidade e criatividade que a tornaram um ícone incontornável da banda desenhada.
O cunho pessoal de Grant Morrison pode mudar isso. Em entrevistas, o argumentista já começa a revelar que pretende mantê-la actual regressando à sua base como publicação iconoclasta.
Correntemente, Morrison escreve Nameless para a Image. Os leitores ainda estão a dissecar o recente Multiversity para a DC e Annihilator para a Legendary. No seu longo currículo Morrison legou-nos as séries incontornáveis The Invisibles e The Filth, pontos altos de um trabalho que se caracteriza pelo radicalismo psicadélico. Supergods: Our World in the Age of the Superhero, o seu livro que mistura autobiografia com profundos conhecimentos sobre a história dos comics, é leitura essencial para os fãs do género.
A qualidade do seu trabalho não é consensual entre os fãs. Do grupo de super argumentistas cujo trabalho é garantia de interesse e qualidade, Morrison é frequentemente acusado de ir longe demais no psicadelismo e linhas narrativas tão tortuosas que se tornam incompreensíveis. Um dos comentários a esta notícia é que o argumentista que mais precisa de editores tornou-se agora editor.
A Bleeding Cool publica uma entrevista com o argumentista e agora editor, e a Entertainmment Weekly analisa o possível impacto de Morrison à frente da Heavy Metal.