Thor: Coração do Mundo

Conflitos intergalácticos e ameaças apocalípticas não são estranhos ao Poderoso Thor, mas qualquer evento que traga a atenção do Surfista Prateado e a de Galactus a Midgard é motivo de preocupação. E, quando esta é direccionada para Asgard, torna-se um problema que urge ser resolvido o quanto antes… mas o que fazer quando o próprio Odin parece estar em conluio com o Devorador de Mundos? Matt Fraction e Olivier Coipel, responsáveis pela revitalização de Thor em anos recentes, levam novamente o Deus do Trovão ao limite numa aventura épica na melhor tradição das sagas cósmicas da Marvel.

A estreia do poderoso Thor nesta colecção faz-se numa história em que o Deus do Trovão tem de enfrentar um adversário bem conhecido dos leitores, outro poderoso herói da Marvel: o Surfista Prateado. Um confronto que tem por objectivo impedir que Galactus, o Devorador de Mundos, destrua Asgard, e por acréscimo, a América – porque depois da destruição da ponte do Arco-íris, a pátria dos Deuses Vikings foi atirada para a Terra, e flutua agora sobre o Estado de Oklahoma. Thor e o Surfista Prateado são dois dos mais antigos e importantes protagonistas do Universo Marvel, e são uma constante ao longo da história da Casa das Ideias: o arauto de Galactus enfrentou o Deus do Trovão logo no quarto número da revista do Surfista, numa história de Stan Lee e John Buscema, publicada em 1968.

Na origem deste novo confronto está a Yggdrasil, a Árvore do Mundo, que foi rasgada ao meio, e verte o líquido do espaço-tempo, pondo em risco o equilíbrio do universo. É bem no fundo das raízes dessa árvore, no Coração do Mundo, que Thor, Sif e Loki, vão recuperar a semente da Árvore do Mundo. Um objecto de tal forma poderoso que pode assegurar a imortalidade a Odin, ou saciar a eterna fome de energia de Galactus. Mas não as duas coisas em simultâneo. O que leva a um combate sem tréguas entre as duas divindades, tendo os aterrorizados habitantes de Broxton, Oklahoma, como testemunhas.

Matt Fraction, o autor desta história, é um dos mais populares argumentistas da actualidade, graças ao seu trabalho nas séries Hawkeye (o Gavião Arqueiro, que protagoniza o próximo volume desta colecção, da autoria do mesmo Fraction) e da sua série independente Sex Criminals (na Image), que lhe granjearam um conjunto impressionante de prémios Eisner e Harvey. Neste caso, Fraction constrói uma história épica, repleta de momentos de aventura à escala cósmica e pequenos, mas certeiros, apontamentos de humor, dados pela ligação entre o volumoso Volstagg e os habitantes de Broxton.

Ao seu lado, está um dos ilustradores mais em destaque na Marvel nos últimos anos e presença habitual nas colecções que o Público e a Levoir têm dedicado à Casa das Ideias, o francês Olivier Coipel. O desenhador confirma aqui a altíssima qualidade do seu traço, aproveitando a presença de Galactus para amplificar a dimensão épica do seu traço poderoso, mas suficientemente versátil para transmitir um toque de humor, através das expressões do jovem Loki e da aparência dos diversos elfos e gnomos que vão aparecendo ao longo da história. Tão à vontade nos momentos mais intimistas, como nas cenas de acção grandiosas, Coipel, muito bem secundado por Laura Martin nas cores, gere muito bem o todo potencial do Surfista para permitir páginas emblemáticas (veja-se por exemplo a primeira aparição do arauto de Galactus, entre os destroços de um planeta destruído).