Este fim-de-semana começou mais uma edição do Festival Internacional de BD de Beja. Desta feita, a 10ª edição comemorou-se com uma programação ecléctica – como é usual – e muitos bons autores, recuperando os dias de glória pré edição de 2012, o ano da edição “orçamento zero”.
A decorrer até ao dia 15 mas já tendo ocorrido o grosso da programação, o festival prendou os visitantes com apresentações de novidades, conversas, autógrafos, visitas guiadas e muito mais.
O Festival de BD de Beja é, muito provavelmente, o evento mais unânime a nível nacional. O trabalho do Paulo Monteiro e da sua equipa tem sido consistente conseguindo-se afirmar como um evento de referência nacional. Muitos preferem-no ao AmadoraBD, reconhecendo mais valias que o festival da Amadora não apresenta, apesar de este ter mais recursos e já se tornou tradição fazer a “peregrinação” anual a Beja para estar presente.
Não tendo uma identidade que se assuma como sendo franco-belga ou comics, comercial ou alternativo, a verdade é que a mescla de nacionalidades, temáticas , obras e autores presentes e em exposição criaram uma identidade que transmite um cunho muito próprio ao festival.
Desde a BD mais alternativa à comercial – seja lá o que for que estas palavras representem no nosso pequeno mercado – não esquecendo a ilustração, não é possível encontrar uma montra tão ecléctica de referências e estilos noutro qualquer evento a nível nacional. Aqui, todos os projectos têm um lugar e um enquadramento próprio, onde nenhum é tratado com mais ou menos respeito do que outros.
O formato do festival, como o próprio nome Festival revela, afasta-se de eventos de natureza mais comercial, dando primazia às exposições e ao contacto do visitante com originais das obras dos autores, acessíveis e disponíveis para conversas formais durante os Dois Dedos de Conversa e durante as visitas guiadas, mas com quem se poderia facilmente aceder para uma conversa mais informal ou um autógrafo fora dos horários da programação.
Todo o ambiente convida à informalidade de um encontro casual nas ruas, restaurantes e esplanadas, nos corredores das exposições, no mercado do livro ou na arcada da Casa da Cultura. O festival é quase umas férias e foi curioso ver um workaholic como o David Lloyd sem conseguir relaxar por completo, queixando-se de que se sentia com remorsos por estar a fazer nada durante as horas “mortas” da programação, no fim-de-semana inteiro.
Este formato de festa calma não faz esquecer a vertente comercial. Diversos livreiros e editoras nacionais marcam presença com uma oferta variada e que reflecte sempre a lista de convidados dos festival, mas foram notórias algumas falhas por parte dos livreiros como, por exemplo, a quase total falta de exemplares da obra de David Lloyd.