O bibliotecário anónimo andou a passear pelo norte e ao regressar a Lisboa descobriu algo que já era do conhecimento público: a saída de Maria José Pereira da editora Asa. O facto do Bibliotecário desconhecer a notícia não é de estranhar, a blogosfera nacional ignorou o facto, não lhe tendo dar sequer metade do destaque que mereceu o facto de Karen Berger ter abandonado editora da Vertigo, algo que é obviamente mais relevante para a BD portuguesa. Contudo o “elogio” fúnebre que o Bibliotecário faz à Maria José Pereira é precoce, segundo consta ela vai continuar ligada à edição de BD em Portugal.
Pelo meio da diatribe existe um apanhado do que era o mercado da BD em Portugal no início do século e a Implosão de 2002/03 que é interessante relativamente interessante.
Graças ao “dumping” de álbuns franco-belgas de BD destas duas editoras, a Asa e a Booktree (e que a Devir, Mundo Fantasma, Polvo e Witloof também alinharam), o espaço de exposição de BD de autor vindo dos esforços da BaleiAzul, Polvo, Círculo de Abuso, Chili Com Carne, MMMNNNRRRG, Mundo Fantasma e Nova Comix, foi soterrado por obras anacrónicas e sem sentido para um novo público à procura da “graphic novel” entretanto formado pelos esforços da Bedeteca de Lisboa e do seu Salão Lisboa (1996-2005), e do Salão de BD do Porto (1993-2001).
Conta-se secretamente entre os editores que por volta de 2004, a cadeia de lojas FNAC devolveu toneladas de livros em camiões Tir, devoluções de álbuns de BD franco-belga que não se venderam. Mesmo assim, José de Freitas (ex-Devir, actual Levoir) no tal artigo, ainda acha que «o último boom que vivemos em Portugal – de 2000 a 2004 – esse foi um boom de facto, porque havia projectos e direcções por trás das editoras que se propuseram editar BD regularmente».
Editar regularmente sem se vender e queimando a terra de todos não nos parece nenhum “boom” mas uma valente caganeira.
Convém é dar um desconto ao moço pela caso de calopsia aguda e linguagem imprópria de funcionário público, o que vale é que aquela Bedeteca é anónima.