O Cemitério dos Elefantes marca o regresso de Jim Del Monaco, no ano do seu trigésimo aniversário, 22 anos após a edição do seu último álbum de originais: Baja África, publicado em 1993.
Jim Del Monaco é um caso singular na BD nacional, pela longevidade, popularidade e número de álbuns protagonizados: oito, se contarmos com este novo volume. Apesar de no contexto internacional uma série com oito álbuns ser usual, em Portugal é caso raro. Do mesmo modo que não é usual existir personagens recorrente, heróis, na obra dos autores nacionais.
Louro & Simões criaram uma série que possuía características usuais na BD aventuras franco-belga de linha clara, mas continha um portugalidade intrínseca, a qual torna impossível negar a origem do herói cujo sobrenome remete para França.
Algumas dos aspectos fundamentais da série, e do trabalho desenvolvido pelos autores, foram abordados por Carlos Pessoa, num artigo publicado no Público dedicado aos heróis da BD.
No entanto, é inquestionável que a imagem de marca dos dois autores está sobretudo ligada ao pendor satírico e humorístico de Jim del Monaco, construindo com pinceladas breves paródias que não poupam sequer os próprios protagonistas, como se nem autores nem heróis levassem demasiado a sério os respectivos papéis.
Todas as características já apontadas à obra permitem estabelecer uma identificação “portuguesa” para os personagens – nada explícita na construção de Louro e Simões -, que se manifesta pelos caminhos de uma ironia com “laivos de erotismo” (como sublinha João Paiva Boléo) e um tudo nada brejeira, graças à qual a série obteve uma apreciável popularidade.
Outras referências à BD, ao cinema e à literatura ajudam a compor um quadro coerente e substancial, pouco frequente no pequeno mundo dos quadradinhos portugueses.
Pelos excertos e informações que já foram disponibilizados é possível ver que Jim se mantém igual a si próprio, Em O Cemitério dos Elefantes vai enfrentar zombies excitados, ser perseguido por amazonas a precisar de dieta, descobrir a última morada dos elefantes e interferir com o programa espacial soviético.
Este álbum, concebido para comemorar os 30 anos “do mais improvável herói da era do colonialismo em pantufas”, é editado pela Asa. A editora que começou a editar a série me 1992, após a falência da Editora Futura que foi responsável pela edição dos primeiros quatro álbuns da série, a preto e branco.
Com 64 páginas a cores, com um preço de 14,95 €, O Cemitérios dos Elefantes estará à venda a partir de 22 de Setembro, contudo já se encontra disponível para pré-venda no site da editora.