Uma das mais lendárias figuras da banda desenhada americana e estandarte da invasão espanhola dos comics: Carlos Pacheco é, provavelmente, o artista de BD norte-americana mais publicado no nosso país. Natural de San Roque, Pacheco não é nenhum desconhecido do público português. Esteve presente em 2003 no evento português mais semelhante (a nível da BD) à Comic Con Portugal que se realizou em Portugal, o BD Fórum, esteve para regressar na edição de 2006 do Festival Internacional de BD de Beja mas cancelou a sua presença. Esta é uma oportunidade, 11 anos depois da sua última visita, de conhecer uma figura lendária.
Como muitos artistas na época, Pacheco tentou a sua sorte e foi admitido pela Planeta D’Agostini, editora da Marvel em Espanha à época, para criar pin-ups e capas para as suas publicações. Dando provas do seu talento, rapidamente é convidado para aquela que seria a porta das traseiras da Marvel: a Marvel UK, desenhando Dark Guard, uma mini-série de 4 números.
A sua entrada na Marvel americana dá-se com outra mini-série de quatro números dedicada à personagem Bishop, antes de rumar por breves instante para a “Distinta Concorrência” onde teve uma estadia curta no título Flash, então escrito por Mark Waid.
Voltou em 1995 para a Marvel, participando no Age of Apocalypse e Starjammers com argumento de Warren Ellis. Nesta fase o nome de Carlos Pacheco começa a ter impacto junto dos leitores e é novamente reunido com Ellis numa curta run da equipa Excalibur em 1996.
Nos anos em que a Devir publicou regularmente títulos da Marvel e de outras editoras americanas, Carlos Pacheco foi uma presença regular tanto nas revistas mensais como nos álbuns e nas colecções especiais editadas em conjunto com diversos jornais nacionais. A sua passagem pelos X-Men foi publicada na íntegra nos títulos Os Espantosos X-Men e Wolverine que republica a sua run do nº 62 ao nº 75 não sem antes publicarem Fantastic Four pré-Heroes Reborn (também integralmente publicada pela Devir).
Em 1999 dá-se um acontecimento que iria alterar para sempre a carreira do autor. Pacheco é agrupado com Kurt Busiek e Jesus Merino para o estrondoso sucesso que foi a maxi-série Avengers Forever (publicada este ano pela Levoir/Público). A equipa manteve-se unida para, quatro anos depois de Avengers Forever, publicarem Arrowsmith (também publicada pela Devir) um título creator-owned onde a 1ª Guerra Mundial é contada num ambiente de fantasia.
Em 2000 Pacheco volta à “Primeira Família” da Marvel e toma as rédeas do argumento e desenho de Fantastic Four do nº 35 ao nº 54 ao mesmo tempo que escreve a mini-série Inhumans (publicada em álbum pela Devir). com ambos os títulos a dividir créditos da escrita com Rafael Merin. Esta fase de Fantastic Four tem a particularidade de ter sido também publicada em Portugal na íntegra através das colecções Clássicos da BD e Clássicos da BD: Série Ouro, entre 2003 e 2005 pela Devir, em colaboração com jornais nacionais.
Oito anos após a sua curta estadia na DC, Pacheco volta para desenhar uma novela gráfica escrita pelos maiorais David S. Goyer e Geoff Johns, JLA/JSA: Virtue and Vice que em português saiu no início do ano pela Levoir/Sol com o título Liga da Justiça e Sociedade da Justiça: Virtude e Vício.
Após a pausa para Arrowsmith, Pacheco volta à DC para uma temporada de vários anos à frente dos principais títulos da editora. É emparelhado com Jeph Loeb para mais uma passagem pelos principais personagens da DC em Super-Homem/Batman: Poder Absoluto (publicado pela Levoir/Sol em 2013), passa pelo relançamento de Green Lantern da autoria de Geoff Johns, novamente para Superman voltando a reunir-se com o amigo de longa data Kurt Busiek e, por fim, em 2009 Final Crisis com Grant Morrison.
Em 2009 Pacheco volta novamente à editora que o catapultou para a fama para trabalhar com Mark Millar no seu Ultimate Avengers, Jonathan Hickman em Ultimate Thor, Uncanny X-Men de Kieron Gillen e Age of Ultron de Brian Michael Bendis. Actualmente encontra-se a desenhar Captain America de Rick Remender onde, no número mais recente, o Capitão América original, Steve Rogers, irá ser substituído pelo seu parceiro de longa data, Sam Wilson, o Falcão.
Carlos Pacheco é, actualmente, um dos maiores nomes na indústria americana de banda desenhada. O seu estilo muito característico passou por todos os principais títulos das duas maiores editoras, tendo trabalhado com a maioria dos grandes nomes da actualidade.
O que nos reserva o futuro deste virtuoso artista? Para já está na forja um regresso ao universo de Arrowsmith, juntamente com os seus companheiros de longa data e mais novidades, só perguntando ao próprio autor em Dezembro.
Bibliografia de Carlos Pacheco em Portugal
Álbuns
- Vingadores: Para Sempre Vol.1 (2014, Levoir/Público) – contém Avengers: Forever nº 1 a 6
- Vingadores: Para Sempre Vol. 2 (2014, Levoir/Público) – contém Avengers: Forever nº 7 a 12
- Liga da Justiça e Sociedade da Justiça: Virtude e Vício (2014, Levoir/Sol) – contém a graphic novel JLA/JSA: Virtue and Vice
- Super-Homem/Batman: Poder Absoluto (2013, Levoir/Sol) – contém Superman/Batman nº 14 a 18
- Inumanos (2005, Devir) – contém Inhumans nº 1 a 4
- Arrowsmith (2005, Devir) – contém Arrowsmith nº 1 a 4
- Clássicos da BD nº 8: Quarteto Fantástico (2003, Devir/Correio da Manhã) – contém Fantastic Four nº 35 e 36
- Colecção BD Série Ouro nº 3: Quarteto Fantástico (2005, Devir/Correio da Manhã) – contém Fantastic Four nº 37 a 45
- Vingadores: Esquadrão Supremo (2005, Devir) – contém Avengers/Squadron Supreme ’98
Revistas (Devir)
- Wolverine nº 2 – contém Fantastic Four nº 415
- Os Espantosos X-Men nº 4 – contém Fantastic Four nº 416
- Os Espantosos X-Men nº 11 – contém X-Men nº 62
- Os Espantosos X-Men nº 12 – contém X-Men nº 63 e nº 64, capa de Carlos Pacheco
- Os Espantosos X-Men nº 13 – contém X-Men nº 65, capa de Carlos Pacheco
- Wolverine nº 13 – contém X-Men nº 66
- Os Espantosos X-Men nº 14 – contém X-Men nº 67, capa de Carlos Pacheco
- Wolverine nº 15 – contém X-Men nº 69
- Os Espantosos X-Men nº 16 – contém X-Men nº 70, capa de Carlos Pacheco
- Os Espantosos X-Men nº 17 – contém X-Men nº 71 e nº 72, capa de Carlos Pacheco
- Os Espantosos X-Men nº 19 – contém X-Men nº 74
- Os Espantosos X-Men nº 20 – capa de Carlos Pacheco
- Wolverine nº 22 – contém Wolverine nº 127
- Os Espantosos X-Men nº 24 – capa de Carlos Pacheco
- Wolverine nº 24 – capa de Carlos Pacheco
- Os Espantosos X-Men nº 49 – capa de Carlos Pacheco
É espanholada com fartura minha gente!
O Comic-Con Portugal está cada vez mais a parecer um Comic-Con Espanha.
É de estranhar tão poucos Portugueses num evento que se realiza em Portugal. Fora o Cabral com muita obra publicada e de qualidade os outros dois quase não tem obra publicada e são fraca representação da qualidade dos artistas nacionais.
Ricardo Tércio, João Lemos, já para não falar que fazia falta os artistas/argumentistas que começaram na Kingpin Books.
Pode ser que ainda se redimam.
Espanha fica aqui ao lado, mas existe quem se esqueça disso. Não são os autores portugueses que vão ser um factor determinante na ida do público em particular quando existem eventos mais baratos ou gratuitos onde os podem encontrar.
A presença do Lisbon Studios já está confirmada embora não os moldes em que vai ser, e aí estão outros autores como o Ricardo Tércio que mencionas. Se eu não me engano o Maia e o Lemos têm exactamente o mesmo número de obras publicadas.
A presença de autores não está só dependente da organização, algo que é válido para os estrangeiros e para os portugueses.
Já agora: autores espanhóis confirmados: 3 (4 se contarmos com o que não foi confirmado). Autores portugueses confirmados: 4 (5 se incluirmos o Filipe Melo que apesar de não estar confirmado a sua presença está a do Dog Mendonça, que vai dar quase ao mesmo) para além disso ainda existe a presença das autoras da Banzai. E o Montenegro tem mais obra publicada do que o lemos e quase a mesma que o Tércio, e até publicou recentemente um álbum em nome próprio em Portugal.
Quando me referi ao Tércio e ao Lemos foi um pouco pelo recente lançamento do livro que inclui obras suas na colecção do Público (e o Tércio até foi recentemente publicado em França) o que seria uma boa referência para os visitantes do Comic Con.
Por mim este evento precisa de nomes fortes da BD Portuguesa: Filipe Andrade, Nuno Plati, Jorge Coelho, André Lima Araújo, Rui Lacas (a ASA bem podia lançar neste evento o Asteroid Fighters 3), Joana Afonso/André Oliveira, pois são autores activos, dão uma boa imagem do que se faz por cá e tem obra publicada AGORA.
Daniel Maia não é uma referência para ninguém, a não ser que se queira aprender como deixa escapar oportunidades de ouro – como ser seleccionado pelo Cebulski para desenhar para a Marvel e nem sequer conseguir respeitar deadlines dando uma má imagem dos artistas nacionais – e como criar incontáveis projectos que nunca se concretizam por culpa da sua própria inércia.
O Montenegro ainda se pode compreender pelos Psicopatos, mas o que teve publicado nos EUA já está datado e não teve assim tanta visibilidade (Red Prophet, Army of Darkness,etc).
É que só faltava mesmo conseguirem o Eliseu Gouveia, o eterno eremita, para completar o trio de Wannabes.
Se o evento vai ser visitado por pessoas de outros países, penso que se poderia apresentar uma melhor selecção de autores nacionais e não esta fraca amostra.
P.S.: Concordo que o colectivo Banzai pode ser um interessante atractivo para a miudagem que gosta de manga, mas a NCreatures é outra que falha muito ao criar expectativas que raramente são concretizadas.
P.S.2: O Lemos tem mais obra publicada que o Maia. Fairy Tales #1, Wolverine#1000, Mouse Guard, etc. É ir ao blog dele e confirmar: http://sete-estrelo.blogspot.pt/
Opá eu não gramo o Daniel Maia (os motivos nem interessam) e concordo inteiramente contigo em relação à avaliação que fazes dele, agora em termos de trabalho concreto a diferença de trabalho (para o Lemos) é muito reduzida 8/20 pranchas publicadas, o que no mercado norte-americano é muito pouco.
Já agora, prefiro o trabalho do Lemos ao do Maia, de longe e não é por uma questão pessoal, o Lemos tem talento é muito bom, mas agora o trabalho que tem publicado é muito pouco.
O Montenegro até tem algum trabalho publicado apesar de antigo e meio obscuro, e como mencionas o Psicopatos justifica a sua presença que e um álbum recente e que até esta editado em português.
A que fazes do Eliseu Gouveia é completamente injusta, ainda mais quando o colocas no mesmo saco que o Daniel Maia. O Eliseu Gouveia é um autor produtivo e que tem qualidade, parece é andar de costas voltadas com sorte, ao longo destes anos ele tem realizado BD com regularidade, mas sempre para projectos meio obscuros. Salvo erro, foi no último mês que foi editado um álbum ilustrado por ele para França.
No IberAnime de LX o colectivo Banzai lotou um auditório com uma centena de pessoas para um workshop de desenho mangá.
Se existe algo que os autores portugueses deviam aprender com o Maia era a dar nas vistas, a criar oportunidades, que nisso ele é bom, vai a todos e cria oportunidades e aparece sempre em todo o lado. A prensença dos autores portugueses está também dependente de dos autores quererem estar presentes, até porque do modo como a Comic Con é organizada a presença deles será provavelmente numa artist alley ou num stand de um editora. Não devemos ter secção de autógrafos tradicional no AmadoraBD tendo em conta o modelo das Comic Cons é diferente.
Agora, convém é ter um bocadinho de calma, porque anúncios de autores nacionais é provavel ficarem para depois do AmadoraBD, que a maioria dos autores nacionais já teve ou irá ter lançamentos ou apresentações lá, como o The Lisbon Studio – que inclui a maioria dos autores que mencionaste – e que esteve a apresentar o estúdio e as webmags, ontem no AmadoraBD. Nestes casos é natural que a prioridade seja promover o evento onde vão estar primeiro, até porque a presença de alguns elementos já foi anunciada, não sabemos é quais para além do Ricardo Cabral.
Sim, sou capaz de ter sido algo “duro” com o Gouveia. Ele até é o completo oposto do Maia.
O Maia “fala-fala-fala-e-20-anos-depois-faz-um-comic-de-20-paginas” enquanto que o Eliseu produz que se farta, é publicado, não falha deadlines e não passa a vida a criar projectos de BD “nados-mortos” e heterónimos que ele jura a pés juntos serem colegas de estúdio mesmo que nunca ninguém lhes tenha posto a vista em cima.
Que a organização deste evento se lembre mesmo dos nossos autores que labutam verdadeiramente, porque – e voltando ao meu primeiro comentário – se estão a trazer tanto autor espanhol para agradar aos visitantes espanhóis que tanto ambicionam, que tenham artistas Portugueses de qualidade e que os nuestros hermanos se sintam aliciados a segui-los e a comprar as suas obras.
Se assim for, lá me irei deslocar do meu covil em Sendim até às terras Portistas para apertar a mão e dar os parabéns aqueles que dão bom nome à BD Portuguesa. Porque se pelo contrário for para aturar espanhóis vou antes gastar os 60€ num bar de alterne catita onde também há “espanholada” com fartura.
Saudações.
Eles anunciaram hoje o André Lima Araújo, um dos autores portugueses mais publicados pela Marvel e já sabemos que vai existir o lançamento do novo álbum da Aida Teixeira e do Carlos Rocha, pelo que é natural ainda existirem mais portugueses.