Um dos lançamentos do AmadoraBD deste ano, em dose dupla, foi Armandinho Zero e Um, os dois primeiros volumes publicados em Portugal da obra de Alexandre Beck que retrata um menino brasileiro rebelde, refilão e curioso. A primeira tira de Armandinho foi publicada em 2010 no jornal Diário Catarinense, ainda o petiz não tinha nome, sendo Armandinho escolha dos leitores, e conta já com 600 mil seguidores no Facebook, plataforma que deu a fama a “’Dinho”.
Criado em 2009 pelo publicitário e ilustrador Alexandre Beck, foi no seguimento da tragédia de Santa Maria, um incêndio na discoteca Kiss, onde morreram 242 pessoas e 680 ficaram feridas (o terceiro maior desastre numa casa de diversão nocturna do Mundo), que Armandinho se tornou famoso. Uma tira de homenagem às vítimas tornou Armandinho na personagem de BD brasileira mais partilhada de sempre nas redes sociais.
O autor não procura fundamentalmente fazer humor, embora exista e muitas vezes pela naïveté da personagem, ao nos lembrar que já fomos miúdos e que se calhar as nossas perguntas e pensamentos não eram assim tão diferentes dos dele. No entanto, o ponto forte de Alexandre com esta personagem – e com a amiga Fê, os pais (ou as pernas dos pais) e o sapinho de estimação – é criar debate e discussão de assuntos tão polarizadores como o ambientalismo, a política ou o preconceito social, com as quase sempre presentes metáforas e jogos de palavras.
No Brasil conta já com quatro volumes de um enorme sucesso. Por cá, são publicados pela O Castor de Papel, um selo editorial da 4 Estações, editora fundada em 2014 que tem a direção editorial de Mário de Moura e de Ione França. Armandinho Zero e Armandinho Um são os primeiros lançamentos da editora. Para 2015, a editora espera editar os números Dois e Três, já publicados no Brasil.
Crianças que fazem as perguntas que todas as crianças – e adultos – deviam fazer não são uma novidade na BD. Basta lembrarmo-nos da contestatária Mafalda e o travesso protagonista de Calvin e Hobbes. Se formos por aí, as tiras de Armandinho não são propriamente uma novidade, embora isso não lhe tire qualquer mérito.
Tal como Mafalda, Armandinho é uma criança moldada pelo seu tempo, quer dizer, enquanto a argentina se questionava sobre o que tirava o sono aos adultos nos anos 60 do século XX, o brasileiro de cabelo azulado traça um retrato da realidade actual brasileira. Aliás, o paralelismo nota-se de forma bastante vincada nos comentários dos leitores na página do Facebook em várias das tiras, quando são os próprios leitores a fazer a comparação e a acreditar que Mafalda, não fosse o facto de ser já uma cinquentona, se iria dar muito bem com Armandinho.
Espero que os amigos de Portugal se encantem com essa fofura de “miúdo” =)
Beijos do Brasil!
Só uma correçãozinha… A personagem Fê não é irmã do Dinho, e sim amiguinha.
corrigido 😉
Nosso querido Alexandre é fenomenal!
Todos vão se encantar com ele, espirituoso, ingenuo, super amoroso, bem fico com muita saudade da minha filha nessa idade era também cheia de frases e perguntas…..e a Fê é a representação das menininhas mais centrada e madura o Alexandre é ótimo.