Pinturas Murais, Troféus, Aves Raras e Bogdanove

Fiquei com inveja do artigo do editor Bruno Campos em que, para recolocar o aCalopsia em dia, foram abordados diferentes temas de forma rápida. Por isso, e para me livrar desta inveja que é uma coisa muito feia, aqui estou a copiar o modelo.

Quem passar pela estrada velha de Queluz, na Amadora, descobre agora pinturas murais inspiradas nas imagens gráficas de diferentes edições do AmadoraBD. Lá estão, bem reconhecíveis, pinturas inspiradas nas imagens concebidas por Paulo Monteiro para a edição de 2012 (sob o tema a Autobiografia), por Filipe Andrade para a edição de 2011 (sob o tema o Humor), ou por José Carlos Fernandes para a edição de 2003 (sob o tema a Mulher), entre outros. Trata-se de mais uma excelente iniciativa que envolve a população local com o mais significativo evento cultural da cidade, e que sublinha o facto de, nos últimos vinte cinco anos, a história da cidade da Amadora passar também pela história do festival internacional de banda desenhada promovido pelo município.

Conhecidos os vencedores dos Troféus Central Comics, e sendo estes prémios atribuídos diretamente pelo público através da internet, merecem destaque dois títulos cuja distribuição / divulgação é feita maioritariamente fora das livrarias, e que aqui aproveitam todo o espaço que outros prémios não lhes permitem: Living Will e A Criada Malcriada estão de parabéns.

Por falar em Living Will, e aproveitando o balanço dos comentários curtos, aproveito para falar da escolha do nome “Ave Rara” para o projeto editorial de André Oliveira. Ave Rara é o nome da personagem de BD que protagonizou a tira humorística que assinei no jornal regional Notícias da Amadora a partir de 1995 e durante mais de cinco anos (cujos originais integram o arquivo do Centro Nacional de Banda Desenhada e Imagem da Amadora).

O surgimento de uma segunda ave rara no pequeno meio da BD portuguesa (primeiro num blogue e depois numa editora) fez nascer as maiores confusões. Esclareço portanto que não sou o André Oliveira (acreditem ou não, foi-me perguntado várias vezes), e que não tenho qualquer problema com o surgimento desta nova ave rara, que, ainda por cima é, como estes troféus confirmaram, bem sucedida. Ave rara a ave rara, a BD portuguesa pode ir tentando levantar voo, o que só lhe fica bem.

Entretanto, ficou por escrever um artigo sobre a passagem do autor Jon Bogdanove pela edição de 2013 do AmadoraBD, que merecia um destaque muito maior do que aquele que lhe foi dado. A originalidade da visita de Bogdanove esteve em, por sua própria iniciativa e em resposta à impressão muito positiva que o festival lhe causou, ter promovido um workshop de BD. Nesse workshop, Bogdanove explicou a forma como trabalha uma banda desenhada, quais são as suas preocupações tanto ao nível dos princípios como de ordem mais prática na solução de questões ligadas à história e ao desenho. E um dos aspectos mais fascinantes da apaixonada e apaixonante apresentação feita pelo autor norte-americano é a transposição, para a banda desenhada, dos 12 princípios básicos da animação, tal como definidos por Frank Thomas e Ollie Johnston (no livro Illusion of Life).

Os interessados encontrarão esses doze princípios pela internet, e o nosso editor previdente fará certamente uns links maravilhosos. Para princípio de conversa interessa que, no método Bogdanove, e com as devidas adaptações, aqueles são os doze princípios básicos da BD, a ter presentes na altura de fazer uma banda desenhada.

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