O mercado da BD em Portugal têm sido um super-vilão que os populares heróis não conseguem dominar.Embora ainda não esteja oficialmente confirmado, é mais do que certo o fim das revistas Marvel em Portugal, editadas pela Panini Espanha. É mais conclusão de mais um capítulo na saga da edição destes personagens em terras lusa.
Os super-heróis nunca tiveram vida fácil em Portugal, existiram várias tentativas de os publicar no século XX, mas nenhum projecto vingou, quer em nome próprio ou nas tentativas realizadas no Mundo de Aventuras. Durante a década de 80 e 90 do século passado, os leitores portugueses habituaram-se a ler BD de super-heróis graças às importações de edições brasileiras, primeiro através da Ebal e mais tarde das publicações da Abril Jovem. São estas edições que deixaram saudades a muitos leitores.
O saudosismo das revistas brasileiras da Abril, mais do que que saudosismo do formatinho é um saudosismo de poder comprar as revistas de BD de modo regular. Algo que há décadas é impossível, tornando a tarefa de ler aventuras de super-heróis da Marvel ou DC Comics em Portugal numa verdadeira odisseia.
Durante anos os leitores lamentavam o facto de não existirem edições portuguesas dos populares personagens.Actualmente já são capazes de lamentar terem tido esse desejo satisfeito. No final da década de 90, após uma tentativa falhada da Abril/Controljornal, a Devir adquiriu os direitos de publicação dos super-heróis da Marvel e DC para Portugal e nada voltou a ser como dantes!
O começo do pesadelo
Ao contrário de tentativas anteriores como as que a Abril/Controljornal realizou, quando a Devir iniciou a publicação de Marvel e DC em Portugal, impediu a importação de revistas brasileiras, não só daquelas cujas histórias publicava, mas também das que não publicava e não tinha qualquer intenção de publicar.
Existiu uma quebra no espaço que a BD tinha nas bancas, mas pior: Quem consumia essas revistas e quem seguia determinadas personagens viu-se forçado a ter de recorrer a revista importadas do Brasil ou dos Estados Unidos. Este facto pode não parecer muito relevante, contudo convém salientar um facto: os universos Marvel e DC são universos interligados onde determinados eventos numa revista têm consequências em outras revistas.Para além disso existem personagens que desaparecem pura e simplesmente das bancas sem deixar rasto. As duas grandes editoras americanas têm milhares de personagens e publicam umas centenas de revistas por mês. Existem personagens que são mais populares do que outros, e alguns dificilmente serão capazes de justificar um título em Portugal, mas não é por não haverem revistas com o Demolidor que um leitor vai passar a comprar o Homem-Aranha, já que os personagens apelam a públicos diferentes, e a ausência de um mais do que beneficiar o outro pode ajudar ao afastamento de leitores.
A política editorial e o plano editorial que a Devir, liderada na altura por José Hartvig de Freitas, para as edições de Marvel e DC em Portugal não resultou, tendo o próprio admitido que o maior erro foi terem continuado a publicar revistas mensais. Curiosamente os maiores sucessos editoriais da Devir no reinado de Hartvig de Freitas foram as edições para livrarias e não nas bancas, o mercado em que a editora começou a operar nesse mercado, o grande sucesso por assim dizer, foram as colecções de BD realizadas em parceria com jornais.
Entretanto, a Devir perdeu os direitos de publicação da Marvel e DC tendo a Panini adquirido os direitos de publicação para Portugal, no pacote dos direitos de publicação para o Brasil. Este facto veio trazer as revistas de Marvel e DC de novo para as bancas nacionais, mas de um modo que deixa um travo amargo nos leitores.
Importação Parcial
Nos “saudosos tempos” da Abril/Controljornal eram importados os títulos principais das Marvel e DC e só algumas edições especiais é que não chegavam às bancas nacionais. Para os leitores era fácil seguir a telenovela interligada que são as aventuras dos super-heróis da Marvel e DC. Quando existiam histórias que continuavam noutra revista que não a usual, era possível encontrar essa revista nas bancas, com maior ou menor esforço. Porém, a Panini Brasil optou por uma política diferente da Abril/Controljornal e só é possível encontrar meia dúzia de títulos nas bancas. Existem alturas em que histórias continuam em revistas que não estão disponíveis nas bancas, existem outras em que sagas afectam todas as personagens e não são importadas. Quem segue as importações da Panini Brasil recorre a downloads ou à Casa da BD – loja especializada em importação de BD editada no Brasil – se quiser ler a continuação das histórias.
O motivo para só existir uma importação parcial é difícil de discernir e em parte parece que não existe qualquer objectivo nas importações dessas revistas que não seja o de cumprir uma obrigação contratual. A importação parcial, para além de ser limitada a nível do número de exemplares, acaba por não incentivar o público a seguir as revistas, uma vez que já se sabe que existem histórias e eventos que não serão disponibilizados. As colecções da Levoir vieram minorar um pouco esse facto com a publicação de alguns dos eventos cruciais no Universo Marvel, como Vingadores Vs X-Men e outros eventos “essenciais” na vida das personagens.
Existem sagas nas revistas das grandes editoras norte-americanas que são fundamentais para quem lê essas revistas, não derivado à qualidade, mas porque são concebidas de modo a serem marcos na vida das personagens, alterando substancialmente o status quo até ao próximo evento.
As diversas colecções da Levoir minoram a ausência da importação dessas sagas e beneficiam da falácia de serem uma “colecção completa”.
Os sortidos da Levoir
A Levoir é uma empresa que gere conteúdos para jornais e bancas em quatro ou cinco países. Quando a editora surgiu no mercado editorial da BD, existiu quem pensasse que fosse uma nova editora de José Hartvig de Freitas, contudo o ex-editor e ex-sócio da Devir é na realidade só um colaborador externo da editora responsável pela coordenação das colecções publicadas em parceria com o jornal Público e com o Sol.
As colecções editadas pela Levoir são uma “join-venture” do Público e da editora feita de acordo com a Panini (detentora dos direitos) que tem permitido a publicação de várias obras de Marvel e DC, num registo sortido de heróis e histórias na maioria dos casos sem qualquer tipo de coerência cronológica ou de personagens. A lógica é clara: publicar um número variado de personagens e autores, sem se limitar a algumas personagens, de modo a atingir o público mais vasto. Se de um ponto de vista comercial é um conceito que não é reprovável, de um ponto de vista de leitura é capaz de causar algumas dores de cabeça aos leitores que são confrontados com histórias das personagens em alturas distintas e com pormenores de que por vezes são contraditórios.
Esta aposta traduz-se em colecções que são um bom aperitivo, ou apresentam histórias essenciais, mas deixam muitas histórias sem seguimento, sendo apresentado o primeiro arco narrativo de uma série que depois não é desenvolvida. A generalidade das séries norte-americanas é concebida para uma publicação mensal ao longo de anos, com fios narrativos que vão sendo desenvolvidas em vários volumes; as colecções da Levoir na maioria dos casos apresentam o primeiro volume de uma série sem depois existir a publicação dos volumes seguintes, podendo as histórias serem mais ou menos auto-conclusivas, dependendo do argumentista e dos fios narrativos apresentados.
Este método de publicação tem-se mostrado viável para a edição de BD (não só norte-americana mas também franco-belga), em particular porque o jornal, seja o Público, o Sol ou outro, não só assegura a distribuição como permite uma divulgação do material ao seu público (mesmo que não exista outdoors, como tem acontecido em alguns casos) por divulgar as colecções junto dos seus leitores.
O jornal Público em particular tem sido um dos maiores co-editores de banda desenhada nos últimos anos em virtude das colecções que tem publicado em parceria com a Asa e a Levoir, com uma pequena diferença: a Asa só apostou numa colecção genérica, no formato sortido, apresentando “amostras” de várias obras, tendo as restantes colecções sido temáticas, apresentando histórias de uma só personagem.
Com as colecções dos jornais e as importações do Brasil, a publicação de BD norte-americana (em particular da Marvel) parecia ter encontrado alguma estabilidade que permitiria aos leitores portugueses seguir “mais ou menos” as aventuras dos icónicos super-heróis norte-americanos. Este ano começou com um notícia inesperada: o regresso das revistas mensais da Marvel através de edições portuguesas publicadas pela Panini Espanha.
Política da Terra Queimada da Panini Espanha
O plano editorial da Panini Espanha para Portugal era bom e fazia sentido para o mercado nacional: Três títulos mensais que publicavam os “Três eixos” principais da Marvel (Homem-Aranha, X-Men e Vingadores) e a publicação de edições especiais de outras personagens, girando em torno desse eixo ou com base nas personagens mais populares ou com filmes que permitiam serem conhecidos de um público mais generalista.
Em termos editoriais, o plano era consistente, contudo falhou na execução e terminou de um modo abrupto, que acaba por desagradar a todos aqueles que apoiaram o projecto e, a curto/médio prazo, acaba (quase) por inviabilizar o regresso de edições portuguesas às bancas nacionais.
As revistas foram canceladas a meio de histórias, deixando os leitores a terem de aguardar por importações brasileiras para lerem a conclusão das sagas iniciadas nas revistas mensais (e em algumas edições especiais) ou, pior ainda, a ficarem sem qualquer garantia de algum dia verem publicadas em português do Brasil ou de Portugal o final de algumas sagas, como o Capitão América: Perdido na Dimensão Z, por estas serem editadas em revistas brasileiras que não são distribuídas em Portugal.
Os leitores já foram avisados que a Levoir não tem “obrigação de pegar onde a Panini parou”, do mesmo modo que o surgimento de outra editora a publicar Marvel também não irá garantir que exista uma conclusão para essas sagas. Isto é mesmo o lado mais negativo e que acaba por ser uma política de terra queimada que vem reforçar aquele que é o pior inimigo de qualquer projecto novo de BD em Portugal, até mais do que a distribuição ou divulgação: Os leitores estão tão desanimados com o projecto que deixam a publicação de histórias a meio e acabam por ter receio de investir em projectos novos.
Este é o lado mais negativo da aventura portuguesa da Panini Espanha, algo que será negativo até para a própria editora – embora o detentor dos direitos seja a Panini “Europa” e não a “espanhola”, acabam por ser empresas do mesmo grupo. É algo incompreensível que nem os responsáveis editoriais espanhóis ou portugueses tenham sido capazes de explicar aos “responsáveis” a necessidade de terminar a aventura num ponto que não “queimasse” o futuro da edição de Marvel em Portugal.
A aventura espanhola falhou nesse aspecto: Faltou um plano de saída (honroso) que permitisse terminar a edição das revistas e especiais concluindo pelo menos o arco narrativo que estava a ser editado.
Existem problemas que não são Urbanos
Existem duas pechas que são apontadas invariavelmente para o insucesso desta aventura espanhola: distribuição e divulgação, por vezes sem apontar factos elementares.
A distribuidora Urbanos pode ter muitas falhas, contudo não pode ser acusada de fazer um mau serviço de distribuição caso não existam exemplares suficientes para serem distribuídos. As revistas brasileiras são difíceis de encontrar, mas isso tem uma explicação simples: só existem uns 400/500 exemplares para serem distribuídos em Portugal, logo existem poucos pontos de venda que os podem ter para vender. As revista da Panini Espanha, tendo tiragens superiores (também não era difícil) acabam por ter uma distribuição superior mas, mesmo assim, limitada. Era mais difícil encontrar as revistas da Marvel em Portugal do que da Disney, algo que poderá ser facilmente explicado pela diferença de tiragens.
Apesar de as tiragens das edições da Marvel não serem conhecidas, consta que não se comparam às da Disney, e é usual serem apontados dedos à distribuidora, mas exactamente quais são os “crimes” que ela cometeu? Existiam pontos de venda com 20 exemplares das revistas e outros sem nenhum? Não eram distribuídos exemplares, apesar de serem enviados pela editora? Ou, no fim do dia, as tiragens era pequenas para existem exemplares em número suficiente em todos os pontos de venda? São aquelas questões que geralmente não são mencionadas, e não me lembro de ter visto algo mais que acusações genéricas ao trabalho da distribuidora.
As edições da Goody de material da Disney, tiveram reduções brutais na ordem de 40/50% desde o início da sua publicação. Este facto pode ser justificado pela editora como um reajustamento das tiragens. Pode parecer desculpa de mau pagador, mas é um dos custos de fazer negócios nas bancas caso se pretenda ter as revistas no maior número de pontos de venda possível. Parece ser do conhecimento da maioria das pessoas (incluindo o ex-editor-assistente da Panini Espanha) que nas bancas as edições têm sobras na ordem dos 50% ou mais-Após as primeiras edições é possível ir reduzindo as sobras, reduzindo a tiragem sem perder vendas efectivas ou desaparecer de pontos de venda, mas isso exige um esforço financeiro grande onde é necessário ter orçamento para “comer” um prejuízo inicial ou ser capaz de cobrir os custos vendendo entre 25 a 50% da tiragem.
São pequenos pormenores que podem ditar o futuro de uma edição e não impedem que existam edições que não tenham adesão por parte do público, porém se os leitores não encontrarem facilmente as edições podem simplesmente não se dar ao trabalho de as procurar.
E divulgar? É preciso?
A divulgação é o calcanhar de Aquiles da maioria dos editores portugueses e aqui também foi o da espanhola Panini, embora com as culpas também possam ser repartidas por portugueses, ou melhor, um português: José HartvigHartvig de Freitas, ex-editor-assistente da Panini Espanha.
Quem leu os comentários de Hartvig de Freitas no blogue As Leituras do Pedro (e que foram aqui reproduzidos) ficou a saber que afinal o ex-editor assistente era mais um “chefe da equipa de produção” responsável “exclusivamente” de “tratar das traduções, revisões, e textos de apoio dos comics”; só faltou mencionar uma área que algumas pessoas do lado espanhol pensavam ser da sua responsabilidade: a divulgação.
O envio de alguma da informação, capas e páginas do interior, era da responsabilidade do lado espanhol, o envio de outras informações era da responsabilidade de José Hartvig de Freitas, sendo que no início da publicação das revistas foi ele que enviou as informações iniciais e até chegou a enviar algumas informação complementares, algo que deixou de suceder.
Quem lê o aCalopsia já deve ter reparado que não sou muito diplomático e como não enviavam informações para os artigos das amostras e listagens, como eram feitos por aqui, seguiu um mail em triplicado para Espanha e Portugal, solicitando a informação. Do lado espanhol veio informação adicional (que nem sempre chegava a horas, mas chegava), mas o que tinha solicitado, como sinopses e fichas técnicas e quais as edições republicadas, era trabalho do lado português que não era enviado. Aliás, para compensar, até deixei de receber informações sobre as edições da Levoir (que no passado também eram enviadas pelo ex-editor-assistente da Panini).
Aparentemente Hartvig de Freitas (que tem um acordo de confidencialidade com a Panini) podia anunciar o plano editorial da editora para o ano de 2014 na secção de comentários de As Leituras do Pedro, mas não devia poder enviar essa informação como nota de impressa para diversos meios de comunicação. Desculpem lá, se calhar sou eu que tenho ideias estúpidas, afinal não sou editor (seja por assistente ou por assistir) mas considero que o plano editorial de uma editora deveria ser comunicado ao maior número de orgãos de comunicação social possível, em particular aos da imprensa generalista, que até poderia pegar na notícia, uma vez que a maioria dos lançamentos até tinha ligação a alguns dos filmes mais populares dos últimos anos. Mas enfim, o profissional não sou eu, quer dizer, na minha óptica o anúncio até poderia (e deveria) ter sido feito num dos diversos eventos relacionados com BD em que a Panini não esteve presente.
Um dos factores mais estranhos desta aventura espanhola é a ausência da editora dos eventos de BD, em particular os “maiores”, como o Festival de Beja ou o AmadoraBD, sendo inclusive canceladas as edições no mês que antecede a Comic Con Portugal e onde vão estar presentes alguns dos autores publicados pela editora e que seria uma boa altura para promover os títulos.
No caso do AmadoraBD, a grande aposta de Hartvig de Freitas era a exposição Contos de Fadas e a presença de CB Cebulski, algo que não sucedeu por falta de interesse do festival. Os motivos já foram dissecados pelo ex-editor-assistente e pelo director do festival, sendo que um dos motivos indicados por Nelson Dona foi o facto de a Levoir já ter duas exposições no festival: Batman 75 anos e Surfista Prateado. O facto destas duas exposições serem consideradas como sendo da Levoir podem causar alguma confusão, mas até é possível compreender o motivo desta atribuição: as exposições foram comissariadas por Laurence Klein e João Miguel Lameiras, sendo que o último para além de um dos sócios da Dr. Kartoon é um dos colaboradores regulares dos projectos de Hartvig de Freitas desde os tempos da Devir. Para além, disso a presença da Levoir no AmadoraBD tem sido realizada através da livraria Dr. Kartoon, assim como foi aí que estiveram disponíveis as edições da G. Floy – outra editora onde Hartvig de Freitas trabalha em regime de outsourcing – as edições da Panini, confesso que não reparei se também lá estavam, ou não marcaram sequer presença naquele que é o maior evento de BD nacional.
O que a Levoir tem a ver com a Panini? Nada! São duas empresas diferentes que têm uma relação de negócios derivados ao facto de um editar material cujos direitos são pertença da outra, e que por coincidência tem funcionários em comuns responsáveis pelo mesmo trabalho. Porém, este acaba por ser aquele que tem sido há alguns anos o grande problema da edição da Marvel em Portugal: Não existe na realidade um editor de material do colosso norte-americano no nosso país, embora exista material editado por entidades distintas que, por vezes até podem ter interesses que entram em conflito.
Demasiados cozinheiros sem chefe
Os direitos de publicação da Marvel para Portugal pertencem à Panini (Europa, sem distinção de país). A Panini Portugal, contudo, não publica títulos da Marvel.
As edições da Panini Brasil são enviadas para Portugal via Panini Espanha. Aparentemente sai mais barato este trabalho ser feito via Espanha do que enviado directamente para Portugal.
As colecções da Levoir estão dependentes da sugestão do coordenador José Hartvig de Freitas, mas sujeitas à aprovação da Levoir, do seu cliente (regra geral, o jornal Público) e à aprovação da Panini, para além da Marvel.
As edições da Panini Espanha foram um projecto concebido em Espanha (o que justifica a coerência do projecto editorial) com uma equipa de “produção” portuguesa (encabeçada pelo ex-editor-assistente Hartvig de Freitas).
Para algo que não consegue ter uma edição regular, não faltam cozinheiros nesta cozinha, sendo que aquilo que não existe de facto é um editor, um responsável pela linha editorial no seu todo, ou qualquer coordenação dos diferentes projectos editoriais que são realizados por entidades distintas, embora em alguns casos pertencendo à mesma multinacional (Panini), e noutros protagonizadas pelo mesmo editor-assistente/coordenador editorial, Hartvig de Freitas.
É um método algo caótico que faz com que no fim do dia não exista mesmo “um responsável” pelo falhanço da iniciativa ou pelo facto de existirem aspectos elementares que não tem qualquer tipo de resposta oficial, ou parecem ter sido ignorados por quem deveria ser responsável.
Uma das opções inexplicáveis da aventura da Panini Espanha em Portugal foi o facto de ser impossível encontrar números atrasados, ou não ter existido qualquer tipo de redistribuição ou existência de pack com os primeiros números para captar novos leitores, algo que se sucedia com as edições mensais e com as edições especiais, que pelo preço e formato até poderiam ter uma segunda vida no mercado livreiro. Ao contrário das edições da Levoir que é possível adquirir através da Dr. Kartoon, as edições da Panini Espanha após saírem das bancas desapareciam do mercado. São daqueles situações que podem ser opções da “administração”, longínqua e desconhecedora do mercado nacional, mas sobre as quais os colaboradores nacionais – que até têm décadas de experiência no mercado livreiro e de bancas – foram incapazes de informar quem deveriam sobre a sua importância. Ou se calhar até o fizeram, mas a confidencialidade não permite falar!
Entretanto Pedro Cleto, quando anunciou em primeira mão em As Leituras do Pedro o cancelamento das edições da Panini Espanha, deixou no ar uma hipótese de continuidade da edição de material da Marvel em Portugal, mas no formato de edições especiais (álbuns, ou TPB conforme lhe preferirem chamar) mas por outra editora. Tendo em conta o recente regresso da G. Floy (onde colabora o ex-editor-assistente da Panini Espanha) não seria de estranhar se fosse esta editora a escrever um novo capítulo nesta história da Marvel em Portugal.
Contudo, o que não parece que venha a suceder é a existência de um projecto coerente e regular de edições do colosso norte-americano. É mais natural que as vidas dos super-heróis Marvel em Portugal continue a ser da responsabilidade de quem há décadas é incapaz de encabeçar um projecto de sucesso, sem ter o apoio de um jornal de distribuição nacional, seja em “nome próprio” ou como editor-assistente. É natural que continuem a existir edições de Marvel, afinal são personagens e obras que vendem em todo o lado e por cá, ocasionalmente até conseguem ter algum sucesso.
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