Aviso: As probabilidades deste texto ser compreendido pela generalidade dos leitores é extremamente reduzido. Estando feito o aviso não se queixem no fim.
Os Positivos (P+ para os amigos) auto-intitulam-se “banda desenhada desalinhada desdenhada de propaganda punk veggie anti-nazi com HUMOR E DEPRESSÃO quanto baste”.
Tendo Surgido em 1997, foram publicados em diversos fanzines estando algumas histórias a estarem disponíveis online.
on BEING NEGATIVE zine aparenta ser o canto do cisne das personagens (ou a despedida do autor) contudo é uma despedida “em grande: todos os state-of-the-art e scene-reports de 2011 a 2014 mais um comix original para comemorar a ocasião”, e um dedicatória ao Pedro Moura e à Teresa Câmara Pestana.
O motivo desta dedicatória é uma crítica a Roadtrip que motivou uma troca de opiniões entre Positivos e Gambuzines que, por sua vez, motivaram uns manifestos state of the art .
A discussão foi em 2010 – man! You keep a grudge! – e os ensaios foram publicados nos últimos anos, sendo agora editados na integra no novo zine.
De fora ficam os comentários originais, pouco apesar de datados acabam por ser actuais embora possa ser um pouco complicado verificar qual é exactamente a divergência entre o Gambuzine e os Positivos
É muito fácil atacar a BD portuguesa eu rejeitei centenas de trabalhos porque simplesmente não gostei…o maior problema de todos é o conteúdo, e depois a mentalidade portuguesa tem manhas e presunções raras, isto é pequeno,muito pequeno é uma aldeia, qualquer coisa que se faca da BD à politica são sempre os mesmos
as pessoas tomam-se demasiado a sério, acham-se muito importantesBasta ver como são patéticas ridículas e escolásticas as apresentações de livros, é só salamaleques e alimentação do ego à boa maneira narcisista
É que os pontos de vista não parecem ser assim tão distintos como isso….
Não teria nada contra a bd-arte nacional se tivéssemos um mercado tão massificado que nos permitisse suportar esses picos de vanguardismo, mas pelo contrário, vejo os poucos autores que temos a fecharem-se na sua genialidade sem tentarem criar pontes com o público e o que este quer. Dizes que a ignorância do povo é imensa pois eu concordo mas acrescento que a culpa não é só deles, ninguém se dá ao trabalho de os educar sobre BD.
Curiosamente, ambos aos autores produzem trabalhos que a generalidade do publico é capaz de considerar com sendo BD “arte, alternativa e/ou independente”, exactamente aquilo que criticam. Para quem quiser compreender melhor a filosofia d’Os Positivos tem um enquadramento das personagens e objectivos do autor no glossário P+.
OS POSITIVOS não são wanna-bes alternativos a wanna-be mainstream. Não fazemos da liberdade de criação um subproduto do mínimo custo financeiro, não queremos elevar a BD nos seus próprios termos, não queremos marcar presença em festivais de BDs ou fanzines que festejem BDs ou fanzines per se. O criador dOS POSITIVOS nada tem a dizer a outros autores ou editores de BD ou fanzines per se, nada lhes deve e pouco os relaciona. Não alegamos um desprendimento de um reconhecimento público ou ovação geral queremos-agradecer-a-deus-e-a-todos-aqueles-que-sempre-acreditaram, antes pelo contrário desejamos que OS POSITIVOS sejam monumentalmente ignorados pela sociedade em geral ou o seu propósito seria esvaziado de valor. Não queremos e não reclamamos nenhuma intervenção no panorama bedéfilo deste país, e congratulamo-nos pela literatura oficial que compreende os anos de actividade dOS POSITIVOS não registar qualquer prova da nossa existência, mesmo entre aqueles que se debruçam por áreas mais próximas do fanzine BDunderground (ver por exemplo Farrajota 2002, 2003, 2004, 2005, 2006, 2007, 2008, 2009, 2010, 2011, 2012, Dossier Bedeteca e Blogzine da Chili com Carne). A invisibilidade dos P+ no que concerne aos fanzines cómicos nacionais é-nos motivo de satisfação porque dificilmente poderíamos acusar os intervenientes habitués da BD nacional nos últimos vinte anos de nada conseguirem fazer desta se nos incluíssemos nesse grupo (1).
And it goes on! Com uma pequena achega ao último parágrafo e não só!
Apesar da sua intensa actividade fanzinesca de 1997/1998, da sua fase mais esporádica de 1999 a 2009, e da publicação constante desde então (quatro [D]ejected em 2009, um Roadtrip em 2010, 2011 e 2012, o retorno dos [D] em 2013, e a edição dos primeiros zines de BD em 2014 com os Rewilding), uma consulta rápida pelas listagens oficiais dos guardiões da linhagem para todos esses anos não inclui qualquer menção aos P+. E este é o perigo dos especialistas: a sua aparente autoridade explode no momento que as suas escolhas subjectivas são confrontadas com factos reais, obrigando todos os interessados a descartar os seus escritos. Bem hajam.
Em 2013 Os Positivos seriam reconhecidos com uma nomeação, nos PPBD, na categoria de Melhor Webcomic – que não ganharam – mas nem isso impressionou o autor.
Para quem quiser uma história mais detalhada da história d’Os Positivos deve consultar o (longo) artigo (em inglês): Disclosure no site da série. Fica é o aviso que a navegação do site não é anarca, é caótica
Actualização: Em mail enviado ao aCalopsia o autor esclarece que o adeus é só temporário, em princípio.
1) Entre os XXX e os D’s hibernei por motivos profissionais. Agora faço-o por motivos pessoais.
2) Mas voltamos, estamos nisto pelo long run. Chamo a este hiato “Projecto Vou-Cagar-Nos-Cómicos-Por-Cinco-Anos-e-Quando-Voltar-Não-Devo-Ter-Perdido-Nada”. Depois digo-vos de a experiência foi um sucesso, mas lamentavelmente julgo que vai ser…
E ficamos a saber que a polémica da vogal originou uma bd-comentário-editorial…. we are getting famous!