Estão ambas integradas no departamento de educação e desenvolvimento sociocultural, de que é diretor Luís Vargas, antigo diretor do AmadoraBD (até ao ano 2000). Saltam à vista as diferenças entre as duas secções. O “Amadora Cultura” é um conjunto de equipamentos desgarrados (dispostos por uma ordem que não se percebe muito bem) mais ou menos ligados a uma série de eventos. Lá encontramos o CNBDI e o AmadoraBD. Cada equipamento ou evento tem um separador dentro do site da Câmara, com a principal informação relevante. No caso do AmadoraBD, vamos parar ao site do festival.
Chegados ao “Amadora Educa”, parece que mudámos de planeta! Logo na primeira impressão, há muito mais coisas a acontecer. Ao nível da comunicação, o Amadora Educa tem um portal (em site próprio) atualizado todo o ano. Depois, há uma secção de “oferta educativa”, que é uma espécie de “Amadora Cultura” dentro do “Amadora Educa”: lá estão os equipamentos. Merecendo grande destaque (meu), há uma útil secção de “apoio à família”. Depois, merecendo ainda maior destaque (meu), há uma parte chamada “intervenção educativa” que mostra bem que o Amadora Educa tem um plano e um projeto integrado. Finalmente, ainda com maior destaque (meu) vêm os “projetos e iniciativas” que fazem esquecer completamente o “Amadora Cultura”. A festa propriamente dita que é o “Amadora Educa”, que celebra a educação num espaço de cinco dias, e que vai muito além da comunidade escolar da Amadora, é apenas um de doze iniciativas e projetos.
Tudo somado, parece que a Amadora “educa” mais do que “cultura”. É a conclusão que se retira da análise do site, e que até pode nem corresponder à realidade de esforço de meios e recursos. Parece-me que, pelo menos ao nível do site, as coisas deviam ser mais equilibradas.
A minha sugestão de hoje é para que – fora do Amadora Cultura (que assim como assim, não parece muito saudável) – haja um “Amadora BD” (agora com espaço entre “Amadora” e “BD”) que transmita uma primeira impressão de muitas coisas a acontecer, que tenha um portal (em site próprio) atualizado todo o ano, que tenha uma secção de “oferta BD” (o nome não é muito bom, mas logo se arranjaria melhor), com os equipamentos (Bedeteca, CNBDI e Fanzineteca), que tenha uma secção de “intervenção BD” (com outro nome) a mostrar que o Amadora BD tem um plano e um projeto integrado (a desenvolver), e uma parte de “projetos e iniciativas”, incluindo o festival internacional AmadoraBD (a festa propriamente dita, sem espaço entre “Amadora” e “BD”) que celebra a banda desenhada num espaço de dezassete dias e que projeta a cidade no mundo. Idealmente, o AmadoraBD seria apenas um de várias iniciativas e projetos (e mais idealmente ainda, devia intrometer-se nalgumas das doze iniciativas do Educa).
Verdadeiramente, aquilo que ainda está por criar é o tal plano ou projeto integrado, embora não seja difícil de conceber que é aí que devem situar-se as principais valências do CNBDI, nomeadamente a “Memória da BD Nacional”. O valioso arquivo de originais de que a Amadora é proprietária ou fiel depositária é e deve ser, sem qualquer dúvida, o grande motor deste plano integrado. Ver o festival internacional como a pedra de toque do projeto da cidade em torno da banda desenhada é um erro.
A minha sugestão envolve dois aspetos que ainda não existem: ao nível de meios e recursos, envolve o tratamento de informação e criação e manutenção de um portal. Ao nível político, envolve a definição de um verdadeiro plano integrado.