O Clube do Inferno (João Machado, André Pereira, Hetamoé e Mao) está a promover um petição on-line, visando a alteração dos regulamentos dos PNBD (Prémios Nacionais de Banda Desenhada), cujo regulamento para a edição deste ano foi recentemente divulgado.
Exma. Organização do AmadoraBD,
Os signatários desta petição pretendem convocar a vossa atenção para a necessidade urgente de alterar as regras do concurso dos Prémios Nacionais de Banda Desenhada, antes que o concurso de 2015 tome lugar.
Acreditamos que as regras vigentes são inadequadas para o panorama actual. Espera-se de um Festival com a dimensão do FIBDA que este realize a prospecção necessária das publicações editadas no ano corrente, ao invés de, como acontece actualmente, sejam os editores a ter que se propor, através do envio de seis (6) cópias físicas.
Admitindo, porém, a diversidade de situações e posições a este respeito, apresentamos duas propostas de alteração simples e passíveis de gerar consenso:
- Sobre a pré-selecção e inventariação de obras a concurso, propomos que esteja disponível a opção de envio em formato digital (ficheiro PDF). Ainda que não possa substituir-se ao objecto físico, que merece ser avaliado, permite cobrir o risco aos autores e às editoras, em particular os independentes, de baixas tiragens, que deixam de ter que enviar 6 cópias sem retorno.
- Após as nomeações, propomos que se mantenha como regra o envio do objecto físico, mas em quantidades menores: um exemplar para o júri, e outro para o Festival, a ser cedido à Bedeteca da Amadora depois do evento.
Acreditamos que estas medidas permitirão a participação de um maior número de obras que de outra forma permaneceriam desconhecidas do grande público; desta forma, o FIBDA espelhará mais fielmente o panorama da BD nacional, como deve ser sua missão.
Convém salientar que, apesar de solicitar o envio de 6 exemplares para os editores ou autores apresentarem uma candidatura aos PNBD, este ano (à semelhança de outros anos) o regulamento continua a prever a nomeação de obras pelo júri, mesmo que não seja efectuado uma candidatura por parte dos autores ou editores.
Esse facto originou que em 2014 – segundo Nélson Dona, director do festival e membro do júri, em entrevista ao aCalopsia – cerca de 20% das obras nomeadas para o prémios o tenham sido sem ter sido realizada uma candidatura, e consequente envio dos mencionados exemplares.
Os PNDB são dos prémios de banda desenhada mais antigos e prestigiados de Portugal e um dos eixos do AmadoraBD, sendo os outros a exposição central (o tema do festival) e as efemérides.
O segundo eixo são os prémios de cada ano, os premiados deste ano dos PNBD serão programação em destaque do ano seguinte.
Os interessados em assinar a petição podem-no fazer no site Petição Pública.
Sem falar do facto dos PNBD nem terem em conta webcomics ou derivados.
Eu sempre me fez confusão foi uma a ausência para uma categoria de histórias curtas, em particular quando existe uma maior produção desse tipo de histórias que de álbuns.
O que me faz confusão são os termos da petição. Só faz sentido identificar que entregar seis exemplares é um problema se se fornecerem mais alguns dados. Há aqui uma série de elementos que não são demonstrados no texto da petição.
Que estudo garante o aumento de candidaturas? Ou (o que me parece mais importante) o aumento da qualidade dos candidatos? Quem é que garante que com novas regras não continuam a ganhar os mesmos porque são os de maior qualidade?
E quais são as tiragens desta gente, que ficam tão abaladas com menos seis exemplares?
Convenhamos que entregar seis exemplares sem retorno é um custo elevado. Mas a falta de retorno é relativa. Ser nomeado para um Prémio Nacional de Banda Desenhada tem valor. Vencer tem um valor muito superior ao custo de seis exemplares. O próprio prémio (físico) tem um custo. É um investimento do município.
Independentemente de saber se há alguma razão na petição, parece-me que os termos em que é apresentada não o permitem descobrir. Se eu fosse a organização do Amadora BD, não alterava as regras em 2015, mas abria espaço para debate de modo a decidir esta questão (de forma sólida e fundada) em 2016.
Existem fanzines com tiragens de 50, ou menos, exemplares. Logo, nesse casos seis exemplares representa 10% (ou mais) da tiragem. A maior falha na proposta é primeiro serem moderno e sugerirem o envio de pdfs, o que faz mais sentido, para depois colocarem no segundo ponto o envio de exemplares na mesma, são menos 4, mas mesmo assim. E não faz muito sentido, o envio dos ficheiro digitais deveria ser suficiente.
Os prémios têm o valor que têm, sendo que neste caso (como já estou farto de frisar) o envio de exemplares pode não servir para nada e vencer quem não se deu ao trabalho de se candidatar. Enquanto existir um sistema híbrido onde convivem candidaturas e nomeações de júri, não faz muito sentido as pessoas andarem preocupadas com os número de exemplares a enviar.
Agora seis exemplares é puxado, até para as pequenas editoras, quanto mais para as edições assumidamente amadoras.