Comic Con Portugal a superar expectativas

No segundo dia da primeira edição da Comic Con Portugal, deu-se uma brutal enchente na Exponor, onde a grande estrela do dia foi Natalie Dormer, a actriz de’Guerra de Tronos’ e ‘Jogos da Fome’.

Se na sexta-feira as entradas eram calmas no sábado à mesma hora não era possível entrar com menos de meia hora de espera. A palavra de ordem do dia foi filas. Filas para comer, filas para multibanco (que esteve avariado), filas para os auditórios, filas para os autógrafos, filas para o café, filas para as máquinas de venda automática, até para sair havia filas!

A nível dos autores de BD presentes aquele que teve, de longe, o maior sucesso foi Brian K. Vaughan com uma fila que não cabia no espaço de autógrafos, tendo chegado até à Artist’s Alley.

E foi nas filas que os limites da organização foram testados e chumbaram no exame.

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No auditório A onde estiveram presente Natalie Dormer e Seth Gilliam, foram imensas as queixas – que se estenderam até à página de Facebook do evento – acerca das filas. As queixas acumulavam-se com relatos de pessoas a guardar lugares com bagagem, outras a passar à frente, e todos a reclamarem da organizacao que não acautelou esta enchente. A organização pretendia realizar uma “convenção” no modelo norte-americano, em solo português, e parece ter sido ter tido sucesso tal que até importaram os problemas de “excesso” de pessoas que, também são característica destes eventos nos EUA e que se fizeram logo notar nesta primeira edição do evento nacional.

Na área da BD os problemas resultaram da enorme procura por Brian K. Vaughan, cuja fila começou a formar-se perto de uma hora antes da sua presença e forçou a presença por mais meia hora do que o previsto. Nesta fila os voluntários da organização não tiveram mãos a medir, tendo-se notado alguma falta de traquejo no que concerne à gestão do fecho de filas. Por diversas vezes disseram que a fila estava fechada e diversas vezes se constatava caras novas na mesma. Ainda assim, por ser um convidado que facilmente despachava assinaturas (não havia desenhos a fazer), conseguiu atender todos os fãs que levaram de tudo um pouco: comics, DVDs, álbuns e até os bilhetes da Comic Con, t-shirts ou pedaços de papel variados.

As filas dos outros autores variavam. A Javier Rodríguez foi-lhe indicado para não desenhar mais pois teria um painel dentro de momentos e cumpriu o que lhe pediram. Já o Carlos Pacheco fez ouvidos de mercador durante algum tempo, e desenhava (em livros e papel) tudo o que lhe pediam com limite de um desenho por pessoa, mas acabou por acelerar a velocidade e diminuir a complexidade dos desenhos conforme via que a hora do painel se aproximava, sem que a organização encerrasse a sua fila.

Não foi só aqui que a organização falhou nas filas, na área de Portfolio Reviews a organizacao das mesmas foi atroz, partilhando algumas responsabilidades com os editores estrangeiros.

Era suposto ter sido realizada uma pré-selecção de portefólios na manhã de sábado, da qual iria sair uma lista de (candidatos a) autores para serem avaliados pelos editores da parte da tarde. A verdade é que foram todos chamados para uma única fila para os dois editores da Dark Horse e Vertigo.

E a segurança não permitia que se formasse duas filas, apenas uma fila única. Um autor falava com o editor que estivesse livre, saía e tinha que voltar para o final da fila única. O que causou que editores ficassem à espera por artistas e os artistas a esperar pelos editores. Para agravar a situação,as editoras espanholas (El Patito e Spaceman) desistiram de fazer revisões/avaliações porque a qualidade (supostamente) não estava à altura do que esperavam. Contudo também convinha que os autores se acautelassem, pesquisando a linha editoral das editoras para saber se fazia sentido apresentarem-lhe uma candidatura. Por outro lado as editoras também não indicaram o que andavam à procura. Dos três editores resistentes do final do dia, Mário Freitas da Kingpin Books foi o menos concorrido. Já dizia o ditado que santos da casa não fazem milagres.

[quote cite=”Natalie Dormer”]O que aprendi com ao participar em ‘Guerra de Tronos’, ‘Jogos da Fome’ e ‘Elementary’, é que são projetos espectaculares, apoiados pelos fãs, e que a magia e o apoio começam com os fãs. Adoro a interacção com os fãs, então apelou-me vir a um local onde se está a começar e alimentar esse mesmo fenómeno.[/quote]

Quando se ultrapassa a situação das filas, a Comic Con Portugal 2014 é claramente um sucesso. Sondamos alguns dos autores com mesas na Artist’s Alley, todos disseram que superou as expectativas. Miguel Montenegro inclusive vendou todas as edições de “Psicopatos” que tinha levado, em duas horas. As livrarias e diversas bancas do espaço comercial (designado de área de exposição pela organização) tinham evidentes rombos nos stocks a meio da tarde de sábado.

A aposta parece estar ganha, o evento é para continuar, está garantida a sua existência até 2018, e com o sucesso que está a ser esta edição, em termos de vendas para todos(?) os presentes e para a organizacao, só não vai lá fazer negócio quem não quer. Agora falta um dia para confirmar se as indicações de sexta-feira e sábado se confirmam, neste domingo que encerra a primeira edição do evento.

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