Branding e Marketing Territorial: A Marca Amadora

O branding territorial e o marketing territorial são evidentes sinais dos tempos.

O marketing territorial liga-se à utilização estratégica da concepção, gestão e promoção de lugares com o objectivo de aumentar a respectiva competitividade e atractividade junto do público (interno ou externo), de tal modo que a cidade passa a ser vista como objecto de marketing, possibilitando que se possa falar de marcas territoriais. A marca constitui um elemento nuclear da estratégia territorial.

Moderna e sensível às modas, a Amadora assumiu-se como marca (incluindo um novo logo), como se pode ver num psicadélico vídeo disponível online. Para além da marca, é manifesto que a cidade tem procurado apresentar as suas diversas valências de forma que se aproxima duma estratégia, num exercício de comunicação bastante considerável.

https://youtube.com/watch?v=BQydiQLDXzk

Tal como já tenho referido neste espaço, a banda desenhada reúne as condições ideais para ser a pedra de toque na estratégia territorial da cidade (e bem podia beneficiar mais com o exercício de comunicação). Mas isso obriga ainda a um esforço de compreensão que deve partir da própria autarquia.

Foi recentemente publicada online a brochura bilingue Amadora em números, uma “Brochura bilingue que ajuda a compreender, promover e divulgar a Cidade da Amadora, fornecendo uma visão multifacetada traduzida em mapas, dados de base e indicadores.” É, claramente, um instrumento de marketing territorial.

A banda desenhada até nem foi esquecida, aparecendo um indicador que nos dá conta que, na Amadora, o número de visitantes do AmadoraBD é de 169 por cada mil habitantes (número superior aos 107 por cada mil habitantes que vão a espectáculos ao vivo). Ainda que, ao contrário de outros indicadores, não haja termo de comparação com a região de Lisboa, fico contente com a inclusão da BD, numa afirmação de identidade que vai ao encontro do que tenho defendido no aElipse. Mas deixo de aplaudir quando reparo que a expressão “visitantes no Festival da BD” foi traduzida por “visitors at the BD Festival”. A expressão inglesa “BD Festival” não existe, e a sua utilização mostra que não há ainda a consciência do que é a banda desenhada enquanto sinal de identidade.

Naturalmente, não basta, no marketing territorial, chegar à marca. Há que geri-la, saber geri-la, e valorizá-la.

Mais uma vez, a banda desenhada reúne todas as características para sustentar uma estratégia atractiva e competitiva em torno da cidade da Amadora, podendo reforçar a imagem da cidade como imagem válida, credível, simples, apelativa e distintiva.

É nesta perspectiva que vamos olhar para a edição de 2015 do festival internacional de banda desenhada de Angoulême. Não interessa como é que um gigantesco mercado como o mercado franco-belga de BD, tira partido de uma cidade. Interessa sim como é que uma cidade como Angoulême tira partido de uma forma de linguagem (independentemente do mercado) como a banda desenhada.

É o que procurarei apresentar na próxima crónica.

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