Um troféu Bizarro

Esta semana, não houve tempo para preparar um artigo original.

Indo ao arquivo, dei de caras com este texto escrito em 2007 para o que seria uma edição especial do fanzine Bizarro, a publicar nesse ano de décimo aniversário. Uma vez que entre o Bizarro e o aCalopsia estamos mais ou menos em casa, aí vai:

1997 – ONDE ESTAVA, O QUE MUDOU NA BD

De volta para um último Bizarro, ou pelo menos para um comemorativo de dez anos de Bizarro, o descomprometido mentor da coisa convida-me a fazer o mesmo, para aparecer com um artigo sobre BD partindo de um destes tópicos: “Bizarro 10 anos” ou “1997 – Onde estava, o que mudou na BD”.

A tentação para juntar os dois tópicos é muito grande.

Em 1997, estava a receber o único prémio que me foi atribuido como autor de BD num concurso: um segundo prémio no concurso do Festival Internacional de Banda Desenhada da Amadora (FIBDA). Com a publicação da série “A Ave Rara” no jornal regional “Notícias da Amadora”, foi o culminar da minha carreira de autor de BD.

No mesmo Festival da Amadora de 1997 (por sinal, um dos melhores), iniciei a colaboração com o Festival, apresentando o Gilles Chaillet numa conferência em que estava presente um interessado público constituido… pelo Luís Diferr. Foi o início da carreira de colaborador do FIBDA, aquilo em que a minha ligação à BD mais se distinguiu.

Cinco anos depois, era frequentemente tomado por funcionário da Câmara Municipal da Amadora membro da equipa do Festival. Coordenava o catálogo oficial, e apresentava conferências num auditório que agora estava agradavelmente cheio.

Não sei como é que comecei a colaborar com o Bizarro. Foi tudo à velocidade “detonadora” do João Machado. Em Dezembro de 2002 eu estava a publicar um textinho, e pouco tempo depois já era “editor de artigos”, ou coisa parecida. Na verdade, o João era o editor de editores, imprimindo um profissionalismo impressionante ao fanzine, sempre sob o olhar atento do descomprometido mentor da coisa. O segredo era responder à solicitação do João antes que ele voltasse a ter dúvidas existenciais sobre o design do fanzine. É que o João, sendo um excelente editor de editores, não conseguia editar-se a si próprio.

Foi no meu reinado de colaboração que o Bizarro venceu o Troféu de Melhor Fanzine, atribuído por voto popular numa organização da CentralComics.

[pullquote align=”right”]Sendo um excelente editor de editores, não conseguia editar-se a si próprio.[/pullquote]Recebi o Troféu em 2003, em pleno BD Fórum, e tratei de contactar o descomprometido mentor da coisa, explicando-lhe que a minha ligação com prémios de BD se limitava ao concurso de 1997, e que a Rokhe o que é de Vorne. Utilizei o e-mail, que, a par da Tertúlia BD de Lisboa, era a única forma de comunicação para negócios do Bizarro. Respondeu-me pela mesma via, com aquela escrita típica em que irritantemente falha todos os “à” e há” (se ele, descomprometidamente, ler isto, fica o bom conselho: escreve-se sempre da maneira que pensa que não se escreve). Seja como for, disse-me que podia ficar com o Troféu, porque o merecia.

Ainda lá está, no escritório.

O do concurso da Amadora era dinheiro. Receio que já o gastei.

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2 Comments

  1. Um texto com muito bom humor e alguns trocadilhos bem achados (“A Rohke o que é de Vorne”), e a chamada de atenção para as trocas de acentos em que o dito era especialista (está bastante melhor!).
    Parabéns, Mota.

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